Claude Monet. O Nascer do Sol. Ca. 1872. |
Psicoterapias são tratamentos nos
quais uma pessoa profissionalmente treinada estabelece uma relação com um ou
vários pacientes a fim de descartar, de modificar ou de impedir a persistência
de sintomas psíquicos ou somáticos e promover um desenvolvimento positivo da personalidade
destes pacientes". (Lewis Wolberg)
Modalidades de Psicoterapia
Psicanálise freudiana;
Psicot. de inspiração analítica
(psicot. breves, Jung, Adler, Rogers, ete.);
Hipnoterapia, narco-análise,
sonho vigil;
Terapias de comportamento;
Terapias corporais (treinamento
aut6geno de Schultz, relaxo de Jacobson, etc.);
Terapias familiares (sistêmica); .
Terapias institucionais e
socioterapia; . .
Terapias humanistas (meditação
transcendental, gestalt, bioenergia, análise transacional, etc.);
Classificação das Psicoterapias Segundo sua Intenção
Terapias psicagógicas
Apelam à inteligência, à vontade,
à criatividade e à sociabilidade da pessoa:
Análise existencial;
Criatividade (ergoterapia,
arteterapia);
Socioterapia (grupos, família,
instituição).
Terapias de sugestão
Hipnose;
Outros métodos de desbloqueio dos
automatismos psicológicos (sonho vigil, narcoanálise, relaxamento, treinamento
autógeno, descondicionamento).
Terapias psicodinâmicas
Psicanálise;
Psicoterapia de inspiração
psicanalítica.
Quando indicar psicoterapia ao idoso.
Nos momentos de crise, ruptura
afetiva, luto, institucionalização.
Como reforço do ego.
Nas doenças que ocorrem na 3a.
idade: distúrbios ansiosos, hipocondria,
Nos estados regressivos,
processos delirantes, demência, depressão.
Como terapia do meio (familiar ou
instituição).
Critério de Fenichel
A indicação para uma psicoterapia é a
capacidade do paciente em obter satisfações narcísicas ou libidinais.
O objetivo é beneficiar o idoso com uma
qualidade de vida melhorada.
Só pode ser avaliada pelo aspecto
econômico da personalidade do indivíduo pela sua história, flexibilidade de
suas funções mentais e de sua capacidade de reagir.
Psicoterapia no idoso – Generalidades
·
A população que envelhece, passa por importantes
transformações psicológicas que inevitavelmente acarretarão demanda de cuidados
especializados em psiquiatria geriátrica.
Este trabalho necessariamente tem de ser feito por equipes
multidisciplinares dada a complexidade dos problemas psíquicos da pessoa idosa
e não poderão ser enfrentados por apenas um profissional.
·
Assim, especialistas das mais diferentes áreas
tais como psiquiatras, geriatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiras,
terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros, deverão trabalhar em
conjunto para uma maior integração de esforços e melhor atendimento ao paciente
que tem sua "psiquê" comprometida com a senescência.
·
Uma das formas de abordagem terapêutica ao
paciente idoso é a utilização da psicoterapia, em suas variadas formas,
adequando-a às peculiaridades da personalidade do geronte.
·
Freud contribuiu sobremaneira para retardar o
progresso das psicoterapias das pessoas idosas ao dizer:
"As pessoas que atingiram
ou passaram dos cinquenta anos não dispôem mais da plasticidade dos processes
psíquicos sobre os quais se apóia a terapêutica -as pessoas idosas não são mais
educáveis- pelo contrário, a quantidade de materiais a decifrar aumenta
indefinidamente a duração do tratamento.”
·
Entretanto, inúmeros autores, após Freud,
contestaram as idéias do mestre e afirmaram não só as potencialidades da
psicoterapia entre os idosos como os seus inúmeros benefícios. Karl Abraham, um dos grandes discípulos do
pai da psicanálise, foi um dos primeiros, se não o primeiro, a demonstrar as
imensas potencialidades da psicoterapia nesta faixa etária.
“ ... como toda psicoterapia
com outras categorias de idade, a terapia de um idoso deprimido é marcada pela
qualidade da transferência ... Muito características também são, sem
dúvida, as modalidades um pouco heterodoxas da prática psicoterápica em
psicogeriatria: valorização da expressão facial e das qualidades tonais da voz,
crescimento da importância concedida à linguagem silenciosa do espaço e
da gestualidade, recurso lícito às atitudes pedagógicas (repetição, escrita,
etc.). descoberta das riquezas do contato com o corpo do paciente, etc.”.
