Tipos de erros mais
frequentes
•Esquecer reuniões
•Guardar
os óculos no lugar errado
•Não
recordar os nomes de pessoas conhecidas
•Problemas
com senhas e códigos no trabalho, banco ou Internet
Principais erros ou falhas da memória
(Os sete pecados capitais de Daniel Schacter)
(Os sete pecados capitais de Daniel Schacter)
•Transitoriedade
•Distração
•Bloqueio
•Atribuição errada
•Sugestionabilidade
•Distorção
•Persistência
Características básicas dos erros ou imperfeições da memória
•Fenômenos
normais (não é início de demência)
•Ocorrem
com frequência no cotidiano.
•Podem
ter consequências desastrosas para todos nós.
Características básicas – A transitoriedade (pecado da omissão)
•A
transitoriedade, a distração e o bloqueio são pecados da omissão: nós não
conseguimos, mesmo querendo, lembrar um fato, um acontecimento ou uma idéia.
•Está
ligada ao enfraquecimento da memória como o passar do tempo.
•Geralmente
não temos dificuldade de lembrar o que andamos fazendo nas últimas horas.
•Mas,
se alguém nos pergunta o que fizemos há seis semanas, seis meses ou seis anos,
é provável que não nos lembremos de
muita coisa.
•A
memória e o esquecimento mudam à medida que envelhecemos.
•Estudos
neurobiológicos em animais fornecem evidências de que o esquecimento pode
envolver a perda literal de informação.
•As
lembranças são codificadas por meio de alterações nas conexões entre os
neurônios.
•Com
o passar do tempo, essas alterações tendem a se atenuar.
•Experimento de Willem Wagenaar:
T Quanto mais sugestões fornecia, maior era a
probabilidade do sujeito se lembrar de detalhes fundamentais do acontecimento.
T O esquecimento geralmente é incompleto e não
total, deixando no seu rastro fragmentos espalhados de uma experiência.
T Legados da transitoriedade: impressões vagas
de familiaridade, conhecimento generalizado do que aconteceu ou detalhes
fragmentados de experiências.
•O
principal responsável pela transitoriedade rápida é uma parte do sistema de
memoria operacional chamada “alça fonológica” que nos permite guardar temporariamente
pequenas quantidades de informação linguística (Alan Baddeley).
•A
alça fonológica é um subsistema “escravo”, que ajuda o sistema “executivo
central” da memória operacional.
•Esse
sistema controla o fluxo de informação para dentro e para fora da memória de
longo prazo.
•Por
causa do constante bombardeio de novas informações, o sistema executivo precisa
de ajuda.
•A
alça fonológica é útil ao fornecer capacidade adicional de armazenamento de
palavras, dígitos e outras formas de fala.
Transitoriedade e
Memória Operacional
•A
memória operacional guarda pequenas quantidades de informação por um curto
espaço de tempo, normalmente alguns segundos, enquanto as pessoas estão
empenhadas em atividades cognitivas, como ler, ouvir, resolver problemas,
raciocinar ou pensar.
•Precisamos
da memória operacional para entender toda e qualquer frase que tenhamos escrito
até agora.
•Se
não tivéssemos uma maneira de reter o princípio da frase enquanto ela continua,
são saberíamos o significado da frase quando chegasse ao final.
•O longo e árduo curso foi
tão difícil que ele nunca chegou ao fim do trajeto.
•O longo e árduo curso foi
tão difícil que ele nunca passou em um exame.
• Só podemos dizer
que a palavra curso se refere a um caminho, um percurso, ou a um curso
de estudos se conseguirmos reter essa palavra até o final da frase.
•Estudos
de neuroimagem localizaram o compartimento de arquivo da alça fonológica na
parte posterior do lobo parietal.
•Outra
parte da alça fonológica, crucial para a repetição de informação mantida no
armazenamento de curto prazo, depende de porções inferiores do córtex
pré-frontal esquerdo.
•Quando
uma pessoa saudável sofre dos tipos de transitoriedade de curto prazo estudados
até agora – como esquecer o que se estava prestes a dizer ou esquecer um número
de telefone encontrado segundos antes -, é provavelmente porque não conseguiu
ativar essa parte do córtex frontal esquerdo.
•As
pessoas saudáveis conseguem evitar a transitoriedade de curto prazo fazendo um
esforço coordenado para repetir a informação, o que estimula a parte esquerda
inferior do córtex frontal.
A distração (pecado da omissão)
•Envolve
uma ruptura na interface entre a atenção e a memória.
