Abkhazia. Encyclopaedia Britannica. |
Em 1990, quando passei a ministrar os cursos de psicogeriatria em Belo Horizonte, um trabalho pioneiro no Brasil, traduzi este texto, publicado pela antropóloga norte-americana Sula Benet, sobre a vida dos velhos na Abkhasia, uma região montanhosa, encravada na República da Geórgia, então pertencente ao império da União Soviética. Este texto foi escrito pela grande especialista americana após uma de suas inumeráveis viagens àquele país, conhecido pela grande longevidade de sua população. Junto com os Hunzukuts, povo que vive nas montanhas do Tibet, próximo à fronteira entre Paquistão e Índia, e Los Viejos, povo que vive no Vale do Vilcabamba, nas montanhas dos Andes equatorianos, são os Abkhasianos um dos povos mais longevos do mundo. Existem muitas lendas sobre a origem de sua longevidade que têm percorrido o mundo na última metade do século XX e no século atual. Há muito mito e desinformação. Muito desse mito foi cultivado pelo regime vigente na União Soviética, que via, assim, uma forma de propaganda favorável ao seu regime. Pesquisadores e gerontólogos independentes de diversos países desenvolvidos estiveram no Cáucaso para estudar este fascinante povo das montanhas. Muitos mitos se desfizeram e a verdade veio à tona. Este artigo, escrito para o The New York Times, em 1971, portanto, em plena guerra fria, nos dá, entretanto, uma visão muito realista, humana e mais científica do que realmente ocorria e continua a ocorrer. Vale a pena dar uma conferida e ler este fascinante texto desta corajosa antropóloga. Uma lição de gerontologia e, mais, uma lição de vida e harmonia com a natureza. Uma lição para o mundo nos conturbados tempos atuais.
Porque eles vivem
até os 100 anos ou mais em ABKHASIA?
Sula Benet
Reproduzido de: Reflections. A Merck Sharp & Dome Publication for the psychiatrist. Vol. VII. No. 5, 1972, pp. 25-33.
Não
muito tempo atrás, na Vila de Tamish, na república Soviética de ABKHASIA, eu
levantei meu copo de vinho para brindar um homem que não parecia ter mais de 70
anos. "Possa o senhor viver tanto quanto Moisés (120 anos)," eu
falei. Ele não ficou muito satisfeito. Ele tinha 119.
Por
séculos, os Abkhasianos e outros povos Caucasianos têm sido mencionados nas crônicas
dos viajantes, surpresos com sua longevidade e boa saúde. Mesmo agora, ocasionalmente,
jornais fazem reportagens nos Estados Unidos e em outros lugares (Nunca
escondendo completamente certo ceticismo). Falam de Abkhasianos que reivindicam
ter 120, algumas vezes 130 anos. Quando eu voltei de Abkhasia para Nova Iorque,
mostrando fotografias e estatísticas, insistindo que tais estórias são reais,
e também preocupada com o por que, meus amigos americanos invariavelmente
respondiam com outra pergunta zombeteira, que continha sua própria resposta:
" Iogurte?". De fato, não propriamente iogurte, mas os Abkhasianos
bebem uma grande quantidade de creme de leite especial.
Abkhasia
é uma terra dura - Os Abkhasianos, expressam mais orgulho que ressentimento
sobre isto, dizem que é um "repensamento" de Deus - Mas um muito
bonito; se os Abkhasianos estão corretos sobre sua origem mística, Deus teve um
segundo pensamento muito bom. Abkhasia é subtropical, acompanhando em sua costa
o Mar Negro, de relevo alpino se alguém viaja do mar diretamente para trás,
através de populosas terras baixas e vales, para a principal fileira das
montanhas Caucasianas.
Os
Abkhasianos tem estado por lá, há pelo menos 1.000 anos. Por séculos eles foram
boiadeiros numa terra infértil, más agora seus vales e contrafortes estão
plantados com chá e tabaco, e eles retiram sua subsistência largamente da
agricultura. São 100.000 Abkhasianos, o que não é a quinta parte da população
total da autônoma República Abkhasiana, que é, administrativamente, parte da
Geórgia, local de nascimento de Joseph Stalin; o resto da população é composta
de Russos, Gregos e Georgianos. De qualquer modo, a maioria das pessoas do Governo
são Abkhasianas, e ambos, a língua oficial e o estilo de vida através da
Região, são Abkhasianos. A cidade de Sukhumi é a sede do Governo e a porta de
chegada para navios carregados de turistas estrangeiros. Eles são
frequentemente vistos pelas ruas da cidade, cuja população inclui relativamente
poucos Abkhasianos. Mesmo aqueles que moram e trabalham na cidade tendem a considerar
as vilas de suas famílias como realmente as suas casas. Nas vilas, 575 delas
entre as montanhas e o mar, que atinge populações de algumas centenas a alguns
milhares, a maioria dos Abkhasianos vive e trabalha em fazendas coletivas.