Defleur, 1985.
·
A psicoterapia do idoso não só é indicada
mas como necessária para lidar com os grandes males psíquicos desta etapa da
vida: a depressão, que responde pela maior parcela dos problemas
psicogeriátricos e o grupo dos transtornos ansiosos.
·
Em pesquisa recente, realizada pelo autor com
seus pacientes na Previdência Social e em sua clínica privada, ficou constatada
que a distimia responde por 33,5 % de todas as patologias psiquiátricas na
velhice.
·
Se somadas aos casos de depressão maior,
melancolias, depressões psicóticas ou endógenas, esta cifra sobe para 47%.
·
Os dados obtidos nesta pesquisa para todas as
faixas etarias, à excessão da infância e adolescência, alinham-se aos obtidos
junto à faixa da Terceira Idade.
·
Isto mostra, mais uma vez a sabedoria da frase
do grande mestre Ajuriaguerra:
On vieillit comme on a vécu' (Envelhece-se como se
viveu).
·
Nas últimas décadas surgiram importantes
técnicas psicoterápicas que são de grande valia no atendimento ao idoso. Dentre
elas destacamos a psicoterapia psicodinâmica breve, a terapia cognitivo-comportamental, a terapia
de reminiscências, as técnicas de relaxamento, as psicoterapias de grupo.
·
A indicação para uma ou outra técnica dependerá
da habilidade do psicoterapeuta, de sua experiência profissional e sua empatia
para com o idoso. Isso é mais importante do que uma técnica padrão
pré-determinada.
·
Deve-se agir com a maior flexibilidade possível,
sendo muito comum hoje a associação de diferentes técnicas para um mesmo
paciente.
·
Acima de tudo, é necessário saber ouvir.
·
Apreende-se dos levantamentos epidemiológicos
que os idosos são frequentemente acometidos de distúrbios psíquicos importantes
que requerem a intervenção, frequentemente em caráter de urgência, de pessoal
treinado para esse fim.
·
A atenção ao idoso, portador dessas patologias,
deverá ser feita em um ambiente profissional especializado, por equipes
multidisciplinares e que ofereçam também um clima cordial, afetuoso,
participativo, visando atenuar a constante sensação de inutilidade, frustração
e irnpotência de que são vítimas.
·
Tais iniciativas começam a surgir entre nós, com
a presença de profissionais dedicados ao estudo destas questões e cujos
resultados positivos têm ensejado expectativas promissoras.
Temas e problemas comuns às psicoterapias no idoso
·
A perda e a necessidade de encontar reparação
para ela.
Pfeiffer
(1978): “Velhice, uma estação de perdas”.
·
Fazer a tentativa de manter a auto-estima, a
integridade do ego (Erickson, 1968) e um senso de propósito na vida, em
uma fase do ciclo vital caracterizada por recursos do ego decrescentes,
aumento de incertezas e pela investida violenta de traumas narcísicos.
Psicologia do Self de Heinz Kohut (1966, 1971)
·
O Self pode ser definido como uma
estrutura psicológica do desenvolvimento responsável pela manutenção de nossa
auto-imagem, auto-estima, sentimentos, afetos associados com a integridade
corporal e psicológica e pela necessidade relativa de outras pessoas para
idealizar e regular a auto-estima.
Self nuclear arcaico
Self coeso
Formas mais elevadas de Self incluindo a transformação potencial de Self na segunda metade da vida.
·
O Self coeso pode evoluir para sentimentos de
enfraquecimento com funcionamento rompido, sendo de fragmentação interior.
·
Cath (1976): Pessoas mais velhas
psicologicamente saudáveis têm capacidade de tolerar perdas, de enlutarem-se
sem se deprimir, ou se ficarem deprimidas não perdem o auto-respeito básico,
nem sofrem danos na auto-estima.
Cath (1976): A magnitude das
reações da pessoa dependerá da quantidade de investimento narcísico na função
ou objeto perdido.
Pessoas que perdem a auto-estima na velhice o fazem por que:
·
As alterações físicas se tornam tão pronunciadas
que a pessoa é forçada a aceitar uma auto-imagem menos desejada.