•Ocorrem,
em geral porque estamos preocupados com outros assuntos e não nos concentramos
no que precisamos lembrar.
•A
informação desejada não se perde com o tempo, pois nunca foi registrada na
memória ou não foi resgatada no momento necessário porque nossa atenção estava
focalizada em outro assunto.
A distração
•Atenção
dividida leva a déficit no tipo de codificação e a desempenho fraco na
memorização das palavras.
•Não
impede necessariamente que as pessoas registrem algum tipo de informação sobre
uma experiência.
•Duas
maneiras de lembrarmos experiências passadas: recordação e familiaridade.
•A
recordação traz de volta à mente detalhes específicos de uma experiência
passada.
•A
familiaridade envolve um sentido mais primitivo de conhecimento de que alguma
coisa aconteceu anteriormente, sem o resgate de detalhes específicos.
•Ao
se dividir a atenção, ocorre uma redução geral da quantidade de recursos
cognitivos (o “combustível” que alimenta a codificação) que podem ser
canalizados para as novas informações a serem assimiladas.
•O
envelhecimento é associado a um declínio nos recursos cognitivos, o que resulta
em padrões de desempenho semelhantes aos produzidos quando se tem a atenção
dividida.
•Experiência de Tim Shallice:
T Quando a atenção é dividida, a região
esquerda inferior do lobo frontal é impedida de atuar normalmente na
codificação elaborada.
T Quando essa região não está atuando na
codificação de informações novas, ou está atuando de forma mínima, a
memorização posterior é bastante afetada, e é bem provável que ocorram os
esquecimentos causados pela distração.
O bloqueio (pecado da omissão)
•Busca
frustrada de uma informação que podemos estar tentando resgatar
desesperadamente (ex.: fracasso ao tentar lembrar o nome de uma pessoa
conhecida).
•A
experiência frustrante acontece mesmo quando estamos concentrados na tarefa de
lembrar e apesar de o nome estar guardado na nossa mente (inesperadamente,
várias horas ou dias depois, lembramos o nome bloqueado).
Bloqueio
•Envolve
um tipo de esquecimento que se distingue da distração e da transitoriedade.
•Ao
contrário das falhas da memória relacionadas à distração, o nome ou palavra
recalcitrante que não lembramos foi codificada e armazenada na mente e, algumas
vezes, existe uma pista ou associação que normalmente faria você lembrar o
nome.
•Ao
contrário das falhas da memória provocadas pela transitoriedade, a informação
não foi apagada da memória: ela está escondida, aparentemente pronta para
voltar à mente com um pouco mais de esforço, mas continua for a de alcance
quando necessária.
•O
bloqueio provoca irritação porque, ao mesmo tempo que parece evidente que você
deveria ser capaz de resgatar a informação desejada, é óbvio que não consegue
fazê-lo.
•Conceitos
como “inibição da recordação” trazem à mente a noção freudiana de repressão.
•Será
que a inibição de lembranças é só uma versão codificada da velha teoria de
Freud, que foi tão atacada por causa da falta de respaldo experimental ?
•O
conceito freudiano de repressão envolve um mecanismo de defesa que está ligado
de forma intrínseca aos esforços para afastar da consciência experiências
emocionalmente perturbadoras.
•Segundo
pesquisas recentes, a inibição da recordação é muito mais onipresente e se
aplica tanto a experiências emocionais quanto não emocionais.
•A
inibição da recordação frequentemente ocorre em casos de amnésia “psicogênica”,
na qual pacientes bloqueiam grande parte do seu passado, após a ocorrência de
tipos diversos de perturbações psicológicas.
•Esses
pacientes continuam capazes de criar e recuperar novas lembranças, mas não
conseguem recordar quase nada sobre sua vida passada – inclusive suas identidades
– desde o começo da amnésia.
•Esses
casos pertencem ao domínio dos quadros psiquiátricos.
Atribuição errada (pecado do cometimento)
•Envolve
referir uma memória a uma fonte errada: confundir fantasia com realidade ou
lembrar incorretamente que um amigo lhe contou um fato inconsequente que na
verdade você ficou sabendo ao ler o jornal.
•Ocorre
muito mais frequentemente do que imaginamos e pode ter profundas implicações em
problemas jurídicos.
Atribuição errada
•Théodule
Ribot relatava casos nos quais a lembrança existia, mas estava errada.
•Paramnésias ou falsas lembranças.
•Déja vu, jamais vu.