A
primeira vez que fui lá foi no verâo de 1.970 atendendo a um convite da
Academia de Ciências da USSR. Os Abkhasianos foram fascinantes; eu voltei no
verão passado e voltarei outra vez no próximo ano. Foi enquanto entrevistava
pessoas que haviam participado dos primeiros esforços na civilização, que eu tomei
consciência de um número não usualmente grande de pessoas, que atingiam a idade
de 80 a 119 anos de idade, e ainda faziam parte da vida coletiva que eles
ajudaram a organizar.
Depois
de passar meses com eles, eu ainda acho impossível julgar a idade dos mais velhos
Abkhasianos. Sua aparência geral não nos dá uma pista: Você sabe que ele é
velho por causa de seus cabelos grisalhos e das linhas de suas faces, mas têm
eles 70 ou 107? Eu tentei adivinhar "70" para todos os velhos que eu
encontrei na Abkhasia, e na maioria das vezes eu estava errada.
É
como se as mudanças fisicas e psicológicas que para nós evidencia processo de
envelhecimento tinham, nos Abkhasianos, simplesmente parado num certo ponto. A
maioria trabalha regularmente. Eles também foram abençoados com uma boa visão,
e a maioria deles conserva os próprios dentes. A postura deles é incomumente
ereta, mesmo em uma idade avançada, muitos andam mais de três quilômetros e
meio por dia e nadam nas nascentes das montanhas. Eles aparentam saúde, e são
pessoas bonitas. Os homens mostram-se fãs de enormes bigodes e são magros mas
não frágeis. Existe um velho ditado que diz que quando o homem se deita de
lado, sua cintura deve ser tão pequena que um cachorro possa passar por baixo
dela. As mulheres têm cabelos escuros e também são esbeltas, de compleição
clara e sorriso tímido.
Não
existe um número preciso para os idosos na Abkhasia, mas na vila de Dzhgerda, a
qual eu visitei no verão passado, existiam 71 homens e 110 mulheres com idade
entre 81 e 90 anos e 19 pessoas com mais de 91 - 15% da população da vila de
1.200 pessoas. E vale notar que esta extraordinária porcentagem não é o
resultado de migração dos jovens: Os Abkhasianos, jovens e velhos, preferem
estar onde estão, e raramente viajam, muito menos migram. Em 1.954, o último
ano em que cifras totais foram conseguidas, 2,58% dos Abkhasianos tinham mais
de 90 anos. Comparando grosseiramente as cifras por toda a União Soviética e os
Estados Unidos foi de 0,1% e 0.4% respectivamente.
Desde
1.932, que a longevidade dos Abkhasianos tem sido sistematicamente estudada em
várias ocasiões por pesquisadores soviéticos e Abkhasianos e eu tive total
acesso ao seus dados através do Instituto de Etnografia em Sukhumi. Estes
estudos têm mostrado, em geral, que sinais de arterioesclerose, quando eles
aparecem, foram encontrados em pessoas extremamente velhas. Um pesquisador que
examinou um grupo de Abkhasianos com mais de 90 anos, achou que aproximadamente
40% de homens e 30% de mulheres tinham visão boa o suficiente para ler e enfiar
uma agulha sem óculos, e mais de 40% tinha uma audição razoavelmente boa.
Nâo
existe nenhum caso de doença mental ou câncer nestes 19 anos de estudo de 123
pessoas com mais de 100 anos.
Neste
estudo que começou em 1.960 pelo Dr. G. M. Sichinava do Instituto de
Gerontologia em Sukhumi, os idosos mostraram extraordinária estabilidade
psicológica e neurológica. A maioria deles tinha uma clara recordação do passado
distante, mas uma recordação não tão boa para eventos mais recentes. Alguns revertem
este padrão, mas um grande número deles tem boa memória tanto para o passado
distante quanto para eventos mais recentes.
Todos
possuiam boa orientação espaço-temporal. Todos mostraram um pensamento lógico
e claro, e a maioria estimava de maneira correta suas capacidades físicas e
mentais. Todos mostraram muito interesse nos negócios de suas famílias, nos
eventos sociais e coletivos de suas comunidades. Todos eram ágeis, bem
arrumados e limpos.
Os
Abkhasianos são raramente hospitalizados, exceto por desinterias e nascimentos.
De acordo com os médicos que observaram seus trabalhos, eles são especialistas
em tratar braços e pernas quebradas. Os séculos de equitação deram a eles as
duas coisas: necessidade e prática.
A
visão dos Abkhasianos do processo de envelhecimento é clara a partir do seu
próprio vocabulário. Eles não têm uma frase para "Pessoa velha"; os
indivíduos acima de 100 anos são chamados de "Longevos". A morte, na
visão dos Abkhasianos, não é o fim lógico da vida, mas algo irracional. Os
idosos parecem perder forças gradualmente, "Murcham" em tamanho e
finalmente morrem; quando isto acontece os Abkhasianos mostram seu pesar
furiosamente, até mesmo violentamente.
