DEMÊNCIAS – INTRODUÇÃO
Conceito CID-10
A demência é uma síndrome decorrente
de uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual
há perturbação de múltiplas funções corticais superiores, incluindo memória,
pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem,
linguagem e julgamento. Não há obnubilação de consciência. Os comprometimentos
de função cognitiva são comumente acompanhados, e ocasionalmente precedidos,
por deterioração no controle emocional, comportamento social ou motivação. Esta
síndrome ocorre na Doença de Alzheimer, na doença cerebrovascular e em outras
condições que, primária ou secundariamente, afetam o cérebro.
Alterações neuropsiquiátricas na demência
• Alucinações
• Delírios
• Ansiedade
• Agressão
• Comportamento excessivamente desinibido ou passivo
• Ciclo vigília-sono alterado
• Alterações no comportamento sexual
• Alterações alimentares
Demência - Outras alterações
• Atividades de vida diária (AVD) universalmente comprometidas:
• Pentear
• Vestir
• Comer
• Asseio pessoal
• Arrumação da casa
• Cuidados com os negócios pessoais
Demências - Generalidades
• É um problema médico e social de grande porte e em crescimento.
• Ocorre em todas as idades, mas aumenta nas pessoas mais velhas.
• Taxa mais elevada na população acima de 75 anos.
• Interfere com a dignidade e independência da pessoa, causando sofrimento para si, para os familiares, amigos e cuidadores.
• Gasto anual com pessoas demenciadas acima de 65 anos nos EUA é da ordem de US$ 40 bilhões.
• O diagnóstico precoce é fundamental, apesar da acurácia dos diagnósticos ainda ser limitada. O diagnóstico causal é de importância para um prognóstico melhor.
• Tentativas terapêuticas em uso e estudos epidemiológicos de prevalência e incidência são limitados pelos critérios diagnósticos disponíveis.
• Algumas demências são reversíveis.
• Diagnóstico diferencial entre demência e envelhecimento normal é importantíssimo, apesar de muitas vezes ser muito difícil.
• Exames seriados do paciente ao longo do tempo são o melhor meio de se obter melhores informações.
• Testes neuropsicológicos têm sido desenvolvidos, bem como tentativas de seu aprimoramento, para que a demência possa ser melhor identificada.
• Métodos de imagem, marcadores bioquímicos e estudos anatomopatológicos avançaram muito nos últimos anos, mas sua maior perspectiva é para um futuro não muito distante.
• Atualmente, o diagnóstico definitivo de muitas demências só pode ser confirmado ou afastado na necrópsia (diagnóstico anatomopatológico).
• Os estudos anatomopatológicos têm
fornecido novos conhecimentos que, no futuro, poderão levar ao diagnóstico
efetivo de doenças que atualmente não são diagnósticáveis enquanto o paciente
está vivo.
Demências - Classificações
• Demências primárias e secundárias
• Demências corticais e subcorticais
•
Demências
degenerativas e nãodegenerativas
Demências Subcorticais
• Termo usado pela primeira vez em 1932 por Von Stockert para descrever deterioração intelectual em parkinsonismo pós-encefalítico.
• Em 1974 Albert e col., em revisão de literatura, consagraram o termo ao descrever casos de PSP.
• Até hoje existem controvérsias sobre sua validade.
• Coexistência de sinais e sintomas nas formas corticais e subcorticais.
•
Engloba
um largo espectro de transtornos vinculados a
patologias primárias de estruturas subcorticais:
• núcleos da base
• tronco cerebral
• tálamo
•
substância branca central
•
Patologias
mais importantes:
• Doença de Parkinson
• Doença de Huntington
• Paralisia supranuclear progressiva (PSP)
•
Atrofia olivo-ponto-cerebelar
• Grupos de demência subcortical apresentam envolvimento cortical no córtex frontal e até no córtex temporal medial;
• Apresentam perda significante de neurônios colinérgicos ascendentes, geralmente observadas na DA (também mostra como a DA não é exclusivamente uma demência “cortical”;
• Trantornos com lesões predominante/ subcortical, como a Síndrome de Korsakoff, podem mostrar amnésia anterógrada proeminente, mais parecida com a DA;
•
Superposição anatômica e funcional entre as chamadas demências cortical
e subcortical.
•
Síndrome
clínica caracterizada por:
• bradifrenia (lentificação do pensamento)
• alteração de memória
• perda da habilidade em manipular conhecimento previamente adquirido
•
alterações de humor e personalidade (apatia, depressão e irritabilidade)
Características
das demências corticais e subcorticais
|
|
Cortical
|
Subcortical
|
• Afasia
• Apraxia
• Agnosia
• Amnésia
• Acalculia
|
•
Lentificação
psicomotora
•
Apatia
•
Dimuição
da iniciativa
•
Diminuição
da
espontaneidade
•
Maior
frequência de depressão
|
Demências degenerativas
• Doença de Alzheimer (DA)
• Demência fronto-temporal (DFT)
•
Demência
por Corpos de Lewy (DCL)
Demências não-degenerativas
• Demência vascular
• Hidrocefalia de pressão normal
•
Síndrome
demencial da depressão e outros transtornos psiquiátricos
•
Doenças
infecciosas
• Neurossífilis e outras doenças por espiroquetas (ex. Doença de Lyme)
• AIDs
• Outras encefalites viróticas e por príon (ex. Doença de Creutzfeld-Jakob)
•
Infecções por fungos e bactérias
•
Condições
neoplásicas
• Tumores cerebrais primários e metastáticos
• Carcinomatose meníngea
• Demência paraneoplásica
•
Encefalopatias
metabólicas e tóxicas
• Distúrbios sistêmicos
- Falhas cardiopulmonares
- Encefalopatia hepática crônica
- Encefalopatia urêmica crônica
- Anemia
- Endocrinopatia
- Condições inflamatórias
- Porfiria
- Distúrbios eletrolíticos crônicos
•
Deficiência nutricional (Vit. B12, folatos, e niacina)
• Distúrbios tóxicos
- Intoxicação medicamentosa
- Demência alcoólica
- Abuso de polisubstâncias
- Intoxicação por metais pesados
•
Demência pós-traumática
Doença de Alzheimer - Introdução
Conceito - CID 10
A
DA é uma doença cerebral degenerativa primária de etiologia desconhecida, com
aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos. Instala-se
usualmente de modo insidioso e desenvolve-se lenta, mas continuamente por um
período de anos; este pode ser tão curto como 2 ou 3 anos, mas ocasionalmente
pode ser consideravelmente mais prolongado. O início pode ser na meia-idade ou
até mais cedo (DA de início pré-senil), mas a incidência é maior na idade
avançada (doença de início senil). Em casos com início antes da idade dos 65-70
anos, existe a probabilidade de uma história familiar de uma demência
semelhante, um curso mais rápido e predominância de aspectos de dano do lobo
temporal e parietal, incluindo disfasia ou dispraxia. Em casos com início mais
tardio, o curso tende a ser mais lento e caracterizado por um comprometimento
mais geral de funções corticais superiores. Pacientes com síndrome de Down têm
um grande risco de desenvolver DA.
