O Transtorno
Obsessivo-Compulsivo (TOC) pode ser definido como uma doença que apresenta
sinais e sintomas de obsessões e/ou compulsões. As obsessões são pensamentos,
impulsos ou imagens mentais recorrentes, invasivos e desagradáveis,
reconhecidos como próprios pelo indivíduo (não são estranhos à sua pessoa nem
provocados por alguma força superior) que causam ansiedade ou mal-estar
relevantes, tomam tempo e interferem negativamente em suas atividade e/ou
relacionamentos. As compulsões são comportamentos ou atos mentais repetitivos,
que o indivíduo é levado a executar voluntariamente em resposta a uma obsessão
ou de acordo com regras rígidas, para neutralizar/reduzir a ansiedade e o desconforto,
ou prevenir (de forma excessiva e não realística) algum evento temido. Enquanto
as obsessões geram desconforto emocional ou ansiedade, os rituais compulsivos
tendem a aliviá-los, não sendo em si mesmo prazerosos. Essa função de
neutralização ou atenuação imediata da ansiedade mantém as compulsões num ciclo
de difícil rompimento em que, paradoxalmente, para sentir-se melhor o indivíduo
se sacrifica.
O TOC não é
uma doença nova. As primeiras descrições da mesma remontam á Antiguidade.
Entretanto, somente há umas três ou quatro décadas é que a conhecemos mais
aprofundadamente. Mas foi somente no final da década de 1990 é que as novas
classificações internacionais deram-lhe um destaque maior e ampliaram o leque
de transtornos englobados agora dentro do nome Transtornos do Espectro
Obsessivo-Compulsivo (TEOC). Na verdade, esta é uma doença heterogênea, que
pode acometer alguém na sua forma clássica isolada ou com poucas doenças
paralelas (comorbidades), mas pode também vir associada a outras patologias como
a Síndrome de Tourette, o Transtorno Dismórfico Corporal, a hipocondria, os
tiques, e os quadros definidos de compulsões, como a compulsão para o jogo,
para a ingestão de álcool ou drogas, para compras, para sexo, etc. Mais
freqüentemente, o TOC vem associado a transtornos ansiosos como Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno do Pânico e Fobia Social. O TOC também
pode vir associado a comportamentos do tipo grooming (movimentos
repetitivos): tricotilomania (arrancar cabelos deixando falhas
localizadas – alopécia, ou em extensas áreas do couro cabeludo), dermatotilexomania
(escarificação da pele pelo coçar excessivo ou pela utilização de algum objeto
que pode lesar a pele) e onicofagia (roer as unhas).
O TOC também
não é uma doença rara e de prognóstico ruim, como era considerado até há pouco
mais de 20 anos. Nos EUA, ele é visto como o quarto transtorno psiquiátrico
mais freqüente, após as fobias, o abuso de substâncias psicoativas e as
depressões maiores, tendo uma prevalência ao longo da vida de aproximadamente
entre 1,5% a 2,5% da população em geral.
Histórico
Há uma série
de comportamentos repetitivos observados nos animais que têm alguma semelhança
com o TOC. Tais comportamentos representam um padrão fixo de ação e receberam o
nome de grooming, palavra inglesa
que não tem tradução para o português mas que significa um comportamento
estereotipado, próprio de cada espécie: lamber os pêlos, alisá-los, molhar o
corpo com saliva, levantar as penas em aves com o bico. Têm a finalidade de
limpeza, manutenção da temperatura (evaporação da saliva), e também para o estabelecimento
de regras hierárquicas dentro de um grupo (os animais colocados em um nível
mais abaixo dentro da hierarquia do grupo lambem os que ficam em um nível
acima). Ao contrário do que se pensa, nem sempre o diagnóstico do TOC é fácil.
Enquanto sintomas típicos como obsessões de contaminação e rituais de limpeza,
verificação ou contagem, que são dos mais comuns, costumam ser prontamente
identificados, sintomas como obsessões agressivas e somáticas, lentidão
obsessiva e rituais de colecionamento, entre outros, são menos conhecidos.