Para
o restante do mundo descrença é a resposta à morte, não para os Abkhasianos, que
se preocupam apenas com o quanto eles vivem. Brevemente não vai mais haver
questões a respeito de sua longevidade.
Todos
os pesquisadores médicos tomam bastante cuidado na verificação das informações
que recebem nas entrevistas. Alguns dos homens estudaram e serviram ao
exército e os prontuários militares invariavelmente confirmam suas próprias
contas. Muita documentação está incompleta simplesmente porque os Abkhasianos
não tinham uma linguagem escrita funcional até depois da revolução Russa.
Mas
porque eles vivem tanto? Ausência de uma história escrita, e o período
relativamente recente no qual estudos médicos e antropológicos estão sendo
feitos, impedem uma resposta clara.
A
seleção genética é uma possibilidade óbvia. Constantes combates corpo a corpo
durante muitos séculos da existência Abkhasiana pode ter eliminado a má visão,
a obesidade e outros defeitos físicos, produzindo Abkhasianos mais saudáveis a
cada nova geração. Mas falta documentação para comprovar para tal processo
evolutivo.
Quando
perguntei aos próprios Abkhasianos a respeito de sua longevidade, eles
disseram-me que vivem tanto por causa de suas maneiras de fazer sexo, trabalhar
e comer.
Os
Abkhasianos, porque esperam viver muito e com saúde, sabem que é necessário ter
elevada disciplina para conservar suas energias, inclusive a energia sexual, ao
invés de agarrar tudo que lhes parece doce e disponível no momento. Eles dizem ser
a norma que sua vida sexual regular não se inicie antes dos 30 anos para o
homem, a idade tradicional do casamento. Era, há algum tempo, considerado
indigno do homem um marido recém-casado exercer seus direitos sexuais na noite
de núpcias. Caso sejam indagados sobre o que é feito para providenciar
gratificações que substituam uma necessidade sexual normal antes do casamento,
os Abkhasianos sorriem e dizem: "Nada", mas pode-se especular, que
eles, como todo mundo, achem substitutos para a satisfação de um sexo saudável
e heterossexual. Hoje em dia, alguns jovens casam-se em torno dos 20 anos em
vez de esperar pela idade própria de 30 anos, para consternação dos mais
idosos.
Postergar
a satisfação pode ser motivo de sorrisos, mas também é a expectativa de um
prolongado prazer futuro, talvez até com mais proveito. Uma equipe médica que
investigou a vida sexual dos Abkhasianos concluiu que muitos homens mantêm sua
potência sexual além dos 70 anos, e 13,6% das mulheres continuam a menstruar
depois dos 55 anos.
Tarba
Sit, 102, confiou-me que ele esperou até os 60 anos para se casar porque
enquanto ele estava no exército "se divertira bastante". No momento
atual, disse ele com alguma tristeza, "Eu tenho desejo por minha mulher,
mas não tenho forças". Um de seus parentes teve nove filhos, sendo que seu
filho caçula nasceu quando ele tinha 100 anos. Médicos obtiveram seu esperma
quando ele tinha 119 anos, em 1.963, e ele ainda mantinha sua libido, bem como
a potência sexual. A única ocasião em que a investigação médica achou
discrepância nas idades, informada pelos Abkhasianos, foi quando alguns homens
insistiram ser mais jovens do que realmente eram. Um deles disse ter 95 anos,
mas sua filha tinha uma certidão de Batismo provando que ela tinha 81 anos, e
outras informações indicavam que ele tinha realmente 108 anos. Quando foi
confrontado com este dado ele ficou bravo e recusou-se a discuti-lo, pois
estava para se casar. Makhti Tarkil, 104 anos, com quem eu falei na vila de
Duripsh, disse que a explicação era óbvia tendo em vista um impedimento para o
casamento:
"Um
homem é um homem até os 100 anos, você sabe ao que me refiro. Depois disso,
bem, ele começa a ficar velho".
A
Cultura Abkhasiana, estipula um papel secundário e dependente para a mulher:
Quando jovem, sua aparência é enfatizada, e quando casa, seu trabalho como
dona de casa é sua tarefa principal. (Como em outros aspectos da vida
Abkhasiana, o período que sucedeu a revolução trouxe novas chances e algumas
mulheres agora trabalham em variadas profissôes; mas ainda o mais importante é
manter a tradição, que ainda tem muita força entre este povo).
Na
criação das moças, o maior cuidado é torna-las o mais bonitas possível, de
acordo com os parâmetros Abkhasianos. Para afinar a cintura e manter o busto
pequeno, elas usam um espartilho em volta de suas cinturas e peitos; o colete é
removido definitivamente no dia de sua noite de núpcias.