Critérios diagnósticos do DSM-IV para demência do tipo
Alzheimer
A-
Desenvolvimento de déficits cognitivos múltiplos manifestado por ambos:
(1) comprometimento de memória (habilidade
comprometida para aprender nova informação e para se lembrar previamente
de informação aprendida);
(2) um (ou mais) dos seguintes distúrbios cognitivos:
(a)
afasia (distúrbio da linguagem),
(b)
apraxia (habilidade comprometida para realizar atividades motoras apesar da função motora intacta),
(c)
agnosia (falha no reconhecimento ou identificação de objetos apesar da
função sensorial intacta),
(d)
distúrbios no funcionamento executivo (isto é, planejamento, organização, sequenciação, abstração).
B-
Os déficits cognitivos nos critérios A1 e A2 causam significativo comprometimento
no funcionamento social ou ocupacional e representam um declínio significativo
de um nível prévio de funcionamento.
C-
O curso é caracterizado por início gradual e declínio cognitivo progressivo.
D-
Os déficits cognitivos nos critérios A1 e A2 não são devidos a nenhum dos seguintes fatores:
(1) outras condições do sistema nervoso
central que causem déficits progressivos na memória e cognição (ex.: doença cerebrovascular, doença
de Parkinson, doença de Huntington, hematoma subdural, hidrocefalia de pressão
normal, tumor cerebral);
(2) condições sistêmicas que são causas
conhecidas de demência (ex.: hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12
ou ácido fólico, deficiência de niacina,
hipercalcemia, neurossífilis, infecção por
HIV);
(3) condições induzidas por substâncias.
E-
Os déficits não ocorrem exclusivamente durante o curso de um delirium.
F-
O distúrbio não é melhor classificado em outro distúrbio do Eixo I (ex.:
distúrbio depressivo maior,
esquizofrenia).
Doença de Alzheimer - Critérios Diagnósticos do NINCDS-ADRDA
(National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke - Alzheimer’s Disease and Related Disorders Association
A- Critérios Clínicos
1-Demência
diagnosticada clinicamente e baseada no Mini-Mental-State de Folstein, na escala de Blessed ou outros
exames idênticos e confirmada por testes neuropsicológicos.
2-
Déficit em pelo menos 2 funções cognitivas.
3-Alteração
progressiva da memória e de outras funções cognitivas.
B- O Diagnóstico de Doença de
Alzheimer se apóia em:
4- Exames de laboratório:
l punção lombar
normal,
l EEG normal ou
variações específicas como aumento das ondas lentas,
l atrofia
cerebral progressiva confirmada por tomografias cerebrais sucessivas.
C- Outras Características Clínicas:
1-
Platô na evolução da doença,
2-Sintomas
associados: depressão, insônia, incontinência, alucinações, manifestações
verbais, emocionais e físicas bruscas, desordens sexuais,
perda de peso.
3-Distúrbios
neurológicos sobretudo nos estágios mais avançados da doença com sinais
motores, hipertonia, mioclonias, distúrbios da marcha.
4-
Comas brutais nos estágios avançados da doença.
5-
Tomografia cerebral normal para a idade.
D- Características Aleatórias:
1-
Sobrevinda brusca,
2-
Aparecimento de sinais neurológicos focais como hemiparesia, déficit sensitivo, diminuição do campo visual, distúrbios da coordenação que aparecem precocemente no curso da doença.
3-
Distúrbio da marcha na fase inicial da doença.
A-
Pode ser feito na base de uma demência com
ausência de outras etiologias conhecidas
(doença neurológica, psiquiátrica ou geral) e na presença de formas
atípicas quanto ao início, quadro clínico ou evolução.
B-
Pode ser feito na presença de uma doença geral ou cerebral suficiente para ser causa de demência mas que não se
considera ser “a” causa dessa demência.
C-
O diagnóstico deve ser utilizado no curso de estudos diante de um déficit
cognitivo isolado severo e gradualmente progressivo na ausência de outra causa identificável.
Demência com corpos de Lewy (DCL)
•Kosaka e col. (1980) introduziram o conceito de
espectro de distúrbios de corpos de Lewy, caracterizado pela presença de corpos
de Lewy não somente nos neurônios do tronco cerebral mas também por todo o
córtex cerebral.
