Transtorno bipolar do humor
lTranstorno
bipolar, também conhecido como doença maníacodepressiva, é uma doença mental
que envolve episódios sérios de mania e depressão.
lO
humor da pessoa habitualmente oscila de muito eufórico/agitado e irritável a
tristeza e desesperança, e daí, novamente, com período de humor normal entre
esses episódios.
lO
transtorno bipolar tipicamente começa na adolescência ou no adulto jovem e
continua pela vida. Por não ser freqüentemente reconhecido como doença, pode
causar sofrimento desnecessário às pessoas que o têm.
lExistem
tratamentos eficazes que aliviam enormemente o sofrimento causado pelo
transtorno bipolar e podem em geral prevenir suas complicações devastadoras,
que chegam a incluir separações conjugais, perda do emprego, abuso de álcool e
drogas, e suicídio.
lA doença maníaco-depressiva tem um impacto devastador em
muitas pessoas.
lEstima-se
que entre 750.000 e 1.500.000 brasileiros sofram de doença maníacodepressiva.
lComo
outras doenças graves, o transtorno bipolar, além de ser perturbador para quem
o tem, é também difícil para os cônjuges, familiares, amigos e empregadores.
lFamiliares
de pessoas com transtorno bipolar freqüentemente têm que conviver com problemas
comportamentais sérios (tais como gastos excessivos) e as conseqüências
duradouras desses comportamentos.
lO
transtorno bipolar tende a acometer famílias e pensa-se que tem um componente
hereditário.
Sinais e sintomas de mania incluem:
l Irritabilidade e distraimento extremos.
l Sentimentos exagerados de "estar bem
demais" ou euforia.
l Um período prolongado de comportamento
diferente do habitual.
l Energia e atividade aumentadas, inquietação,
pensamentos
acelerados e fala rápida.
l Diminuicão da necessidade de sono.
l Crencas não realistas nas capacidades e
poderes próprios.
l Julgamento (crítica) prejudicado, não
característico.
l Impulso sexual aumentado.
l Abuso de drogas, particularmente cocaína,
álcool e medicação
para dormir.
l Comportamento ofensivo, provocativo ou
intrusivo.
l Negação de que alguma coisa esteja errada.
lOs
pacientes com transtorno bipolar não costumam apresentar todos os sinais e
sintomas de mania ou depressão, mas em alguns episódios da doença apresentam
pelo menos alguns deles em graus de intensidade variando de leve a grave.
lPode
ser útil pensar sobre os vários estados de humor na doença maníaco-depressiva
como um espectro.
lEm
um dos extremos estaria a depressão grave, (em grau menor seria depressão
moderada) em seguida viriam as alteracões de humor leves e breves (que muitos
chamam de "baixo astral"), o humor normal, a hipomania (uma forma
leve de mania) e, por fim, no outro extremo, a mania.
lAlgumas
pessoas com transtorno bipolar têm depressões repetidas e somente um episódio
ocasional de mania.
lEm
outros, mania ou hipomania pode ser o sintoma principal, e depressão pode
ocorrer só esporadicamente.
lSintomas
de mania e depressão podem aparecer misturados (mistos) num único episódio de
transtorno bipolar.
lNo começo quando estou muito contente
é tremendo... as idéias
vêm rapidamente como estrelas cadentes que você segue até que outras mais
brilhantes apareçam... toda timidez desaparece, as palavras e os gestos
corretos estão subitamente presentes... pessoas e coisas
desinteressantes, se tornam muito interessantes. A sensualidade é
penetrante, o desejo de seduzir e de ser seduzido é irresistível.
Sua cabeça está infundida; com sensações inacreditáveis de desembaraço, poder;
bem-estar; onipotência, euforia... você pode fazer qualquer coisa... mas em
algum ponto isto muda.
lAs idéias rápidas se tornam muito
rápidas e há idéias demais... confusão esmagadora substitui a clareza... a memória
se vai. O humor contagiante deixa de divertir... Seus amigos ficam
amedrontados... tudo está agora na contramão... você está irritável, com
raiva, com medo, descontrolado e preso numa armadilha.