·
A auto-estima dependia demais de papéis sociais
ou profissionais.
·
Ocorreu uma perda de controle sobre a própria
vida e ambiente.
·
Problemas com regulação da auto-estima durante
períodos anteriores do desenvolvimento ainda existem. (Atchley, 1982)
·
Atchley acredita que os idosos defendem-se
adaptativamente contra estereótipos sociais negativos da velhice e a “corrosão”
da auto-estima da seguinte forma:
- Focalizando-se em sucessos
passados,
- Desprezando mensagens que não
se ajustam ao auto-conceito existente da pessoa idosa.
- Recusando-se a aplicar mitos e
concepções errôneas sobre envelhecimento a si mesmos.
- Preferindo interagir com
pessoas que proporcionaram uma experiência ego-sintônica.
- Percebendo seletivamente o que
lhes dizem.
·
A regressão pode servir a funções adaptativas
através da preservação da auto-estima e evitação de sentimentos de vazio e
depressão.
Temas e problemas comuns às psicoterapias no idoso: o término da
terapia
Deve haver uma contínua
disponibilidade do terapeuta.
O terapeuta deve transmitir um
entendimento destes temas.
O terapeuta deve revelar com
palavras e gestos uma disposição para ajudar o paciente a elaborar as perdas e
descobrir novas e velhas fontes de satisfação e gratificação e a modificar os
objetivos aos quais aspirava.
O terapeuta aceita as limitações
do paciente e modifica repetidamente os objetivos da terapia.
O terapeuta deve ser sensível à
tendência do paciente em atribuir seus próprios sentimentos de desesperança e
futilidade ao terapeuta, acreditando que o mesmo é rechaçante e crítico.
O paciente é extremamente
sensível a comportamentos sutis indicando a irritação ou rejeição por parte do
terapeuta.
O terapeuta pode servir de
substituto para aqueles amigos e parentes importantes que o paciente perdeu.
Psicoterapia de insight e apoio
As indicações, processos e
técnicas para ambas são semelhantes para o idoso e o adulto.
No idoso há discussão de
problemas relacionados à idade, reações específicas de transferência e
contra-transferência e modificações de técnicas de apoio especializadas,
aplicáveis especialmente ao idoso frágil.
Candidatos adequados para a
psicoterapia orientada ao insight
Pacientes com motivação para a
mudança.
Pacientes com capacidade de usar
insight e resolver a transferência.
Pacientes com capacidade para
elaborar perdas.
Pacientes com capacidade anterior
para trabalho e prazer.
Pacientes com capacidade para
tolerar afetos dolorosos.
Objetivos da psicoterapia orientada ao insight
Visar mudança estrutural ou
intra-psíquica.
Elaboração do luto daquilo que
passou.
Resolver conflitos interpessoais
frequentemente derivados do passado que são agora emocionalmente desgastantes.
Elaborar experiências passadas
intensamente íntimas, conflitantes e geradoras de vergonha.
Estabelecer e elaborar conflitos
na transferência.
Técnicas terapêuticas da psicoterapia orientada ao insight
Esclarecimento
Interpretação
Mobilização
Resolução da transferência
Técnicas terapêuticas da
psicoterapia orientada ao insight
Nem todos os pacientes idosos
estão por demais física e emocionalmente prejudicados a ponto de impedi-los de
uma terapia de insight.
Para muitos uma abordagem
abertamente suportiva pode reforçar a regressão e sua auto-imagem negativa.
Terapia de apoio
Indicada no idoso frágil:
- Distúrbios mentais orgânicos.
- Outras doenças mentais
debilitantes.
Terapia de apoio -
Técnica
Diretiva
Concreta
Ativa
Estruturada
Avança mais lentamente
Reconhece as limitações do
paciente
Reminiscência
Reafirmação
Educação
Sugestão
Validação da auto-consideração
Terapia de apoio -
Objetivo
Não é a resolução do conflito.
O terapeuta usa os conhecimentos
psicodinâmicos das necessidades conscientes e inconscientes do paciente para
ajudá-lo a aumentar sua tolerância para a incapacidade e para explorar meios de
remediar problemas através de mudança ambiental.
É necessário trabalhar a família.
Goldfarb e Turner (1953) propõem
que o terapeuta seja uma figura parental, onipotente e benevolente.