É difícil
estabelecer o limite entre o que é o colecionamento normal ou “mania” do
verdadeiro ritual compulsivo da doença. A preocupação com a ordem e os números
vem desde Pitágoras. Para ele, o cosmos (o belo) opõe-se ao “caos”, como a
forma ao amorfo, como o limite a desordem. Para os pitagóricos, prevalece a
equação: simetria = número = estética. A mitologia grega nos revela numerosos
exemplos da atividade obsessiva, sempre repetitiva e paralisante, apesar de
aderida à contínua atividade. Na Odisséia de Homero (Canto IX), o herói
Ulisses assim relata seu encontro com Sísifo: “Também vi Sísifo extenuando-se e
sofrendo: empurrava uma pedra enorme com as mãos. Ele a arrastava até o cume,
mas quando estava a ponto de, finalmente, atingir o alto do morro, o peso
excessivo o empurrava para baixo. Novamente então a pedra impiedosa rolava para
o vale. Entretanto ele reiniciava o trabalho e empurrava-a, ficando com o corpo
banhado de suor; e ao redor de sua cabeça pairava uma nuvem de poeira”. Quando a idéia obsessiva ou o ritual
compulsivo deixa de trazer algum prazer ao indivíduo, a lhe aumentar a carga de
ansiedade e expectativa, e a prejudicar-lhe em suas tarefas do dia-a-dia, aí
sim é que a ciência médica considera a idéia ou o ritual uma doença.
Desde o início
do Século XIX a doença começou a ser caracterizada pelos médicos. Na França,
Esquirol (1772-1840) considerava a doença uma “monomania volitiva”,
caracterizada por atitudes instintivas e irresistíveis, cuja origem não estaria
nem na razão nem nas emoções e que, mesmo a consciência rejeitando, a vontade
não conseguiria suprimir. Morel (1809-1873) descreveu o quadro como uma doença
das emoções, uma neurose resultante de um estado afetivo exacerbado, não
afetando as faculdades intelectuais. A categoria “delírios emotivos” englobava
idéias fixas, medos imotivados, fobias, disforias, sintomas somáticos e
impulsos”. Em 1903, Pierre Janet
(1859-1947) descreveu 325 caos da “doença obsessiva”. Para ele, as obsessões,
situadas no terreno das “neuroses” e causadas pela redução da tensão
psicológica, constituiriam uma forma simples e rudimentar de atividade mental.
Ele não acreditava que a ansiedade justificasse os problemas de volição,
percepção e atenção dos pacientes, mas que era fenômeno secundário, assim como
outras “agitações forçadas”, como tiques, ruminações, “manias” e fobias. Seu
conceito de psicastenia, envolvendo diferentes níveis de tensão psicológica e
uma hierarquia de fenômenos psicológicos, muito amplo, incluía vários desses
“equivalentes da ansiedade”.
Emil Kraepelin
(1856-1926) também atribuiu a um aumento da susceptibilidade emocional a gênese
das idéias obsessivas, destacando que não só o intelecto não estaria
comprometido, mas que poderia ser “excepcionalmente bom”. Straus, discutindo se
as compulsões constituiriam perturbação do sentimento ou do pensamento, concluiu
que o paciente não experimentaria alteração de uma função psicológica
específica, mas uma “vivência de estar no mundo” alterada. Von Gebsattel também
afirmava ser a “fobia anancástica” apenas um sintoma secundário à perturbação
mais básica do paciente em suas relações com o mundo. Tal perturbação
precederia o fenômeno fóbico, constituindo sua base e entregando-o ao “mundo da
ansiedade”.
As teorias
psicanalíticas estabeleceram para as idéias obsessivas uma função defensiva
contra a ansiedade associada a desejos ou impulsos inaceitáveis. Já para as
teorias comportamentais, a função redutora da ansiedade seria responsável pela
manutenção da ocorrência das compulsões. Para Mowrer a ansiedade é condicionada
a certos estímulos e aliviada por comportamentos compulsivos, que são assim
reforçados a se repetirem, num mecanismo de condicionamento operante. As
obsessões aumentam a ansiedade, ocorrendo automaticamente em resposta a um
estímulo provocador, enquanto as compulsões ocorrem como reação, aliviando a
ansiedade temporariamente, podendo ter caráter preventivo ou restaurativo. Uma
vez que evitam ou reduzem o desconforto são, funcionalmente, comportamentos de
esquiva, que tendem a não se extinguir ou a se fixar tanto mais quanto mais
desagradável for o estímulo. Por limitarem o contato com o estímulo provocador
de ansiedade e com isso impedirem a habituação, os rituais preservariam a
resposta de medo, enquanto a imediata redução da ansiedade após os rituais
produziria um ciclo difícil de ser rompido.