•Uma
forte sensação de familiaridade, juntamente com a falta de recordações
específicas, criam a receita fatídica para o surgimento da atribuição errada.
•Os
idosos com frequência são susceptíveis ao falso reconhecimento.
•Eles
têm mais dificuldade que os jovens de resgatar recordações específicas, e
dependem mais da familiaridade em geral, o que leva muitas vezes à atribuição
errada.
•Mas,
quando os idosos são instruídos a estudar informações importantes, eles são
capazes, tanto quanto os adultos mais jovens, de fazer a devida distinção das
mesmas e assim reduzem as falsas memórias.
•Muitas
vezes os idosos não têm a expectativa de recordar detallhes específicos de experiências
passadas.
•Na
realidade, eles esperam recordar pouco ou nada.
•Essa
falta de expectativa em torno de suas lembranças pode lhes criar sérios
problemas.
•O
neuropsicólogo britânico Andrew Young formulou a teoria de que a visão de uma
fisionomia familiar estimula uma “unidade de reconhecimento de fisionomia”, que
contém uma descrição de como é o rosto de uma pessoa.
•O
resgate de tais informações requer a ativação de um “nodo de identidade da
pessoa” separado, que contém detalhes sobre a profissão, interesses, história
pessoal e outras informações relacionadas.
•Observações
em macacos revelaram a existência de “células de fisionomia”que reagem mais
fortemente a fisionomias do que a outros objetos.
•Em
estudos de fMRI descobriu-se que o giro fusiforme, uma parte fundamental das
regiões visuais occipitais, apresenta uma atividade excepcionalmente forte
quando as pessoas vêem fisionomias, comparado com muitos outros tipos de
objetos. Lesões nesse local levam a perda da capacidade de reconhecer
fisionomias familiares.
•O
giro fusiforme contém informações visuais, mas não fornece especificações sobre
a fonte de familiaridade.
•Esse
papel cabe aos sistemas de monitoração frontais que precisam intervir e
requisitar informações específicas sobre a pessoa.
•Eles
examinam as memórias em termos de plausibilidade e coerência.
•Lesões
frontais impedem esse reconhecimento.
•Delírio
de Fregoli – falsa memória
(ocorre em
pacientes psiquiátricos e em certas lesões neurológicas): o paciente acredita piamente que um estranho
é “habitado” por um amigo, parente ou pessoa famosa.
Sugestionabilidade
(pecado do cometimento)
•É
ligado à atribuição errada.
•Refere-se
a lembranças criadas como resultado de perguntas tendenciosas, comentários ou
sugestões feitos quando uma pessoa está tentando se lembrar de uma experiência
do passado.
•Pode
causar um verdadeiro caos em situações jurídicas.
Sugestionabilidade
•Como
aumentar o número de informações precisas lembradas por uma testemunha, sem
aumentar também a sugestionabilidade ?
•Ronald
Fisher e Edward Geiselman, na década de 1980, propuseram a “entrevista
cognitiva”.
Sugestionabilidade:
entrevista cognitiva
•Primeiro estágio:
Pede-se à
testemunha que tente relatar todos os fatos relacionados ao incidente:
“descreva seu atacante”.
•Muitas
vezes, perguntas muito específicas não ajudam a testemunha relatar todos os
fatos relacionados ao incidente:
“de que cor era
a camisa dele ?”
•Terceiro estágio:
Pede-se que a
testemunha tente lembrar os eventos em ordens cronológicas diferentes: começando
pelo início e prosseguindo até o final, e vice-versa. Em estudos controlados,
esse procedimento ajudou a melhorar a memória.
Sugestionabilidade:
entrevista cognitiva
•Quarto estágio:
Pede-se que a
testemunha tente ver o incidente sob perspectivas diferentes, como ver
mentalmente o acontecimento sob o ponto de vista do réu ou da vítima. Isso
ajuda a testemunha a notar características do incidente que podem ter passado
despercebidas.
Síndrome da falsa
memória
•Em
algumas confissões as pessoas desenvolvem a falsa convicção de que cometeram um
crime.
•Descrita
pela primeira vez em 1908 por Hugo Munsterberg (Harvard).
•“Síndrome
de desconfiança da memória”
Caso Reilly
(Inglaterra, 1970).
•Na
década de 1990 mulheres educadas e inteligentes de classe média começaram a
fazer psicoterapia para superar a depressão e outros problemas correlatos.
•O
tratamento acabava resultando no resgate de lembranças sobre abuso sexual na
infância, em geral atribuído aos pais e, algumas vezes, às mães.