Reações de transferência e
contra-transferência
Reações positivas transferenciais
parentais ou filiais – especialmente quando o terapeuta assemelha-se em idade
aos filhos do paciente.
Reações negativas – antecipação
de rejeições sentidas em relação à família.
Contra-transferência – conflitos
com os pais e avós não resolvidos pelo terapeuta.
Abordagens especializadas
Psicoterapia psicodinâmica breve
de tempo limitado
Terapia cognitiva
Terapia de reminiscência
Psicoterapia psicodinâmica breve (de tempo limitado)
Indicação
Idosos com problemas relacionados
à idade.
Circunscritos.
Claramente definidos.
Que podem ser resolvidos em
período breve (distúrbio de ajustamento, reação de luto não-resolvido,
transtorno do estresse pós traumático).
Vantagens
Estipulação de tempo limitado:
- Pode reforçar a confiança do
paciente em sua capacidade de resolver problemas dentro de um período de tempo
limitado,
- Focalizar e acelerar o processo
terapêutico,
- Diminuir o medo de dependência
do paciente,
- Acomodar recursos financeiros
limitados.
Técnica
Utiliza o entendimento
psicodinâmico do terapeuta sobre o paciente e da transferência para esclarecer
e interpretar as reações emocionais do paciente a um estresse de vida atual.
Estudos de Lazarus et al. revelaram
que o terapeuta era usado pelo paciente para validação de competência e
normalidade e para restauração de sentimentos de domínio e auto-estima.
Melhora sintomática ocorreu em
maior grau do que a conquista de insight ou auto-entendimento.
Terapia cognitiva
É uma terapia breve, de tempo
limitado, que tenta corrigir, pelo uso de interpretações, explicações e
informação prática, padrões de pensamento estereotipados, auto-derrotistas e as
atitudes disfuncionais do paciente deprimido a fim de promover integração de
percepções e padrões de pensamento positivos e deste modo diminuir a depressão.
Terapia cognitiva -
técnicas
Os pacientes aprendem a reverter
seus padrões cognitivos negativos através dos seguintes processos:
Aprender a monitorar pensamentos
negativos,
Reconhecer ligações entre
pensamentos negativos e sentimentos de depressão,
Examinar a evidência a favor e
contra pensamentos automáticos específicos,
Aprender a identificar e alterar
crenças disfuncionais que sustentam esses padrões cognitivos negativistas,
Desenvolver estratégias mais
orientadas à realidade ou adaptativas para lidar com a depressão.
Gallagher e Thompson (1982)
fizeram mofidificações na técnica para explicar problemas especiais:
Ex.: Paciente comenta que “está
muito velho para mudar”.
Terapeuta responde: “Talvez seja
verdade que você não pode aprender novas formas e pensar sobre seus problemas,
mas como você pode ter certeza disto se não tentar?”
Gallagher e Thompson (1982):
Paciente: “O terapeuta é muito
jovem para ajudar-me”.
Terapeuta: Pode encorajar a
suspensão temporária desta crença de modo que uma tentativa de terapia possa
ter seguimento.
Terapia cognitiva – sugestões
para modificação da técnica
Aclimatar os pacientes para a
terapia apresentando-a como uma forma de aprender a ajustar-se melhor a essa
fase da vida, explicando o que a terapia pode e não pode fazer, encorajando a
participação ativa.
Terapia cognitiva –
sugestões para modificação da técnica
Intensificar as capacidades de
aprendizagem.
Ex.: encorajando o registro de
notas em um diário da terapia, usando
exemplos relevantes à idade, entendendo a exitação do paciente em seguir as
sugestões terapêuticas.
Terminar a terapia gradualmente:
- Antecipando problemas futuros,
- Encorajando o uso das
habilidades cognitivas recém-aprendidas,
- Deixando a porta aberta para o
paciente retornar à terapia, no futuro.
A terapia cognitiva pode ser
especialmente eficaz para pacientes idosos cognitivamente intactos, motivados e
com depressões maior e distimia.
A terapia cognitiva apóia
mecanismos de defesa mais elaborados, como intelectualização e racionalização,
encoraja a participação ativa do paciente e oferece uma abordagem de tratamento
altamente estruturada para a depressão.
Comparação
estatística dos resultados das psicoterapias breves
Os resultados das três formas de
terapias breves (psicodinâmica, cognitiva e comportamental) foram comparados em
pac. ambulatoriais idosos com depressão maior.