Espectro
de distúrbios com corpos de Lewy (1) (Lennox e Lowe, 1997)
•Variante cortical com corpos de Lewy caracterizada por
corpos de Lewy no tronco cerebral e córtex, na ausência de placas senis ou
neurofibrilas (mais ligado ao que parece ser o que foi chamado de doença com
corpos de Lewy “pura”).
•Variantes da doença com corpos de Lewy com placas e
neurofibrilas (parecendo DCL cortical com DA), ou somente com placas. (Tröster, AI; Fields, JÁ e Koller, WC, 2000)
•Variante da doença com corpos de Lewy no tronco
cerebral (na qual são vistos muito poucos corpos de Lewy corticais),
correspondendo muito próximo ao correlato clínico da Doença de Parkinson.
Consenso
de critérios para o diagnóstico clínico da DCL provável e possível (McKeith e
col., 1996)
Critérios
Diagnósticos
1-
O achado central necessário para o diagnóstico de DCL é declínio cognitivo
progressivo de magnitude suficiente para interferir com as funções normais
sociais ou ocupacionais. Comprometimento
de memória proeminente ou persistente não necessariamente pode ocorrer nos
estágios iniciais, mas é usualmente evidente com a progressão. Déficits nos testes de atenção e de
habilidades fronto-subcorticais e habilidade visuoespacial podem ser
especialmente proeminentes.
2-
Dois dos seguintes achados são essenciais para o diagnóstico de DCL provável, e
um é essencial para DCL possível:
a- Cognição flutuante com variações
pronunciadas na atenção e alerta.
b- Alucinações visuais recorrentes
tipicamente bem formadas e detalhadas.
C- Achados motores espontâneos de
parkinsonismo.
3-
Achados suportivos para o diagnóstico são:
a- Quedas repetidas
b- Síncope
c- Perda de consciência temporária
d- Sensibilidade neuroléptica
e- Delírios sistematizados
f- Alucinações não visuais
4-
Diagnóstico de DCL é menos provável na presença de:
a- AVC, evidente seja pelos sinais
neurológicos focais ou neuroimagem.
b- Evidência no exame físico e investigação
de qualquer doença física ou outra doença cerebral suficiente para desenhar o
quadro clínico.
Achados
patológicos associados mas não essenciais:
a- Neuritos Lewy-relacionados
b- Placas senis (de todos os tipos
morfológicos)
c- Emaranhados neurofibrilares
d- Perda neuronal regional, especialmente
no tronco cerebral (substância negra e locus ceruleus) e núcleo basal de
Meynert
e- Microvacuolização (mudança
espongiforme) e perda sináptica
f- Anormalidades neuroquímicas e déficits
de neurotransmissores
Critérios do DSM-IV para demência
decorrente de Doença de Parkinson
A-
Desenvolvimento de déficits cognitivos múltiplos manifestado pelos dois seguintes ítens:
1- Comprometimento de memória (habilidade comprometida
para aprender novas informações ou se lembrar de informações previamente
aprendidas).
2- Um (ou mais) dos seguintes distúrbios
cognitivos:
a- Afasia
b- Apraxia
c- Agnosia
d- Distúrbios nas funções executivas.
B-
Déficits cognitivos nos critérios A1 e A2 ambos causam comprometimento significativo no
funcionamento social ou ocupacional e representam declínio significativo de um
nível prévio de funcionamento.
C-
Evidência pela história, exame físico ou achados laboratoriais de que o
distúrbio é a consequência da Doença de Parkinson.
D-
Os déficits não ocorrem exclusivamente durante o curso de um delirium.
Demência com corpos de Lewy (DCL)
· Quadro clínico
da DCL semelhante ao da DA, mas com
menos comprometimentos
graves de memória na fase inicial e com
mais evidências de disfunção executiva.
Podem haver períodos de perda de
consciência ou síncope.
· Alucinações
típicas: silenciosas, imagens bem formadas de pessoas, objetos ou animais, que
o paciente considera como reais.
· Parkinsonismo
é leve e revela rigidez, bradicinesia e poucos tremores.
· Achados auxiliares: ideação delirante, alucinações de outras
modalidades sensoriais,
hiperssensibidade ao uso de neurolépticos, quedas, síncope e perda de consciência
temporária.
· Curso de
aproximadamente 6-8 anos, mais curto que a da DA. A morte pode ser protelada pelo uso de
neurolépticos.
· Achados
neuropatológicos na DCL:
· extensas áreas
de placas senis como na DA;
· poucas
neurofibrilas;
· extensas
formações de Corpos de Lewy,
· notadamente em
áreas paralímbicas corticais
(gíro do cíngulo anterior, córtex
insular, regiões temporais mediais), neocórtex, áreas do tronco cerebral
(substância negra).
Neuropatologia
na demência com corpos de Lewy
· As lesões são
menos extensas do que as encontradas na Doença de Parkinson.
· Acentuado
déficit colinérgico no córtex principalmente nos pacientes com
alucinações visuais.
· Redução
modesta de dopamina no striatum, devido a redução de células na
substância negra.
· Tratamento similar
ao da DA. Inibidores da colinesterase
podem melhorar o déficit
cognitivo, melhora da resposta
comportamental.
· Deve-se evitar
os neurolépticos convencionais e optar-se pelos novos atípicos (clozapina,
risperidona, olanzapina, quetiapina,
ziprazidone).
· Depressão, que
é muito comum na DCL, deve ser tratada com os ISRS.
Perfil neuropsicológico da DCL
•Declínio cognitivo insidioso e progressivo.
•Flutuações acentuadas na atenção e despertar.
•Alucinações visuais recorrentes detalhadas e bem
elaboradas.
•Achados motores consistentes com parkinsonismo.
•Acentuada sensibilidade aos neurolépticos.