Sua
compleição deve ser esbelta, suas sobrancelhas finas; e porque têm uma testa
grande é desejável que seus cabelos sobre as sobrancelhas sejam raspados, e
para impedi-los de crescer usa-se emplastos de ervas. Elas devem também ser
boas dançarinas.
Virgindade
é um requisito extremamente importante para o casamento. Se for provado que a
mulher não é mais virgem o noivo tem o direito de levá-la de volta para a casa
da família dela e pegar de volta os seus presentes de casamento. Ele sempre
exercita este direito, devolvendo a noiva e anunciando para a família:
"Peguem sua filha morta". E para ele, assim como para todos os homens
disponíveis, ela está morta. Na sociedade Abkhasiana, ela fica tão desonrada
com tal rejeição que se torna praticamente impossível conseguir um homem para se
casar com ela. (Mais tarde, ela pode se casar com um viúvo mais velho ou algum
outro homem menos desejável de uma vila distante). Quando é descoberto que a
moça não é mais virgem, espera-se que ela nomeie o culpado. A moça usualmente cita
o nome de um homem que tenha morrido recentemente para evitar que sua família
queira uma revanche iniciando assim uma rixa sangrenta. Para os Abkhasianos casados
e solteiros modéstia é algo imprescindível no seu comportamento, em todas as
ocasiões. Existe entre eles um sentimento de grande desconforto e vergonha sobre
qualquer tipo de manifestação sexual pública, mesmo quando se trata de uma
manifestação de afeto. Um homem não deve tocar sua esposa, sentar perto dela,
ou mesmo, conversar com ela na presença de pessoas estranhas. As axilas da
mulher são consideradas zonas erógenas e nunca ficam expostas, exceto para seu
marido. A mulher é uma estranha na casa da família do marido, sua presença
sempre acarreta uma ameaça de que a lealdade de seu marido pela sua familia
possa ser comprometida por sua paixão por ela. Na tradição Abkhasiana, uma
mulher não pode nunca mudar seu vestido nem se banhar na presença de sua sogra,
e quando o
casal Abkhasiano
está sozinho no seu quarto, eles mantêm a voz baixa para que a mãe de seu
marido não os escute.
Apesar
dessas regras rigorosas, ou porque talvez elas sejam universalmente aceitas, sexo
na Abkhasia é considerado uma coisa muito boa e prazeirosa quando estritamente
privado. É feito também totalmente sem culpa, não é reprimido ou sublimado,
substituído pela paixão pelo trabalho, arte ou misticismo religioso. Não existe
mal que deva ser retirado do pensamento. É um prazer que deve ser regulado para
o bem da própria saúde, como um bom vinho.
Um
Abkhasiano nunca é "Aposentado", um status desconhecido no pensamento desse povo. Desde o começo de
sua vida até seu fim, o abkhaziano faz o que é capaz de fazer porque ele e os
que estão à sua volta, consideram o trabalho vital. Ele tem suas próprias
necessidades, e tal demanda vai diminuindo com a idade, mas o seu status na comunidade, apesar disso, não
aumenta.
Nos
nove anos de estudo dos idosos Abkhasianos, Dr. Sichinava fez uma observação
detalhada de seus hábitos de trabalho. Entre eles havia um grupo que incluiu 82
homens, a maioria deles trabalhava como camponeses desde os 11 anos e 45
mulheres que, desde a adolescência,
trabalhavam em casa e ajudavam a tomar conta dos animais da fazenda. Sichinava
observou que a carga de trabalho diminuiu consideravelmente entre as idades de
80 e 90 anos para 48 homens, e entre 90 e 100 para o resto. Entre as mulheres,
27 passaram a trabalhar menos entre 80 e 90 anos, e as outras diminuiram o
trabalho depois de 90 anos. Alguns homens, pastores, param de seguir a manada
que sobe a montanha e as campinas na primavera, e começaram a tomar conta das
fazendas de criação de animais, depois dos 90 anos. Os fazendeiros começavam a
trabalhar menos a terra, muitos paravam de arar a terra e de levantar cargas
muito pesadas, mas continuavam capinando (apesar de ter de se abaixar), e fazem
outros serviços. A maioria das mulheres paravam de ajudar no campo e algumas
começavam a fazer menos trabalho doméstico. Em vez de servir à família inteira
(uma familia Abkhasiana estende-se através de casamentos e pode incluir 50 ou
mais pessoas), elas servem somente a si mesmas e às crianças; mas também
alimentam as galinhas e fazem tricô.
Dr.
Sichinava também observou 21 homens e 7 mulheres com mais de 100 anos e notou
que, em média, eles trabalhavam 4 horas por dia na fazenda coletiva, os homens
capinando e ajudando com o milho, as mulheres enfileirando folhas de tabaco.
Sob o sistema coletivo, membros da comunidade são livres para trabalhar em seus
próprios jardins, mas são pagos por cada trabalho que fazem para a
coletividade.