Causas
Uma das
hipóteses sugeridas é o modelo etológico: existem semelhanças entre sintomas
obsessivo-compulsivos (OC) e vários comportamentos animais instintivos adaptativos.
Compulsões de limpeza se assemelham a comportamentos de higiene (grooming)
e rituais de verificação lembram estratégias de preservação da segurança e de
manutenção dos limites territoriais de várias espécies, rituais de
colecionamento parecem comportamentos das aves para confecção de ninhos ou de
roedores para estocagem de alimentos.
As hipóteses
neurobiológicas associam estes transtornos a doenças neurológicas, com
alterações neuropsicológicas, neuroimunológicas, de neuroimagem e da
neuroquímica. Anormalidades estruturais e funcionais nos núcleos da base
(particularmente do caudado e putamen) parecem estar associadas aos sintomas do
TOC, bem como transtornos auto-imunes neuropsiquiátricos relacionados a
infecções estreptocócicas (infecção das amígdalas, na garganta). Observaram-se
evidências de hipersensibilidade dos receptores pré-sinápticos nos neurônios
localizados na via serotonérgica mesoestriatal, que pode ser responsável pela
desinibição do circuito caudato-tálamo-cortical (núcleos da base) e
relacionados aos sintomas OC.
Existem
evidências de maior acometimento precoce dos indivíduos (principalmente na
infância, com predominância de meninos) e por volta dos 17-20 anos de idade,
com predominância de meninas (não se conhecem ainda bem os motivos de tal
diversificação), de envolvimento genético na etiologia (estudos de gêmeos e de
famílias), homogeineidade sintomatológica transcultural e trans-histórica, má
resposta a psicoterapias psicodinâmicas e bons resultados com técnicas cognitivo-comportamentais
e terapêuticas farmacológicas. Nos
idosos os achados são mais raros, geralmente os portadores de TOC envelhecem
com uma tendência de arrefecimento dos sintomas, mas sem que desapareçam por
completo. Os quadros que surgem pela primeira vez na velhice devem imediamente
levantar a suspeita de que alguma patologia orgânica esteja por detrás desta
sintomatologia: demências (em particular a Doença de Alzheimer), doenças
cerebrovasculares (isquemias, AVCs), tumores cerebrais, doenças infecciosas ou
viróticas do encéfalo, AIDS, demais doenças degenerativas, neurocisticercose,
etc.
Transtornos
do Espectro Obsessivo-Compulsivo (TEOC)
Recentemente,
observou-se presença aumentada de TOC, Síndrome de Tourette (ST) e transtorno
de déficit de atenção de hiperatividade (TDAH) em pacientes com coréia de
Sydenham (CS) e em pacientes em fase aguda de febre reumática. A febre
reumática é uma complicação da infecção pelo estreptococo beta-hemolítico do
grupo A. A hipótese mais provável para a etiologia da doença é que uma resposta
humoral e/ou celular a certos elementos antigênicos da bactéria resulte em
reações cruzadas com tecidos cardíacos, articular e neuronal, produzindo as
três formas da doença: cardite reumática, poliartrite e coréia de Sydenham. A
CS ocorre em 10 a 30% das crianças com febre reumática e se caracteriza pela
presença de movimentos rápidos, irregulares e despropositados de face, tronco e
membros, hipotonia muscular, dificuldades da fala e da marcha, labilidade
emocional e outras manifestações psicopatológicas. Todas estas doenças têm em
comum o comprometimento dos gânglios da base no cérebro.
Os transtornos
de tiques são movimentos repentinos e repetitivos que mimetizam um fragmento de
um comportamento normal. Eles tendem a ocorrer em crises ou com pequenos
intervalos entre eles, variando em intensidade. Os tiques normalmente diminuem
durante o sono ou atividades que necessitam de concentração. Ansiedade, cansaço
e excitação estão associados a aumento na gravidade dos tiques. Quando os
tiques são motores e vocais crônicos são chamados de Síndrome de Tourette (ST).