•Em
1992, no auge da polêmica, muitos profissionais e pais acusados de abuso
atribuiram uma suposta epidemia de falsas memórias às técnicas que induziam
sugestão usadas por alguns psicoterapeutas (hipnose, exercícios de visualização
orientada de imagens, nos quais as pessoas imaginam possíveis cenas de abuso,
etc.).
Questões importantes a exigir respostas:
•É
possível criar falsas memórias de eventos autobiográficos traumáticos ?
•Que
tipo de métodos costumam criar recordações ilusórias ?
•Será
que certas pessoas são especialmente suscetíveis à indução de memórias de
eventos que jamais ocorreram ?
Primeiros
esclarecimentos:
•Pesquisas
de Elizabeth Loftus – descreveu a primeira tentativa de indução experimental de
um incidente autobiográfico levemente traumático.
•Estudo
do “perdido no shopping”: o jovem Jim pediu que seu irmão mais novo, um
adolescente chamado Chris, se lembrasse quando se perdeu em um shopping aos
cinco anos de idade.
•Estudos
de Ira Hyman e cols.: perguntavam a universitários sobre vários acontecimentos
da infância, que, segundo os pais desses estudantes, tinham de fato ocorrido.
•Também
faziam perguntas sobre um falso acontecimento, que, segundo os pais, jamais
havia ocorrido.
•Elizabeth
Loftus e Giuliana Mazzoni investigaram se um procedimento indutor de sugestão
poderia criar falsas memórias: a interpretação de sonhos.
•Alguns
terapeutas usam a interpretação de sonhos para extrair conclusões a respeito de
acontecimentos do passado. Será que, em vez de revelar a interpretação de
sonhos ajuda a criar experiências do passado ?
•Os
pesquisadores pediram a voluntários para avaliar se tinham certeza se vários
tipos de experiências haviam ou não ocorrido. Duas semanas mais tarded, um dos
grupos de voluntários participou então de uma atividade ostensivamente
desconexa, durante a qual um psicólogo clínico interpretou seus sonhos.
•O
psicólogo insinuou que alguns dos sonhos incluíam lembranças reprimidas de
eventos que aconteceram com eles antes dos três anos de idade: experiências
perturbadoras como ser abandonado pelos pais, ficar perdido em um lugar público
ou esar sozinho e perdido em um lugar desconhecido.
•Os
voluntários haviam afirmado inicialmente que tais eventos jamais haviam
ocorrido com eles.
•Porém,
quando foram questionados novamente sobre experiências da infância duas semanas
após a interpretação de seus sonhos, a maioria afirmou que se lembrava de uma
ou mais das três experiências sugeridas.
•Nada
disso aconteceu com outro grupo do estudo que não recebeu nenhuma sugestão a
respeito da interpretação de seus sonhos.
•Para
a maioria das pessoas, as primeiras lembranças datam do período entre três e
cinco anos de idade.
•Não
existem provas de que as pessoas consigam se lembrar de incidentes ocorridos
antes de dois anos de idade porque as regiões do cérebro necessárias para a formação
de memórias episódicas ainda não estão plenamente amadurecidas até essa idade.
Distorção
(pecado do cometimento)
•Reflete
influências poderosas do nosso conhecimento atual e opiniões sobre o modo como
nos lembramos do passado.
•Com
frequência, editamos ou reescrevemos inteiramente, consciente ou
inconscientemente, nossas experiências passadas com base no que sabemos no
presente ou em nossas opiniões.
Distorção (pecado do
cometimento)
•O
resultado disso pode ser uma representação distorcida de um incidente
específico ou mesmo de períodos inteiros de nossa vida, que tem mais a ver com
a maneira como nos sentimos agora do que com o que aconteceu no passado.
•A
distorção se refere às influências que alteram nosso conhecimento, opiniões e
sentimentos atuais de novas experiências ou de nossas últimas lembranças dessas
experiências.
Os eventos do
passado, argumenta-se, não têm existência objetiva, mas sobrevivem apenas em
registros por escrito e nas recordações humanas. O passado é qualquer coisa em
que os registros e as recordações coincidam… o controle do passado depende,
acima de tudo, do treinamento da memória. A certeza de que todos os registros
escritos coincidem com a ortodoxia do momento é apenas um ato mecânico. Mas
também é necessário lembrar que os eventos aconteceram no modo desejado. E, se
necessário, reorganizar nossas lembranças ou alterar registros escritos, mas
também esquecer que fizemos isso. Esse truque pode ser aprendido como qualquer
outra técnica mental.