O grupo de pessoas com mais de 100 anos,
moradores da vila, observados pelo Dr. Sichinava, enquanto trabalhava para a
coletividade, mantinha um horário que não chegava a 1/5 do horário do trabalhador
jovem. Mas, mantinham seu próprio ritmo e trabalhavam mais calmamente, sem
desperdício de movimentos, parando ocasionalmente para descansar. Em contraste,
o trabalhador jovem trabalhava
rapidamente, mas se mantinha mais tenso e competitivo. A competitividade no
trabalho não é inerente à cultura Abkhasiana, mas é encorajada pelo governo
soviético visando ao aumento da produção; retratos dos melhores trabalhadores
são colocados nos escritórios das vilas coletivas. Ainda é muito cedo para
dizer como esta mudança tão fundamental nos
hábitos de trabalho afetará a longevidade Abkhasiana.
Os
persistentes Abkhasianos tem seus próprios heróis do trabalho: Kelkiliana Khesa, uma mulher de 109 anos, na vila
de Otapi, foi paga por 49 dias de trabalho (cada dia equivale a 8 horas)
durante um verão; Bozba Pash, um homem de 94 anos da mesma comunidade,
trabalhou 155 dias em um ano, Minosyan Grigorii de Aragich, sempre é lembrado
como um exemplo para os jovens, trabalhou 230 dias em um ano com 90 anos de idade. (A maioria dos
americanos, quando se contam as férias e feriados, trabalha entre 240 e 250
dias por ano, sendo que em alguns casos menos de oito horas por dia).
Tanto os profissionais médicos quanto o povo Abkhasiano, concordam que
tais hábitos de trabalho têm uma grande parcela de responsabilidade na sua
longevidade.
Os
médicos dizem que a maneira como os Abkhasianos trabalham ajuda a manter suas
funções orgânicas em ótimo estado. Os Abkhasianos dizem que: "Sem descanso,
um homem não pode trabalhar, sem trabalho, o descanso não fará nenhum
bem."
Tal atitude, apesar de não ser passível de
medidas, pode ser tão importante como o próprio trabalho. Faz parte de um padrão
de vida consistente: Quando ainda crianças, fazem o que são capazes de fazer,
progressivamente do mais fácil ao mais difícil, e, quando envelhecem, a curva
desce, mas é sempre mantida. Os idosos nunca são vistos sentados em cadeiras
por longos períodos, passivos como vegetais. Eles fazem o que podem, e enquanto
alguns consideram o sistema coletivo de trabalho uma forma de exploração, esse
sistema permite que eles funcionem em seus próprios ritmos.
Excesso
de alimentação é considerado perigoso na Abkhasia, e pessoas gordas são
tratadas como doentes. Quando os idosos vêm um jovem Abkhasiano, que esteja
somente um pouco acima do peso, eles perguntam sobre sua saúde. "Um
Abkhasiano não pode ficar gordo", dizem eles: "vocés podem imaginar a
figura ridicula que farão montados em um cavalo?" Mas para tristeza dos idosos, os jovens comem
muito mais do que seus pais e avós; cavaleiros leves, musculosos e ágeis
não são mais necessáros na linha de defesa.
A
dieta Abkhasiana, como o resto de sua vida, é estável: pesquisadores constataram que pessoas com cem
anos ou mais comem a mesma comida através de toda sua vida. Mostram
poucas preferencias idiossincráticas, e não mudam sua dieta de maneira
significativa, quando melhoram seu status
econômico. A proteína que ingerem é 23% mais baixa do que a do trabalhador
industrial na Abkhasia, e consomem duas vezes mais vitamina C; os trabalhadores
industriais têm um índice maior de insuficiência coronária e um nível
maior de colesterol no sangue.
Os
Abkhasianos comem sem pressa e com decoro. Quando recebem convidados, cada pessoa
é brindada, com orgulho, por suas virtudes reais ou imaginárias. Tais refeições
podem durar muitas horas, mas ninguém se importa, mesmo porque preferem suas
refeições servidas mornas. A comida é cortada em pedaços pequenos, servida em
pratos e comida com os dedos. Não importa a ocasião, os Abkhasianos
pegam apenas pequenos pedaços de comida e mastigam-nos bem devagar, um
hábito que estimula a produção de ptialina e maltase, assegurando uma digestão
adequada dos carboidratos os quais formam a base da alimentação. E,
tradicionalmente, não existe sobras na Abkhasia; mesmo o pobre dispõe das
sobras dando para os animais, e ninguém sequer pensa em servir a uma visita uma
comida requentada, mesmo que ela tenha sido feita há apenas poucas horas.
Mas alguns jovens,
talvez influenciados por costumes ocidentais, consideram tal
prátic:a um desperdicio, mas a maioria dos Abkhasianos acha que uma comida
feita há mais de um dia não é saudável. Os Abkhasianos comem
relativamente pouca carne, talvez uma ou duas vezes por semana, e preferem
frango, bife, cabrito e, no inverno, porco. Eles não gostam de peixe e, apesar
de serem de fácil acesso, raramente o comem. A carne é sempre fresca e
sangrenta e é grelhada ou cozida o minimo necessário para parar de sangrar ou,
no caso do frango, até a carne ficar branca. Para os não Abkhasianos ela é
dura, mas eles nâo tem problemas com isto.