Demência Fronto-Temporal (DFT)
• Grupos de
pesquisa Lund e Manchester sugeriram o termo DFT e as diretrizes para o
diagnóstico (1994).
• Classificação
ainda controvertida devido à falta de conhecimentos atuais sobre o tema.
• Achados
clínico-patologógicos são diferentes dos
da Doença de Pick clássica
• Termos usados para descrever diferentes
síndromes com patologia similar:
•
gliose subcortical progressiva
•
demência tipo do lobo frontal
•
demência do lobo frontal do tipo não Alzheimer
•
demência sem achados histológicos específicos
•
afasia progressiva primária
•
demência semântica
•
variante do lobo temporal da DFT
A degeneração córtico-basal é um subtipo da
DFT devido a sobreposição destas duas condições.
Epidemiologia:
•Difícil de ser estabelecida pois é frequentemente
confundida com a DA.
•Em estudo sueco (Lund) 13,3% dos pacientes com
demência pré-senil tinham achados patológicos das DFT, incluindo gliose frontal
e do lobo temporal, espongiose e redução neuronal.
•Somente 2,7% tinham a clássica Doença de Pick,
enquanto 10,6% tinham DFT sem corpos de Pick. (Gustafson e col., 1990)
•Em estudo de Manchester 21,9% dos pacientes com
demência pré-senil tinham DFT.
(Neary e col., 1987)
· Idade típica
de início é na 6a. ou 7a. década, com sobrevida de 7 anos.
· 38 e 60% dos
pacientes com DFT têm histórico familiar de demência o que sugere uma herança
dominante. Em um estudo, 50% dos pacientes tinham parente em 1º grau
portador de DFT ou esclerose lateral
amiotrófica.
Base
genética:
•O alelo E-4 vem sendo extensamente estudado; alguns
acham que ele tem expressão importante na doença, outros discordam.
•Alguns autores associam a DFT ao cromossoma 17 em
grandes famílias com “desinibição-demência-Parkinsonismo e amiotrofia”.
•Associação a esta região também foi encontrada em
pacientes com gliose subcortical progressiva, tauopatia múltipla, demência
disfásica hereditária, degeneração pálido-ponto-nigral, degenração da amígdala
bilateral.
•Em algumas famílias com linkagem-17 há mutações gene tau.
Apesar
dos avanços, ainda sabemos pouco sobre as DFT devido a estudos epidemiológicos
de grupos pequenos que não permitem conclusões sobre fatores de risco.
Quadro
Clínico
· Mudanças na personalidade precedem a demência em
alguns anos:
•
isolamento social, apatia (comprometimento do lobo frontal medial),
desinibição comportamental (disfunção
do lobo frontal basal)
•
perda do julgamento e análise crítica;
wMudanças na personalidade precedem a demência em
alguns anos:
•
dificuldades legais, atos antissociais que podem levar à prisão;
• “distúrbios de personalidade
pseudopsicopática e pseudodepressiva”.
(Blumer e Benson 1975)
•
comportamentos peculiares por comprometimento do lobo temporal anterior
Quadro Clínico - Síndrome de Klüver-Bucy
Observada
em macacos após remoção dos lobos temporais anteriores e amígdalas: hiperoralidade, hiperssexualidade,
hipermetamorfose visual, placidez e agnosia sensorial. Perda do comportamento gregário. Em pacientes
pode se observar: hiperoralidade, placidez, comportamento motor compulsivo,
afeto bizarro e remoto, hiperreligiosidade, desenvolvimento de idéias
excêntricas.
- Uma
hipótese para a hiperoralidade, compulsão para a ingestão de carbohidratos e outras
compulsões é a perda de serotonina cerebral na DFT.
- Dois
terços dos pacientes com DFT apresentam hiperoralidade, compulsão para
ingestão de carbohidratos e outras compulsões. (Mascar chicletes ou fumo,
ganho de peso maciço e intensa compulsão para ingestão de doces).
- Rituais compulsivos
de colheita de urina e obsessões ritualísticas relacionadas aos movimentos
intestinais são comuns
- Os
sistemas motores estão inicialmente normais.
- Com o progredir
da DFT, surgem sintomas parkinsonianos incluindo redução dos movimentos
dos olhos, tremores, bradicinesia.
- Alguns
desenvolvem ELA após meses ou anos do surgimento da demência. Em outros, a
ELA antecede a demência. Nas fases
finais, é difícil distinguir DFT de DA.
Achados
laboratoriais
• EEG –
revela lentificação frontal com traçado de base normal, nas fases iniciais.
• TCC e RNM - normais no início.
Atrofia anterio
• SPECT E PET-SCAN – disfunção cerebral em
regiões frontais e temporais, mesmo em
pacientes sem déficits cognitivos.
• Usando
parâmetros clínicos e SPECT, alguns autores encontraram confiabilidade
diagnóstica maior que 90%.
•SPECT: Hipoperfusão frontal, e às vezes
temporal, na fase inicial.
• Em alguns pacientes, os lobos temporais estão mais lesados
que os frontais.
• Ao contrário da DA, áreas temporais posteriores
revelam perfusão normal.
• PET-SCAN – hipometabolismo
fronto-temporal.