1984, George
Orwell
Tipos de Distorção
•Distorções
de coerência e de mudança – mostram como nossas teorias a respeito de nós
mesmos podem nos levar a reconstruir o passado de forma predominantemente
parecida ao presente ou diferente dele.
•Distorções
de coerência e de mudança podem ajudar a reduzir o que os psicólogos sociais
chamam de “dissonância cognitiva”: o desconforto psicológico resultante de
pensamentos e sentimentos conflitantes. As pessoas recorrem a tudo para reduzir
a dissonância cognitiva.
•Distorções
de compreensão tardia (hindsight) – revelam que as recordações de eventos do
passado são filtradas por conhecimentos atuais.
•Distorções
egocêntricas ilustram a função poderosa do ego na criação de imagens e
lembranças da realidade.
•Distorções
estereotipadas demonstram como as lembranças genéricas moldam a interpretação
do mundo, mesmo quando não estamos conscientes da sua existência ou influência.
Persistência (pecado
do cometimento)
•Recordação
de informações ou acontecimentos perturbadores que gostaríamos de eliminar
totalmente da nossa mente.
•Em
casos mais extremos de depressão ou experiências traumáticas, a persistência
pode ser debilitante ou até mesmo fatal.
•Experiências
do cotidiano e estudos de laboratório revelam que incidentes com elevada carga
emocional são mais lembrados do que eventos que não despertam emoções.
•Quando
não conseguimos prestar atenção ou codificar uma informação nova, dificilmente
conseguiremos lembrar essa informação mais tarde.
•Os
benefícios da estimulação emocional para a memorização se aplicam tanto a
eventos positivos quanto negativos: lembramos melhor os pontos altos e baixos
da nossa vida do que os acontecimentos triviais.
•Experiências
positivas, assim como as negativas, tendem a ser lembradas involuntariamente e
de forma intrusiva.
•Pacientes
deprimidos apresentam atividade relativamente reduzida em partes do lobo
frontal esquerdo, principalmente na superfície lateral (região dorso-lateral
frontal).
•Estudos
de neuroimagem indicam que regiões semelhantes no córtex pré-frontal esquerdo
têm a função de refletir sobre experiências passadas e recordar aspectos
específicos de acontecimentos.
Considerações finais
•Em
vez de ser uma fraqueza esses pecados refletem a capacidade de adaptação da
memória.
•Esses
erros nos fazem compreender por que a memória funcional tão bem na maioria das
vezes e por que evoluiu até o modelo atual.
•Na
maioria das vezes, a memória é um guia confiável do nosso passado e do nosso
futuro, apesar de muitas vezes nos trair de modo irritante, mas revelador.
•Embora
muitas vezes pareçam ser nossos inimigos, os sete pecados são parte integral da
herança da mente porque estão tão intimamente ligados às características da
memória que a fazem funcionar bem.
•Fanny Price, em Mansfield Park, de Jane Austen:
Se alguma faculdade da nossa
natureza pode ser chamada de mais maravilhosa do que as outras, eu acho que é a
memória. Parece existir algo mais incompreensível nos poderes, nas falhas e nas
desigualdades da memória do que em qualquer outra de nossas faculdades. Algumas
vezes, a memória é tão retentiva, tão útil, tão obediente; outras vezes, tão
confusa e tão fraca; e, ainda outras vezes, tão tirânica, tão descontrolada!
Certamente, somos um milagre em todos os sentidos – mas nossos poderes de
recordação e de esquecimento parecem, de forma peculiar, impossíveis de
descobrir.
•A
psicologia e a neurociência modernas provaram que Fanny está errada em um
ponto: que os nossos poderes de recordação e esquecimento são “impossíveis de
descobrir”. Mas a observação que ela faz dos pontos fortes e fracos da memória
não poderia ser mais pertinente.
•Os
sete pecados não são meras irritações, que devem ser minimizadas ou evitadas.
Eles também explicam como a memória recorre ao passado para informar o
presente, preserva elementos de experiências atuais para futura referência e
permite que voltemos ao passado quando desejamos.
•Os
vícios da memória são também virtude, elementos de uma ponte através do tempo,
que permite que façamos uma ligação da mente com o mundo.
Dados obtidos do livro de Daniel Schacter: "Os Sete Pecados Capitais da Memória. Como a mente esquece e lembra". Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 2001.
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