Esta patologia pode atingir até 1% de crianças e jovens entre 6 a 17 anos. Os
pacientes, além dos movimentos descoordenados, repentinos e impulsivos, podem
emitir gritos, chingamentos involuntários e agressões verbais. O sucesso dos
tratamentos farmacológicos de tiques e ST deu um novo alento e esperança para o
prognóstico destes casos. Medicamentos antipsicóticos atípicos (de última
geração), como a risperidona, ziprazidona, olanzapina, quetiapina e
aripiprazol, são alguns dos mais eficazes na melhora destes quadros.
O Transtorno
Dismórfico Corporal (TDC) é um transtorno somatoforme, caracterizado pelo
sentimento subjetivo e difuso de fealdade, ou por um defeito imaginado
específico na aparência, como um nariz grande, por exemplo, apesar de a pessoa
ter uma aparência normal. É forte a crença ou o medo de não ser atraente, ou
mesmo de ser repulsivo. Raramente este medo é aliviado por elogios ou apoio de
parentes ou amigos. Na tentativa de examinar, esconder ou modificar o defeito
específico percebido, a maioria dos pacientes com TDC realiza comportamentos
compulsivos ou repetitivos, como se olhar freqüentemente no espelho, maquiar-se
de forma excessiva ou ir com freqüência a profissionais de saúde, sobretudo
dermatologistas, cirurgiões plásticos ou odontologistas. Também solicitam de
forma compulsiva, a opinião de familiares e amigos sobre sua aparência. Mesmo
que o defeito seja discreto na aparência, a preocupação é desproporcional ao
grau do defeito. É um transtorno grave e traz prejuízo funcional em vários
aspectos da vida do indivíduo, principalmente devido aos rituais para
camuflagem do defeito, recusa em ir à escola ou ao trabalho ou evitação de
situações sociais e relacionamentos. Estes transtornos respondem bem ao
tratamento com antidepressivos como a clomipramina e os inibidores da
recaptação da serotonina (fluoxetina, sertralina, citalopram e paroxetina).
A
tricotilomania é um dos transtornos dos impulsos, caracterizada por episódios recorrentes
de arrancar fios de cabelo, resultando em grande perda. Ocorre tensão crescente
precedendo o ato de arrancar ou durante a tentativa de resistir a este impulso;
gratificação, prazer ou redução da tensão associados ao ato de arrancar os
cabelos; sofrimento significativo ou prejuízo social, ocupacional, ou de outra
área importante do funcionamento causado pela perda de cabelo; determinação de
que o ato de arrancar os cabelos não é resultado de uma condição médica geral
ou outro distúrbio mental. Os tratamentos mais eficazes para esta patologia
incluem a psicofarmacoterapia (antidepressivos do grupo dos inibidores
seletivos de recaptação de serotonina – fluoxetina, sertralina, etc.) e terapia
comportamental.
Os transtornos
dos impulsos englobam, entre outros, as compulsões para comprar, fazer sexo em
excesso, parafilias (compulsões para certas perversões sexuais, como
pedofilia), jogo patológico, ingerir compulsivamente bebidas alcoólicas ou
drogas potentes, cleptomania (furtar objetos sem que haja a menor necessidade
dos mesmos), piromania (atear fogo a móveis, residências, etc.), transtorno
explosivo intermitente, onicofagia (roer unhas). Nestes transtornos não há
cognições antecedendo as ações repetitivas, como é habitual no TOC, mas apenas
uma sensação de premência incontrolável. O indivíduo experimentaria mais prazer
(e não apenas alívio de tensão) durante a execução, mesmo em geral ocorrendo
vergonha e arrependimento posteriores.
Os transtornos alimentares também partilham de certas semelhanças clínicas com o TOC. Enquanto a bulimia nervosa pode ser considerada um transtorno de controle do impulso alimentar, a anorexia nervosa assemelha-se a um transtorno dismórfico com grave distorção da imagem corporal, mas relacionada ao peso e vários comportamentos ritualísticos, porém com maior prejuízo da crítica.