Nas
três refeições, os Abkhasianos comem "abista", uma comida feita com
milho amassado e cozida em água sem sal, que toma o lugar do pão. "Abista"
é ingerida morna com pedaços de queijo de cabra feito em casa. Eles comem
queijo diariamente, e também consomem em média, dois copos de creme-de-leite
por dia. Quando comem ovos, o que não é frequente, eles são cozidos ou fritos
com pedaços de queijo.
Os
outros gêneros de primeira necessidade na alimentação Abkhasiana incluem frutas
frescas, especialmente uvas, vegetais frescos, que inclui cebolinhas, tomates,
pepinos e repolho, uma grande
variedade de pickles, e "baby lima beans" (tipo de feijâo regional),
cozido bem devagar por horas, amassado e servido com molho de cebolas,
pimentas, alho, suco de romã e pimenta. Esta mistura quente, ou uma variação
dela, é colocada na mesa em uma travessa separada para qualquer um que deseje.
Grande quantidade de alho também está sempre à mão.
Apesar
de serem os maiores fornecedores de tabaco para a União Soviética, poucos
Abkhasianos fumam. Eu conheci uma fumante, uma mulher de mais de 100 anos, que
fumava constantemente. Não bebem nem chá, nem café. Mas consomem um produto
local, seco, vermelho como vinho de baixo teor alcoólico. Todos bebem, quase
sempre em pequenas quantidades, no almoço e no jantar, e os Abkhasianos o chamam
de "presente da vida". O açúcar encontra-se ausente de sua
alimentação, embora o mel, produto local, seja usado. Dores de dentes são
raras.
As
autoridades médicas soviéticas que examinaram os Abkhasianos e sua alimentação,
sentem que ela acrescenta anos em suas vidas: o creme-de-leite e os pickles, e,
provavelmente, o vinho, ajudam a destruir
certas bactérias. Indiretamente, isso previniria o aparecimento de
arteriosclerose, pensam alguns médicos. Em 1970, uma equipe de médicos
soviéticos e o Dr. Samuel Rosen, de Nova York, um famoso cirurgião otorrino,
comparou a audição dos Moscovitas e dos Abkhasianos, e concluíram que a
alimentação Abkhasiana, pouca gordura saturada, grande quantidade de frutas e
vegetais, também contribui para uma melhor audição. O molho "quente",
o único item para o qual a maioria dos médicos diria nâo, é, aparentemente, evitado
por alguns Abkhasianos.
Embora
os Abkhasianos atribuam sua longevidade ao seu trabalho, hábitos alimentares e
sexuais, existe outro aspecto de sua cultura que impressiona: o alto grau de
integração em suas vidas, o sentido de identidade grupal que dá a cada
individuo um sentimento inabalável de segurança pessoal e continuidade e permite
aos Abkhasianos adaptarem-se e ainda preservarem-se contra as mudanças de
condições impostas pela sociedade em expansão na qual vivem.
Este
senso de continuidade em sua vida pessoal e nacional, é o que os antropólogos
chamam de sua integração espacial e temporal.
Sua
integração espacial baseia-se em sua estrutura familiar. Tal estrutura, literalmente,
cerca a vida dos Abkhasianos: regula as relações entre famílias, determina onde
eles moram, define a posição da mulher e as regras do casamento. Após séculos
da inexistência ou insuficiência de uma autoridade centralizada, o parentesco
era o quadro referencial, e continua sendo.
Parentesco
na Abkhasia é um elaborado e complexo conjunto de relações baseados na linhagem
paterna. No centro está a família, que se estende através do casamento de seus
filhos. Também se incluem todas aquelas famílias que podem ser rastreadas a
partir de um único progenitor, e, finalmente, todas aquelas pessoas com o mesmo sobrenome, mesmo quando o progenitor
não tenha sido identificado. Como
resultado, um Abkhasiano pode ser "parente" de alguns milhares de pessoas,
muitas das quais ele não conhece. Eu descobri a permissividade das regras de
parentesco quando meu amigo Amar, um Abkhasiano que me acompanhou de Sukhumi
para a vila de Duripsh, me apresentou a um grande número de pessoas as quais
chamava de irmãos e irmãs. Quando conheci mais de 20 "irmãos"
perguntei: "Quantos irmãos e irmãs você tem?" "Nesta vila,
30," ele respondeu. "A contagem Abkhasiana é diferente da russa.
Estas pessoas levam o nome de meu pai".
Considerei
sua explicação menos sério do que deveria.