O espectro em evolução para os
transtornos bipolares
(Akiskal e Pinto, 1999)
(Akiskal e Pinto, 1999)
lBipolar
½: transtorno esquizobipolar
lBipolar
1: doença maníaco-depressiva
lBipolar
11/2: depressão com hipomania prolongada
lBipolar
II: depressão com episódios hipomaníacos espontâneos
lBipolar
II1/2: depressão superposta ao temperamento ciclotímico
lBipolar
III: depressão recorrente mais hipomania, ocorrendo unicamente em associação
com antidepressivo ou outra somatoterapia
lBipolar
III1/2: oscilações de humor que persistam além do abuso de estimulantes e/ou
álcool
lBipolar
IV: depressão superposta a um temperamento hipertímico
Sinais e sintomas de um episódio
hipomaníaco (Akiskal et al., 1979)
Três ou mais dos seguintes dados devem
representar a partida do basal habitual do paciente por dois dias ou mais:
lJovialidade
e jocosidade
lEspírito
gregário e busca de pessoas
lAumento
do impulso e comportamento sexuais
lLogorréia
lAutoconfiança
exagerada e excesso de otimismo
lDesinibição
e atitudes livres de inquietações
lHipossonia
lEutonia
e vitalidade
lEnvolvimento
excessivo em novos projetos
Critérios validados para o
temperamento ciclotímico (Akiskal et al., 1998)
Oscilações de humor bifásicas –
mudanças abruptas de uma fase do humor para a outra, durando cada fase alguns
dias por vez com eutimia infreqüente entre as fases. Pelo menos
quatro dos seguintes dados constituem o basal habitual por longo tempo do
indivíduo:
lLetargia
alternando com eutonia
lAuto-estima
vacilante, alternando entre baixa autoconfiança e excesso de confiança em si
lDiminuição
da produção verbal, alternando com logorréia
lConfusão
mental, alternando com pensamento aguçado e criativo
lFacilidade
de choro sem explicação, alternando com excesso de jogos de palavras e
jocosidade
lAuto-absorção
introvertida, alternando com busca sem inibição de outras pessoas
Atributos do
temperamento hipertímico (Akiskal e Mallya., 1987)
Quatro ou mais dos seguintes atributos, os
quais não estão ligados a um episódio e constituem parte do funcionamento
habitual há longo tempo no indivíduo:
l“Pra
cima” e exuberante
lArticulado
e jocoso
lExcessivamente
otimista e livre de inquietações
lHiperconfiante
e falastrão
lAlto
nível de energia, cheio de planos e atividade imprevidente
lVersátil
com interesses amplos
lHiperenvolvido
e intrometido
lDesinibido
e sem medo de assumir riscos
lPoucas
horas de sono habitualmente (menos de seis horas por noite)
Características
clínicas e familiais de depressões bipolares e unipolares
A ciclotimia
lA ciclotimia caracteriza-se por
instabilidade persistente do humor (mais de dois anos), com períodos
depressivos mais leves (distímicos) e períodos de hipomania. Não chegam a ter a
gravidade e a duração dos transtornos bipolares e as pessoas permancem dessa
forma quase todo o tempo.
lEsses transtornos também podem ser
considerados como distúrbios da personalidade.
lHá uma elevada incidência de
ciclotimia em familiares de pacientes com transtornos bipolares e pode
predispor ao desenvolvimento do transtorno afetivo bipolar.
Depressão maior
Critérios diagnósticos do DSM-IV
Critérios diagnósticos do DSM-IV
A- Cinco ou mais dos sintomas seguintes
presentes por, pelo menos, duas
semanas:
(1) humor deprimido na maior parte do dia,
(2) interesse ou prazer
diminuídos em todas ou quase todas atividades diárias,
(3) significativa perda de peso
(mais do que 5% do peso corporal em um mês),
(4) insônia ou hiperssonia
aproximadamente todos os dias;
(5) agitação ou lentificação
psicomotora aproximadamente todos os dias,
(6) fadiga ou perda de energia
aproximadamente todos os dias;
(7) sentimentos de desvalia
ou de culpa excessiva ou inadequada (que pode ser
delirante),
(8) diminuição da habilidade de
pensar ou concentrar-se ou indecisão,
(9) pensamentos recorrentes de
morte e de suicídio (não é medo de morrer).
