O maior nome do Expressionismo Alemão foi Fritz Lang. Nascido em Viena, em 1890, em pleno apogeu do Império Austro-Húngaro, era filho de um arquiteto. Após estudar, por pouco tempo, arquitetura na Universidade Técnica de Viena, viajou pelo mundo entre 1910 a 1914. Viveu algum tempo em Paris, onde ganhou a vida como pintor.
Com o advento da I Guerra Mundial, dela participou como oficial do exército austro-húngaro, tendo sido gravemente ferido em combate em junho de 1916. Durante sua convalescença, escreveu roteiros para filmes, em particular de suspense e horror. Após a guerra, em 1919, foi para Berlim a fim de trabalhar com o produtor alemão Erich Pommer, então o maior produtor cinematográfico germânico. Parte do roteiro do filme Gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wiene, foi escrito por Fritz Lang.
O Expressionismo Alemão representa um gênero cinematográfico cujo estilo tenta descrever emoções subjetivas e as reações que os objetos e acontecimentos provocam nas pessoas, e não a realidade objetiva. É um estilo duro, arrojado e visualmente intenso. Caracteriza-se por uma fotografia de forte contraste claro-escuro, ângulos de câmera inusitados, por exemplo, tomadas de câmera de baixo para cima ou de cima para baixo, iluminação indireta, cenários distorcidos e deformados seguindo o expressionismo na pintura, temática impactante, chocante, inusitada, cruel, assustadora, em que, muitas vezes, o final é inesperado e nem sempre de acordo com o desejo da plateia.
Seu primeiro filme de sucesso foi Der müde Tod (1921), porém antes, entre 1919 e 1920, já ficara conhecido como diretor com a série intitulada Die Spinnen. Em 1922, realizou o clássico Dr. Mabuse, der Spieler (Dr. Mabuse, o jogador), no qual estuda um gênio criminoso, representado pela figura de um senhor idoso, completamente louco, cujo único objetivo era destruir a cidade e ficar no poder sozinho. Este foi o primeiro de uma trilogia, sempre representando a figura do velho louco, sem noção de limites e princípios.
Em 1924, realizou Die Nibelungen (Os Nibelungos), baseado no romance medieval alemão, redescoberto em 1755 e tornado célebre por Richard Wagner. É o relato de uma vingança que leva à auto-destruição. Em 1926, realizou seu filme mais famoso e considerado por muitos o filme de ficção científica mais importante da história, Metropolis. É baseado no livro de sua esposa Thea von Harbou, que conhecera em 1921, quando da realização do filme Der müde Todt e com quem se casou em 1922.
Em 1931, realizou seu filme alemão mais famoso M (M, o vampiro de Düsseldorf), e seu primeiro filme sonoro. É um clássico imortal do cinema que mostra um assassino de crianças que confessa o seu comportamento criminoso compulsivo. Este personagem tornaria célebre e imortal o ator austríaco Peter Lorre, que o acompanharia em outros filmes e no exílio, nos Estados Unidos. É um dos maiores clássicos do cinema de todos os tempos, refilmado por outros diretores. Sua temática, claramente anti-autoritária e defensora de uma moral e ética públicas, torná-lo-ia, em breve, persona non grata ao regime nazista.
Em 1932, realizou o segundo filme da trilogia citada, Das Testament des Dr. Mabuse (O Testamento do Dr. Mabuse), onde novamente a figura do velho louco reaparece. O personagem encarna tão bem a filosofia nazista que, em 1933, o chefe da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, logo após o partido nacional-socialista ter tomado o poder, proibiu o filme em território alemão. Mesmo tendo sido convidado a supervisionar a indústria cinematográfica alemã e a fazer filmes de propaganda, Lang abandonou a Alemanha nesse mesmo dia. Viveu em Paris, onde realizou um filme com Charles Boyer. Logo após, deixou a Europa e se estabeleceu nos Estados Unidos, onde, em 1935, recebeu a cidadania deste país. Nesse intervalo de tempo, sua mulher pediu o divórcio e aderiu ao Nazismo.
Em 1936, realizou seu primeiro filme norte-americano, Fury, que faz o estudo de uma multidão que comete um linchamento. Muitos o consideram seu melhor filme da fase americana. Em 1941, com o surgimento do cinema noir, Fritz Lang se destacou como um de seus mais prolíficos e geniais diretores. São inesquecíveis e imortais suas obras noir: Man Hunt (1941), Ministry of Fear e The Woman in the Window (1944), Scarlet Street (1945), Secret Beyond the Door (1948), House by the River (1950), Clash by Night (1952), The Blue Gardenia e The Big Heat (1953), Human Desire (1954), While the City Sleeps e Beyond a Reasonable Doubt (1955), consideradas verdadeiras obras-primas do cinema.
Em 1956, cansado de produtores que tentavam impor suas idéias e métodos, com as quais se rebelava, deixou os Estados Unidos e voltou para a Alemanha. Em 1959, realizou dois filmes alemães na Índia.
Em 1960, realizou seu último filme Die Tausend Augen des Dr. Mabuse (Os Mil Olhos do Dr. Mabuse), completando a sua trilogia expressionista, retomando a estória do velho louco que planeja destruir a cidade, seu país e o mundo.
Em 1964, quase cego, presidiu o Festival de Cannes, na França.
Fritz Lang morreu, em 1976, em Los Angeles, Califórnia, e foi sepultado no Forrest Lawn-Hollywood Hills Cemetery. Seu legado é uma das filmografias mais importantes da história.
Oi Antonio: seu blog me foi indicado pela minha irmã psiquiatra , que participou de uma reunião clinica coordenada por voce. Entrei no seu blog e gostei. Sou homeopata e tenho muitas interfaces no meu trabalho com neurociencias, literatura e artes em geral.
ResponderExcluirConvido-o para conhecer meu site www.clinicaveredas.com e contactar comigo atraves dele que envia mgs diretamente para meu e mail : isabeloh@gmail.com
Queria convidá-lo também para participar de um grupo que trabalha com literatura, chamado Oficina de Literatura. Acho que gostaria muito de participar dele.
Um poema produzido lá por mim:
Saudade
Há vazios nos cantos das palavras,
como há sentidos ocultos em minha alma.
São como fantasmas, surgem do nada,
em meu corpo descansam, aguardam calma.
diga-me saudade,
porque esta dureza tem me levado
a esvaziar de ausências a verdade?
Tenho querença de arvore, paisagem,
tenho folhas de outono caindo sonhos e quimeras.
não vejo seivas em caules, transparentes imagens
como ausência de ti do corpo, que não revelas.
diga-me saudade,
que fazer dos galhos secos quando quebram
meu silencio tão cheio de esperas?
Transpareço flor em tua alma contida
só tem vontades, a falta da presença que me deves
carregue-me ao menos em tua palavra medida
onde possa esperar que teu coração me entregues
diga-me desejo,
por que a falta que sinto tem mais verdade
que a matéria neste fantasma da saudade?
Tenho ignorância de bicho, de pássaro e floresta
Ao saber de seus vôos, saudade me consome
tenho em mim a ausência que me resta
do intenso da vida, liberdade em minha fome.
diga-me, saudade
que pássaro pode fazer o vôo que me alcance
uma pena de ave que esperance?