Mais
tarde, quando manifestei admiração por um disco de um poeta épico Abkhasiano
que eu havia escutado na casa de um dos "irmãos" de Amar, este, sem
uma palavra, deu-me o disco de presente. "Amar, ele não é seu", eu
disse. "Oh é sim. Esta é a casa de meu irmão", ele disse. Quando
perguntei para o "irmão", ele disse: "Claro que ele pode dar a
você. Ele é meu irmão".
As
relações consanguíneas e afins que formam a base da estrutura de parentesco são
suplementadas por uma variedade de rituais nas relações, que envolvem obrigações
para toda a vida e servem para construir o envolvimento humano do qual os
Abkhasianos retiram seu extraordinário senso de segurança. De qualquer modo, não
existe estilo alternativo de vida através do qual possam se rebelar; os
Abkhasianos estão prontos para absorver outros na sua própria cultura. Durante
minha visita, por exemplo, um homem cristão foi chamado para ser padrinho de
uma criança maometana; todos dois eram Abkhasianos. Quando eu exprimi minha
surpresa, foi dito a mim: "Não tem importância, nós queremos aumentar
nosso circulo de parentes."
A
integração temporal da vida Abkhasiana é expressa em sua continuidade geral, na
ausência de limitações na definição de condições de vida, como por exemplo:
"desempregado", "adolescente", "alienado". Os
Abkhasianos são amantes da vida, pessoas otimistas, e muito diferentes de
muitos idosos "dependentes" nos Estados Unidos, que se sentem um peso
para sua família e até para si próprios, eles aproveitam a perspectiva da
continuação da vida. Um Abkhasiano de 99 anos, Akhba Suleiman da vila de
Achandara, disse a seu médico, "Ainda não é tempo de morrer. Eu sou necessário
para os meus filhos, meus netos e este mundo não é tão ruim, a menos que eu não
possa mais revolver a terra e esteja ficando difícil subir em árvores".
Os
idosos são sempre ativos. "É melhor se movimentar sem nenhum propósito do
que ficar parado", eles dizem. Antes do café da manhã, eles andam pelo
pátio e pomar da propriedade tomando nota de pequenas coisas que lhes
chamam a atenção. Eles observam cercas e equipamentos que precisam de reparos e
checam os animais da família. No caféda-manhã, tendo completado seu estudo
matinal, eles relatam o que deve ser feito.
Até
a noitinha, o idoso passa o tempo alternando trabalho e repouso. Um homem pode
pegar maçãs derrubadas pele vento, então senta-se em um banco, contando estórias
ou fazendo brinquedos para seus netos ou bisnetos. Outra atividade, que é
largamente praticada pelos idosos, é capinar o quintal, uma larga faixa verde
pertencente à propriedade, a qual serve como um centro de atividades para o
grupo de parentes. Conserva-la em forma requer considerável quantidade de
trabalho, e ainda assim eu nunca vi um quintal que não estivesse bem arrumado e
limpo.
Durante
o verão, muitos homens idosos passam dois ou três meses no alto das montanhas,
morando na cabana dos pastores, ajudando a pastorear ou caçando para si mesmos
ou para os pastores. Apesar de seu processo de envelhecimento, muitos são
excelentes atiradores, apesar da avançada idade.
Obviamente
não estão amedrontados com a perda de sua autoridade, durante sua ausência; o
tempo que passam nas montanhas é útil e prazeiroso.
A
atitude extraordinária dos Abkhasianos, sentirem-se necessários aos 99 ou 110
anos, não é uma atitude artificial ou auto-protetora; ela é uma expressâo
natural, na idade avançada, de um ponto de vista consistente que começa na
infância.
A
estóica educação de uma criança Abkasiana, na qual os pais e os parentes mais
velhos participam, instiga respeito, obediência e resistência. Desde cedo, as
crianças participam das tarefas da casa; quando não estão na escola, eles
trabalham nos campos ou em casa.
Não
existem "fatos da vida" separados para crianças e adultos: Os valores
dados às crianças são os mesmos da vida do adulto, e não existe disparidades
hipócritas (como em muitas outras sociedades) entre as palavras do adulto e o
que fazem.
Desde
que o que lhes é ensinado é considerado importante, e o trabalho que lhes é
dado é considerado necessário, as crianças nâo são nem preguiçosas e nem
rebeldes. A maneira como amadurecem é sem transições bruscas de uma fase da
vida para a outra: uma noiva, por exemplo, ficará por um tempo com os parentes
do marido, gradualmente se tornando parte do novo clã, antes de mudar para sua
casa.
Desde
o começo, não existe uma lacuna entre expectativa e experiência. Os Abkasianos esperam
uma vida longa e útil antegozam a velhice com uma boa razão: numa cultura onde
os altos valores são continuados e cultivados na tradição, os velhos são continuados
e cultivados na tradição, os velhos são indispensáveis na sua transmissão. Os
velhos presidem os cerimoniais nas ocasiões importantes, mediam disputas, e seus
conhecimentos de agricultura são solicitados. Eles se sentem necessários
porque, em suas próprias mentes e na de todos os outros, eles realmente o são.