Perfil neuropsicológico das DFT
•Déficits no funcionamento executivo (perseveração,
planejamento, estimulação, síntese,
flexibilidade mental)
•Fluência verbal e não verbal comprometidas
•Insight comprometido
•Mudança acentuada de personalidade no início da
doença: apatia e inércia, atenção seletiva comprometida, memória relativamente
preservada
Características neuropatológicas
diagnósticas das DFT
Alterações
microscópicas (1)
•Lesões são vistas na convexidade do lobo frontal,
córtex ortofrontal, terço anterior do córtex temporal e cíngulo anterior
•Giro temporal superior é poupado
•Córtex parietal é pouco afetado em alguns pacientes
•Em sujeitos com comportamento estereotipado evidente
há menos envolvimento neocortical e alterações no striatum, amígdala e
hipocampo
•Ocorrem microvacuolização e gliose astrocítica nas
camadas I-III
•Atrofia/perda neuronal nas camadas II e III e poucos
neuritos distróficos
•Não se observam corpúsculos de Pick, de Lewy ou
neurônios balonados
•Perda leve a moderada de neurônios pigmentados na
substância negra
Demência de Pick
•Localização topográfica semelhante ao tipo do lobo
frontal, mas geralmente mais intensa e circunscrita
•Assimetria e atrofia estriatal são comuns
•Semelhante ao tipo do lobo frontal, mas com
envolvimento intenso de todas as camadas corticais
•Observam-se
corpúsculos de Pick e neurônios balonados que reagem à prata, ubiquitina e tau
•Ocorre envolvimento mais intenso da substância branca
•Podem ser incluídos pacientes com astrocitose intensa
mas sem corpúsculos e/ou neurônios balonados
•Degeneração do neurônio motor espinhal, afetando mais
níveis cervicais e torácicos do que lombares ou sacrais
•Perda celular maior em colunas mediais do que laterais
•Inclusões neuronais em neurônios motores, neurônios da
camadas II no córtex frontal e temporal e neurônios do giro denteado do
hipocampo (positivas para ubiquitina, mas não para prata ou tau)
•Perda celular da substância negra grave em muitos pacientes
(Hooten e col, 1996)
Tipo lobo frontal
•Mudanças precoces na personalidade e desinibição.
•Nos estágios intermediários ocorre perda da memória,
rigidez e disartria.
•Nas fases avançadas ocorre apatia, afasia e amimia.
•Perda neuronal, astrocitose e microvacuolização nas
camadas subcortical e límbica.
Tipo tálamo-estriatal
•Manifestações extrapiramidais precoces e
estereotipadas.
•Disfunção executiva.
•Tardiamente há apatia e desinibição.
•Curso clínico mais demorado, de sete a dez anos.
•Perda neuronal subcortical proeminente e astrocitose,
com envolvimento cortical variável em áreas límbicas e menos intensas no córtex
fronto-temporal.
Tipo neurônio motor
•Início com irritabilidade, função executiva pobre e
distúrbio precoce da memória e da linguagem.
•Com a evolução surgem anartria e miofasciculações,
além de apatia tardia.
•Curso rápido e progressivo em 2 a 4 anos.
•Alterações anatomopatológicas semelhantes ao tipo lobo
frontal, mas com perda neuronal nos neurônios da ponta anterior e do núcleo do
hipoglosso.
Tipo assimétrico
•Afasia anômica não fluente com boa compreensão.
•Comportamento impróprio, conduta social inadequada e
agressividade.
•Curso da doença lento e progressivo (8 anos).
•Atrofia assimétrica comprometendo as regiões do lobo
frontotemporal, região límbica e áreas subcorticais, mais à esquerda que à
direita.
Sub-tipos de DFT - Doença de Pick
•Descrita por Pick em 1892. 20 anos após, Alzheimer descreveu as
inclusões celulares.
•2 –3% de todas as demências degenerativas.
•Não é possível distinguir pacientes com Pick dos
pacientes com DFT sem os corpos de Pick. Sua presença é fundamental para o
diagnóstico.
Achados Clínico-Patológicos
•Nos estágios iniciais os pacientes desenvolvem a
síndrome de Klüver-Bucy. Em DA isso
ocorre nos estágios finais.
•Como em outras DFT, deterioração na personalidade
contrasta com habilidades visuoespaciais preservadas.
•Distúrbios de linguagem são comuns: anomia semântica,
circunlocução, estereotipias verbais com ecolalia.
•A doença pode se apresentar com distúrbios de linguagem
seletivos em vez de demência (mais comum para atrofias focais).
•Testes neuropsicológicos revelam principalmente
disfunções do lobo frontal.
•PET-SCAN revela alterações metabólicas e de perfusão
do lobo frontal e temporal.
•Na autópsia são reveladas atrofias circunscritas ao
lobos frontal e/ou temporal.
•Perda neuronal
•Gliose
•Corpos de Pick (inclusões citoplasmáticas
argentofílicas que preenchem neurônios inflados).
•Envolvimento assimétrico dos lobos fronto-temporais é
visto em 70% dos pacientes; 50% têm mais atrofia esquerda.
•Neuroimagem não pode distinguir pacientes com Pick
daqueles portadores de DFT.
Gliose
Subcortical Progressiva
Doença de Pick - Tipo II (Neuman e Cohn, 1967)
•Características clínicas:
· mudanças de
personalidade (impropriedade social,
julgamento pobre,
perseveração)
·
comprometimento de memória
· dificuldade de
reconhecimento de familiares, parafasias
· comportamento
infantil, delírios paranóides;
· atrofia
muscular
· Incidência
familiar e linkagem com cromossoma 17
· Possível
relação com Esclerose Lateral Amiotrófica
Neuropatologia:
•Gliose intensa na junção do córtex de 6 camadas com a
substância branca
•Atrofia fronto-temporal
•Perda neuronal com astrocitose reativa
•Gliose dos cornos ventrais e substância negra
•Incidência familiar e linkage com cromossoma 17
Atrofias
Lobares Focais
•Descrita por Mesulam, 1982. (Já se conhecia a descrição do compositor
Ravel, feita por Alajouanine, 1948).
•Afasia progressiva primária sem sinais de demência.
•Clínica: início com afasia anômica, surdez pura para
palavras.
•Evolução em anos com distúrbio de linguagem.
•Funções do hemisfério direito e memória mantidas intactas.