Estas são cenas da peça de teatro Toc Toc, escrita pelo francês Laurent Baffie, que aborda de forma divertida um grupo de pacientes portadores do TOC, na sala de espera de seu psiquiatra. Com a demora do médico em atendê-las, a solução encontrada foi fazer uma terapia em grupo, realizada ali mesmo, na sala de espera, cada um falando de seu problema. O convívio leva a crises e brigas, extremamente divertidas (apesar de ser um assunto extremamente sério).
A peça tem produção de LG Tubaldini Jr, da Filmland Internacional, direção de
Alexandre Reinecke e elenco formado por Andréa Mattar, Ariel Moshe, Carolina
Parra, Didio Perini, Gustavo Vaz, Maria Helena Chira e Sandra Pêra. Esta peça esteve em cartaz no Teatro Anhembi Morumbi, de São Paulo, no início de 2012.
Tratamentos
Farmacológicos
O tratamento
medicamentoso constitui-se em elemento fundamental para o combate efetivo ao
TOC. O tratamento psicofarmacológico se baseia no uso de antidepressivos serotoninérgicos,
sejam eles tricíclicos (clomipramina) ou inibidores seletivos da recaptação da
serotonina – ISRS - (fluoxetina, fluvoxamina, sertralina, paroxetina,
citalopram). A resposta terapêutica independe da presença ou não de uma
depressão associada. O uso destes medicamentos não é incompatível com uma
abordagem psicoterápica, pelo contrário, a associação de ambos pode facilitar
uma recuperação mais rápida do paciente. Os tranqüilizantes benzodiazepínicos
(diazepam, clonazepam, alprazolam, bromazepam, etc.) não têm papel central no
tratamento e podem mesmo atrapalhar o processo de descondicionamento nas
técnicas comportamentais e causar dependência, principalmente em pacientes com
história de abuso de substâncias. Seu uso dese se restringir a casos ou situações
excepcionais e apenas como coadjuvantes.
As doses de
antidepressivos são muito variáveis, mas costumam ser mais altas do que as
utilizadas no tratamento da depressão e o tempo de início de ação terapêutica
dos mesmos pode chegar até a 12 semanas. Como muitos deles têm custo elevado,
já podem ser encontrados em sua grande maioria na formulação genérica, com
custo mais baixo. Pacientes que não respondem a um tipo de ISRS podem responder
a outros.
Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC)
A TCC é indicada
em casos leves a moderados e hoje é considerada a primeira indicação no seu
tratamento. A abordagem comportamental é mais indicada em quadros compulsivos
com rituais e entre suas técnicas encontra-se: 1- a exposição prolongada e
repetida aos estímulos ansiogênicos, com prevenção das respostas ritualizadas;
2- exposição ao objeto temido (in vivo ou por imaginação) que leva à
habituação, isto é, à redução gradual até a extinção das reações de desconforto
emocional frente a situações específicas, sem necessidade de recorrer às
compulsões para esse fim; 3- prevenção de respostas que impede a realização dos
rituais. O paciente é estimulado a fazer o oposto do que costuma como pensar
aquilo que evita, e evitar o que sempre faz para se sentir melhor. Tudo isso
tem por objetivo fazer com que o sofrimento gerado por essa confrontação aos
poucos se amenize, até ser eliminado.
Do ponto de
vista cognitivo, como os obsessivos cometem erros de inferência e avaliação da
probabilidade de perigo, trabalha-se com o objetivo de substituir os
pensamentos negativos disfuncionais automáticos, considerados importantes na
ocorrência e manutenção das compulsões, por pensamentos mais realísticos e
adequados à diferentes situações. Os aspectos cognitivos mais importantes no
TOC são: estimativa de riscos, responsabilidade, perfeccionismo,
hipervalorização do papel dos pensamentos e da necessidade de controle sobre
eles, e intolerância à incerteza. As técnicas cognitivas são muito importantes
nos casos de pacientes que não aderem ou não respondem a abordagens
comportamentais exclusivas, que só apresentam obsessões, que têm maior prejuízo
da crítica ou sintomas depressivos graves associados. Elas focalizarão nos
pensamentos automáticos, nas crenças disfuncionais, nas antecipações catastróficas
e nas tentativas de neutralização das obsessões.
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