Depressão maior
Critérios diagnósticos do DSM-IV
Critérios diagnósticos do DSM-IV
B. Os sintomas não preenchem o critério
para episódio misto.
C. Os sintomas causam clinicamente
significativo sofrimento ou
incapacitação no funcionamento
social, ocupacional ou outras
importantes áreas.
D. Os sintomas não são devidos a efeitos
fisiológicos diretos de
uma substância (ex.: abuso de de
droga, medicamento) ou a
uma condição clínica geral (ex.:
hipotireoidismo).
E. Os sintomas não são considerados
ligados ao luto, isto é,
após a perda de uma pessoa amada, os
sintomas persistem
por mais de dois meses ou são
caracterizados por
comprometimento funcional acentuado,
preocupações
mórbidas com inutilidades, ideação
suicida, sintomas
psicóticos ou retardo psicomotor.
Distimia
A- Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos
os dias, por pelo menos dois anos.
B- Presença de pelo menos dois dos seguintes
critérios:
1- apetite diminuído ou hiperfagia
2- insônia ou hipersônia
3- baixa energia ou fadiga
4- diminuição da auto-estima
5- concentração diminuída ou
dificuldade de tomar
decisões
6- sentimentos de desesperança
C- Durante um período de dois anos da doença,
nunca ficou sem os
sintomas de A por mais de dois meses.
D- Sem evidência de episódio depressivo maior
durante os dois
primeiros anos da doença (o distúrbio
não é considerado para o
distúrbio depressivo maior crônico)
E- Nunca houve episódio maníaco, episódio
misto, ou hipomaníaco e
os critérios nunca se aplicam para o
distúrbio ciclotímico.
F- O distúrbio não ocorre exclusivamente durante
o curso de um
distúrbio psicótico crônico, como a
esquizofrenia ou distúrbio
delirante.
G- Os sintomas não são devidos a efeitos
fisiológicos diretos de uma
substância (ex.: abuso de drogas,
medicamentos) ou a uma
condição médica geral (ex.:
hipotireoidismo).
A depressão melancólica
lCaracteriza-se pela presença dos
mesmos critérios para depressão maior, além de relacionar-se a boa resposta
prévia à terapêutica com antidepressivos tricíclicos, eletroconvulsoterapia
(ECT), inibidores da monoaminooxidase (IMAOs) e lítio, surgindo mais
frequentemente em pessoas acima dos 40 anos com personalidade pré-mórbida
estável, não neurótica.
lÉ comumente considerada como a forma
mais grave das depressões.
A depressão atípica
lÉ um quadro que se caracteriza por
apresentar sintomatologia oposta à da depressão maior, com humor reativo a
estímulos, hipersonia, aumento do apetite e do peso, depressão com ansiedade
acentuada, queixas fóbicas e dificuldade para iniciar o sono.
lElas respondem melhor aos inibidores
da monoaminooxidase (IMAO) do que aos
antidepressivos
tricíclicos (ADT).
A depressão sazonal
lCaracteriza-se
por episódios recorrentes que têm início no período outono-inverno e melhora no
período da primavera-verão.
lFoi
descrita por ROSENTHAL e cols. em 1984, quando verificaram serem mais frequente
nas mulheres.
lNormalmente
aparece com sintomas atípicos (hiperfagia, ganho de peso, hipersonia, letargia
e isolamento).
lProvavelmente
tem como uma das causas a redução da luminosidade nessa época do ano, mecanismo
vinculado ao aumento da produção de melatonina (que inibiria a produção de
serotonina) e responde bem à fototerapia (250 a 500 lux por um período
vespertino de aproximadamente 2 horas) e também à terapêutica com os IMAO.
A depressão psicótica
lPreenche
os critérios para depressão maior associada à presença de delírios e/ou
alucinações e, em alguns casos, obnubilação de consciência.
lGeralmente
são delírios congruentes com o humor (culpa, niilismo, ruína, morte, pecado) e,
em algumas ocasiões encontramos delírios incongruentes com o humor que, para
alguns autores, tratavam-se de quadros esquizoafetivos.
lAs
recidivas são frequentes e costumam melhorar apenas com a associação de eletroconvulsoterapia
(ECT) e neurolépticos, com pouca resposta aos antidepressivos.
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