•PET-SCAN e SPECT revelam hipoperfusão focal no
hemisfério anterior esquerdo, com o direito se mantendo muitas vezes norm
•Pode ser geneticamente programada e ligação com o
cromossoma 17 foi descrita.
•Alguns poucos casos de atrofia na região
fronto-temporal direita foram descritas, que se caracterizam por:
• mudanças de personalidade (afeto
distante, desinibição comportamental grave, agitação, hiperreligiosidade, julgamento
comprometido)
• conduta social disruptiva
• dificuldade de reconhecer faces e
vozes familiares
• menos dificuldades de linguagem
• mais problemas visuoconstrutivos do
que os pacientes com lesão à esquerda
Neuropatologia:
•Perda neuronal
•Gliose
•Atrofia localizada primariamente na região temporal
esquerda, particularmente nos giros temporais medianos e inferiores
•Mudanças similares na região temporal direita também
foram observadas
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
•Caracterizada por lesões nos neurônios motores
superiores e inferiores e de outras áreas.
•15% dos pacientes desenvolvem sintomas psiquiátricos.
•Mudanças cognitivas sugerem envolvimento frontal
(sistemas de tarefas e memória).
•Foi relatada síndrome de Klüver-Bucy.
•PET-SCAN e SPECT revelam hipometabolismo generalizado,
principalmente no córtex sensorio-motor e putâmen.
Neuropatologia:
•Degeneração neuronal inespecífica e gliose
(particularmente nas camadas corticais
superiores)
•Espongiose do neuropilo (principalmente nas regiões
frontais e temporais mediais)
Demências Fronto-Temporais Secundárias
•Lesões em outras áreas fora do lobo frontal, como os
núcleos da base: doença de Parkinson, doença de Huntington, doença de Wilson.
•Devido às íntimas conexões entre os núcleos da base e
o lobo frontal, lesões da substância negra e neostriatum podem levar a
disfunção frontal.
•Diferenciadas das demais DFT devido à presença de
distúrbios do movimento e por uma demência com atenção e preocupação excessivas
e lentificação mental.
•Distúrbios da substância branca subfrontal podem
desconectar os lobos frontais das áreas subcorticais (doença de Binswanger,
doenças metabólicas herdadas como leucodistrofia metacromática, várias doenças
desmielinizantes como a esclerose múltipla).
•Clinicamente se assemelham às DFT.
•RNM revela extensas lesões da substância branca não
encontradas nas DFT.
•Diagnóstico diferencial pode ser difícil com:
• Alcoolismo,
• Paralisia geral,
• Alguns casos de doença de
Creutzfeldt-Jakob,
• Demência da AIDS,
• Degeneração córtico-basal,
• Complexo
parkinsonismo-ELA-demência,
• Demência de corpos de Lewy.
Avaliação
Neuropsicológica das DFT
•É muito difícil que somente os testes
neuropsicológicos diferenciem DFT da DA.
Manifestações cognitivas - padrão de declínio:
•
Produção de linguagem econômica;
• Com
o progredir da doença surgem estereotipias verbais como “vamos, vamos”.
•
Alguns ficam mudos, outros têm as habilidades cognitivas intactas.
•
Geração de lista de palavras dificultada precocemente (como na DA).
Avaliação Neuropsicológica das DFT
Anomia semântica é comum (ao contrário
da DA), principalmente em casos de lesão do lobo anterotemporal esquerdo. O
paciente não é ajudado por dicas (Ao se falar que um objeto é uma chave ele
responde: “Chave, chave, eu não sei o que
é uma chave”.
(Demência semântica – Hodges et al. 1992; Snowden e col.,
1992).
•Alguns pacientes podem fazer desenhos complexos e
multiplicar números de três dígitos, mesmo quando já estejam mudos e com
comportamento comprometido.
Avaliação
Neuropsicológica das DFT
•Testes neuropsicológicos mostram comprometimento de
habilidades executivas seletivas nos estágios iniciais: perseveração,
fluência verbal e no desenho, atenção pobre e resposta inibitória comprometida.
•Recuperação de palavras, memória, cálculo, habilidades
construtivas com lápis e papel geralmente são poupadas. (Miller et al. 1991)
Tratamento
da DFT
•Não há tratamento que retarde ou interfira na evolução
da doença.
•Intervençã comportamental.
•Profundo déficit serotonérgico pré-sináptico (Spors
& Makerbury, 1991)
•Uso de antidepressivos ISRS pode apresentar alguma
resposta (Warts et al., 1997)
•Quando há muita agitação: antipsicóticos atípicos.
•Terapia anticolinesterásica não é indicada e pode
aumentar a irritabilidade.
(Perry & Miller, 2001)
Demências vasculares
Também
conhecida como demência multiinfarto (DMI),
é produzida por lesão cerebral isquêmica. Início abrupto, deterioração
em estágios, padrão “focal” de déficits
intelectuais, sintomas neurológicos focais (ataques isquêmicos
transitórios), sinais neurológicos
focais, história de hipertensão e evidência de doença cerebrovascular
associada.
Epidemiologia
•É a segunda causa mais comum de demência nos idosos: 8
a 35% do total.
•Mais comum após os 50 anos.
•Atinge mais homens que mulheres.
•Sobrevivência média de 6-8 anos.
•Morte decorrente de doença cardiovascular ou
cerebrovascular (AVC).
Achados
clínicos e neuropsiquiátricos
•Início abrupto, geralmente acompanhando um AVC.
•Deterioração em estágios, ocorrendo sincronicamente
com ataques cerebrais repetidos.
•Em alguns casos a evolução é gradual imitando
demências degenerativas.