Eles são o oposto de fardo; eles são recursos altamente valiosos.
Os
próprios Abkhasianos estão obviamente certos em citar seus hábitos alimentares
e de trabalho como fatore contribuintes em sua longevidade; na minha opinião, o
postergamento, e mais tarde, o prolongamento de sua vida sexual provavelmente não
tem nada a ver com ela.
Seu clima é exemplar, o ar (especialmente
para um Novaiorquino) refrescante, sem ser significativamente diferente de
outras áreas no mundo, onde a extensão da vida é mais curta. E enquanto algum
tipo de seleção genética possa estar trabalhando, não existem informações
suficientes para avaliar o fator genético na longevidade Abkhasiana.
Minha própria visão é que os Abkhasianos
vivem tanto por causa dos extraordinários fatores culturais que estruturam sua
existência: a uniformidade e a certeza de ambos os comportamentos, individual e
grupal, o "continuum" inquebrável da
continuidade das atividades da vida, os mesmos jogos, o mesmo trabalho, a mesma
comida, as mesmas necessidades sociais e pessoais, e o crescente prestígio que
vem com o aumento da idade.
Não
existe melhor caminho para compreender a importância desses fatores culturais
do que considerar, por um momento algumas características prevalentes da
sociedade americana. São dadas às crianças tarefas para mante-las ocupadas, mas
elas e seus pais sabem que não existe necessidade real no trabalho que
realizam; mesmo como adultos, somente uma pequena percentagem de americanos têm
o privilégio de sentir que seu trabalho é essencial e importante. Os velhos,
quando não simplesmente vegetam, fora das vistas e fora das mentes, mantêm-se
ocupadas com "bingo" e jogos de azar eletrônicos. Os americanos seriam
versáteis, algumas vezes beneficamente, ao procurar por sinais de permanência,
o que indicaria que suas vidas teriam algum sentido.
Será
que os americanos podem aprender algo da visão Abkhasiana acerca de povos
longevos? Penso que sim.
MEDICANDO-SE
A SI MESMOS
Os
Abkhasianos praticam uma medicina folclórica bastante elaborada usando mais de
200 plantas nativas para curar uma grande variedade de doenças. Eles aplicam
folhas de plantas para cicatrizar ferimentos agudos, pegam ranúnculos para
sarampo e rubéola, usam poligonáceas como anti-coagulante e asafetida (também
conhecida como "Estrume do diabo") como anti-espasmódico. Quando tudo
falha, um médico é chamado e o Abkhasiano idoso é levado para o hospital, mas
sempre na expectativa, inclusive a sua própria de que ele irá se recuperar.
Eles nunca expressam uma visão fatalista do tipo: "Bem, o que você espera
nesta idade?" Doença simplesmente não é considerada normal e natural.
Para quem deseja conhecer belas paisagens da Abkhazia, assim como um pouco de sua história, cultura e hábitos alimentares, recomendamos visitar os links abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=cYGyyuxRPws
http://www.youtube.com/watch?v=WUlSubrJkAU#t=190
http://www.youtube.com/watch?v=DL8SHF6EHQw
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom! Coloquei como link nas minha anotações sobre "Estilo de vida de vida e longevidade" em:
ResponderExcluirhttp://medicinacomportamental.blogspot.com.br/2011/08/estilo-de-vida-de-vida-e-longevidade.html
Tenho um comentário a acrescentar; este creme de leite que a antropóloga viu eles tomarem em grande quantidade, na verdade é um probiótico, pouco conhecido no ocidente, que é o Kefir, mantido em segredo por seculos em toda a região do cáucaso, veio a ser descoberto a menos de 80 anos, reúne dezenas de fungos e bactérias do bem, que vivem e se proliferam na lactose do leite, produzindo uma bebida que age sobre dezenas de processos inflamatórios do organismo, aumentando imunidade e a produção de substancias de defesa do corpo, este probiótico é tão fantástico, que a ciência ainda não conseguiu identificar sua origem, seus mecanismos de reprodução e porque interage tão bem no sistema imunológico das pessoas a partir da sua ação no intestino.
ResponderExcluirTenho um comentário a acrescentar; este creme de leite que a antropóloga viu eles tomarem em grande quantidade, na verdade é um probiótico, pouco conhecido no ocidente, que é o Kefir, mantido em segredo por seculos em toda a região do cáucaso, veio a ser descoberto a menos de 80 anos, reúne dezenas de fungos e bactérias do bem, que vivem e se proliferam na lactose do leite, produzindo uma bebida que age sobre dezenas de processos inflamatórios do organismo, aumentando imunidade e a produção de substancias de defesa do corpo, este probiótico é tão fantástico, que a ciência ainda não conseguiu identificar sua origem, seus mecanismos de reprodução e porque interage tão bem no sistema imunológico das pessoas a partir da sua ação no intestino.
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