Anormalidades
motoras
•Fraqueza
•Espastitidade
•Hiperreflexia
•Respostas plantares extensoras
•Bradicinesia
•Parkinsonismo
•Síndrome pseudobulbar
Síndrome
pseudobulbar
•Disartria
•Disfagia
•Marcha de pequenos passos
•Urgências de micção
•Labilidade emotiva
•Anormalidades da marcha surgem precocemente
•Anormalidades neuropsicológicas de padrão focal, com
preservação de algumas habilidades e comprometimento de leve a grave em outras.
Anormalidades
neuropsiquiátricas
•Mudanças de personalidade (a mais comum).
•Apatia, abulia e falta de espontaneidade dominam o
quadro clínico.
•Distúrbios depressivos maiores em 25 a 50% dos casos.
•60% mostram síndrome depressiva.
•Psicose com ideação delirante em aprox. 50% dos casos.
Critérios diagnósticos para Demência Vascular Provável, Possível ou Definitiva
I- Os critérios para o diagnóstico clínico de Demência
Critérios diagnósticos para Demência Vascular Provável, Possível ou Definitiva
I- Os critérios para o diagnóstico clínico de Demência
Vascular Provável incluem todos os
seguintes ítens:
1-
Demência
Definida
como declínio cognitivo de um elevado nível anterior de funcionamento e
manifestada por comprometimento da memória e de dois ou mais domínios
cognitivos anteriores (orientação, atenção, linguagem, funções visuoespaciais,
funções executivas, controle motor e praxias), preferencialmente documentados
por avaliação neuropsicológica; os
déficits deverão ser severos o suficiente para interferir com as atividades da
vida diária, e não podem ser devidos a efeitos físicos do AVC sozinho.
Critério de exclusão:
Casos
com distúrbio de consciência, delirium, psicose, afasia severa, ou
comprometimento sensório-motor maior antecedendo a avaliação neuropsicológica.
Também excluídos estão distúrbios
sistêmicos ou outros distúrbios cerebrais (ex.: Doença de Alzheimer (DA) que,
por si mesma, podem levar a déficits na memória e cognição).
2- Doença cérebro-vascular (DCV)
Definida
pela presença de sinais focais ao exame neurológico (ex.: hemiparesia, fraqueza
facial inferior, sinal de Babinski,
déficit sensorial, hemianopsia e disartria) consistente com AVC (com ou
sem história de AVC) e evidência relevante de DCV através de neuroimagem (TC ou
RNM), incluindo AVCs múltiplos de vasos maiores ou um único infarto
estrategicamente localizado (giro angular, tálamo, cérebro anterior basal,
territórios da artéria cerebral posterior ou anterior), bem como lacunas
múltiplas dos núcleos da base e subst. branca ou lesões extensas da subst.
branca periventricular ou combinações das mesmas.
3- Uma relação entre os dois distúrbios acima, manifestado ou inferido pela presença de um ou
ambos dos seguintes:
a-
Início da demência dentro de 3 meses após um AVC reconhecido.
b- Deterioração abrupta, progressão dos
déficits cognitivos em forma de degraus.
Demência
Vascular Provável
II-
Achados clínicos consistentes com o diagnóstico de demência vascular provável, incluindo o seguinte:
1- Presença precoce de distúrbios de marcha
(marcha de pequenos passos, magnética, apráxico-atáxica ou parkinsoniana).
2-
História de falta de firmeza e quedas não provocadas frequentes.
3-
Frequência urinária precoce, urgência e outros sintomas urinários não
explicados por doença urológica.
4-
Mudanças de personalidade e de humor, abulia, depressão, incontinência
emocional, outros déficits subcorticais incluindo retardo psicomotor e função
executiva anormal.
III-
Achados que fazem o diagnóstico de demência vascular incerto ou improvável
incluem:
1-
Início precoce do déficit de memória e progressiva piora da mesma e de outras
funções cognitivas como a linguagem (afasia transcortical sensorial), habilidades
motoras (apraxia) e percepção (agnosia), na ausência de lesões focais
correspondentes na imagem do cérebro.
2-
Ausência de sinais neurológicos focais distintos dos distúrbios cognitivos.
3-
Ausência de lesões cerebrovasculares na TC ou RNM.
IV-
Diagnóstico clínico de demência vascular possível:
-
Pode ser feito na presença de demência com sinais neurológicos focais, mas na
ausência de confirmação cerebral por imagens de DCV definitiva; ou na ausência
de clara relação temporal entre demência e AVC; ou em pacientes com início
sutil e curso variável (platô ou melhora
dos déficits cognitivos e evidência de DCV relevante).
V-
Os critérios para o diagnóstico de demência vascular definida são:
1-
Critérios clínicos para demência vascular provável.
2-
Evidência histopatológica de DCV obtida de biópsia ou autópsia.
3-
Ausência de neurofibrilas e placas neuríticas que excedam as que ocorrem com o
envelhecimento.
4-
Ausência de outro transtorno clínico ou orgânico capaz de produzir demência.
VI-
Classificação de demência vascular para propósitos de pesquisa pode ser feito
na base de achados clínicos, radiológicos e neuropatológicos, para
subcategorias ou condições definidas tais como:
1- Demência vascular cortical
2- Demência vascular
sub-cortical
3- Doença de Binswanger
4- Demência talâmica
O
termo DA com DCV deveria ser reservado para classificar pacientes que preencham
critérios clínicos para DA provável e que também apresentem evidência clínica
ou por imagem cerebral de DCV relevante.
Tradicionalmente, estes pacientes têm sido incluídos como demência
vascular em estudos epidemiológicos. O termo demência mista, da mesma
forma, deveria ser evitado.
RNM
na demência vascular
•Efeito
cumulativo de múltiplos e grandes infartos corticais completos.
•Oclusão
das artérias se deve a trombose ateroesclerótica ou embolização cardíaca.
Demência
multiinfarto
•Início abrupto com evolução em degraus.
•Comprometimento de funções intelectuais variável
devido às diversas áreas afetadas.
•Déficits em forma de “colcha de retalhos”.
•Algumas áreas preservadas e outras não.
•Com a evolução da doença, muitas áreas intelectuais
passam a ficar comprometidas.
•Manifestação de sinais e sintomas neurológicos:
•
disartria
•
hemiparesia
•
perda hemissensorial
•
distúrbios do campo visual
•Reflexos patológicos ou assimétricos.
•Agnosia e apraxia são ocasional/ observados.
•Em muitos caso há associação de infartos corticais e
sub-corticais.
•Fronteiras entre os territórios vasculares das maiores artérias cerebrais.
• Parada cardíaca.
• Hipotensão severa
• Perda de volume sanguíneo.
• Território limítrofe entre as artérias cerebrais
média e posterior.
Doença cerebrovascular
Epidemiologia
• Incidência
anual nos EUA de AVC tromboembólico é de
300.000 a 400.000.
• Declínio da
incidência de AVC nos últimos 15 anos devido
a controle da HA.
• AVC é a
terceira causa de mortalidade e morbidade nos EUA.
Trombose
ateroesclerótica
• Hipertensão
• Deposição
ateroesclerótica de material hialino-lipídico nas paredes das artérias
cerebrais, periféricas e coronárias
• Levam a
estenose ou completa oclusão dos vasos
•Um terço de todos os AVC
• Fragmento de trombo saído do coração
• Condução pela artéria carótida
Lacunas
• Respondem por um quinto dos AVCs
• Resultado da oclusão de pequenas artérias penetrantes
• Infartos tão pequenos que podem não apresentar
déficits reconhecidos
• Podem estar associados a déficits puramente motores
ou sensoriais
Hemorragia
intracranial
• Quarta causa mais frequente de AVC
• Associada com HA
• Ruptura de aneurismas saculares ou malformações arteriovenosas
• Outras doenças hemorrágicas de etiologia variada
• Trauma
Hematoma
sub-dural
•Podem levar a dano intraparenquimatoso não permanentes
Síndromes
neurocomportamentais significativas associadas com DCV
Categorizadas pelo Suprimento Arterial
Artéria coroidal anterior
Afasia talâmica/subcortical
Paralisia pseudo-bulbar,
mutismo, abulia, riso inadequado
Síndromes
neurocomportamentais significativas associadas com DCV
Síndrome de desconexão
calosa
Mutismo acinético
Afasia transcortical
motora
Artéria cerebral média
Afasia de todos os tipos
Aprosodia de todos os
tipos
Mudanças de personalidade
Alexia com agrafia
Síndrome de Gerstmann
Apraxias simpáticas e
parietais
Negligência e desatenção
Surdez pura para palavras
Artéria basilar
Síndrome
fechada
Alucinose
peduncular
Amnésia
Artéria cerebral
posterior
Acromatopsia
Prosopagnosia
Alexia pura
Síndrome de Anton
Zona de fronteira (“divisor de
águas”)
Afasias transcorticais
Síndrome de Balint
Síndromes
neurocomportamentais significativas associadas com DCV
Enfarte
arteriolar-capilar
Leucoaraiose
Síndrome de
demência vascular
Distúrbios de atenção
Confusão aguda
Desatenção
Negligência
Negligência motora
Anosognosia
Distúrbios de linguagem
Disartria
Disfluência
Déficit na
compreensão
Repetição
comprometida
Anomia
Distúrbio da
leitura/escrita
Distúrbios de memória
Amnésia transitória
global
Comprometimento de
memória
Procedural
Amnésias
categoria-específicas
Categorizadas por Sintoma ou Sinal
Disfunção visuo-espacial
Disfunção executiva
Distúrbios
emocional/afetivos
Afeto
pseudo-bulbar
Aprosodia
Mania
Depressão
Ansiedade
Alucinações/delírios
Mudanças de personalidade
Síndromes de demência vascular
Demência multiinfarto
Doença de Binswanger
Síndrome do giro angular
Amnésia
Demências por doenças de pequenos vasos
(núcleos da base, tálamo, cápsula interna, substância branca sub-hemisférica)
(núcleos da base, tálamo, cápsula interna, substância branca sub-hemisférica)
I- Demência sub-cortical
II- Estado lacunar (demência multiinfarto)
III-
Encefalopatia Arterioesclerótica Sub-cortical
Doença de Binswanger
Demência
sub-cortical
•Lentificação psicomotora
•Redução de funções cognitivas
•Comprometimento de memória
•Disfunção de sistemas frontais
•Alterações comportamentais
• Depressão
•
Apatia
•Parkinsonismo
•Ataxia
•Incontinência urinária
Estado lacunar
•Pequenas e múltiplas lesões nos núcleos da base,
tálamo e cápsula interna
•Paralisia pseudobulbar
•Anormalidades no olhar
•Lentificação psicomotora
•Distúrbios piramidais e extrapiramidais
•Depressão
•Apatia
•Labilidade emocional
•Demência com disfunções acentuadas dos sistemas
frontais
•História de hipertensão
Doença de Binswanger
Encefalopatia
Arterioesclerótica Subcortical
•Patologia localizada em estruturas sub-corticais
•Agnosia e apraxia ausentes (corticais)
•Hipertensão em 80% ou mais dos casos
•Tríade: demência, distúrbios de marcha, incontinência
urinária
•Confundida com Hidrocefalia de Pressão Normal
•Início mais precoce do que HPN
•Distúrbios de marcha precoces menos frequentes
•Duração mais prolongada da doença
•Sinais de hipertensão e DCV mais proeminentes
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