Todas eram igualmente eficazes no
seu término.
70% de resposta positiva, com
tendência à manutenção da melhora ligeiramente maior para a cognitiva e
comportamental.
A idade avançada não afetou o
resultado do tratamento.
Pac. muito idosos responderam tão
bem quanto os menos idosos às 3 formas de terapia.
Aspectos positivos da
terapia cognitiva (Karasu, 1986)
Natureza de tempo limitado que
reforça a expectativa positiva de mudança dentro de um período de tempo
limitado.
Consideração dos recursos
financeiros do paciente.
Apoio de mecanismos de defesa
mais elaborados, como intelectualização e racionalização.
Encorajamento da participação
ativa do paciente.
Procedimentos estruturados para
tratamento de depressão.
Potencial para integração com
outras modalidades de tratamento (psicodinâmica, comportamental).
Deficiências da terapia cognitiva (Karasu, 1986)
Aplicação restrita a pacientes
com pequenos graus de incapacitação.
Potencial, quando usada como
única modalidade de tratamento, de produzir intelectualização excessiva ou de
ser aplicada mecanicamente para desviar sentimentos.
Terapia de reminiscência ou de revisão de vida
Butler (1963) observou a
tendência universal do ser humano que envelhece em refletir sobre e a
entregar-se a reminiscências do passado.
Esse processo ajuda a pessoa a conceitualizar
sua vida com o passar do tempo e a dar-lhe importância e significado.
Este processo é estimulado pela
percepção da própria finitude.
A reminiscência busca algum
significado para suas vidas e luta por alguma resolução de conflitos
interpessoais e intrapsíquicos.
O objetivo da terapia é
intensificar este processo e torná-lo mais consciente e deliberado.
Terapia de
reminiscência ou de revisão de vida - Objetivos
Resolver problemas antigos.
Aumentar a tolerância do
conflito.
Aliviar culpas e medos.
Aumentar a criatividade,
generosidade e aceitação do presente.
Terapia de
reminiscência ou de revisão de vida - Métodos
Peregrinações a lugares de
experiências passadas.
Auto-biografias.
Reuniões de família, amigos,
vizinhos.
Folhear álbuns de fotografias.
Ouvir músicas antigas e falar
sobre elas.
Ver exposições com fotos antigas
da cidade onde mora ou onde viveu no passado.
Psicoterapia no idoso deprimido
As psicoterapias também são de
grande importância no tratamento da depressão no idoso.
Dá-se preferência às técnicas
psicodinâmicas breves, com o foco centralizado sobre as questões atuais pelas
quais passa o paciente, notadamente as situações de perda, isolamento, baixa
das acuidades sensoriais, redução de proventos, institucionalização, presença de
doenças físicas, dores, etc.
DEFLEUR relaciona os principais
temas abordados na psicoterapia do deprimido:
a- Sentimentos depressivos
provocados por: doenças físicas, comprometimentos provocados pela idade
(infarto do miocárdio, transtornos da marcha, etc.);
b- aumento da dependência devido
às condições físicas ou econômicas;
c- as dificuldades de memória, a
fatigabilidade aumentada e a redução das capacidades de se comunicar;
d- A dificuldade em se adaptar
aos costumes dos novos tempos. O comportamento inaceitável dos netos no que
tange a: contracepção, modos de se vestir, horário de chegar em casa, atitudes
com os (as) namorados (as), o silêncio de seus pais;
e- O tema da morte e a angústia
daí advinda cuja defesa contra-fóbica mais comum é:
deixar a luz acesa à noite,
presença de frequentes idéias de suicídio, desinteresse pelo noticiário da
noite (que é deixado para o dia seguinte), preocupações obsessivas com a
meteorologia de amanhã, ritual de arrumação vespertina dos seus aposentos,
preocupação com o preparo da mesa do café da manhã do dia seguinte, etc.;
f- O tema das relações
interpessoais só é tardiamente abordado, após colocação do terapeuta, e vem
frequentemente acompanhado por analogias, projeções ou intelectualizações.
O sofrimento não tem idade e o
inconsciente também não. (King, 1980)
O aparelho psíquico vive até o
fim. (Kernberg, 1989)
Exceto casos de comprometimento
cerebral orgânico, que invalidam seriamente o pensamento, o psiquismo é um
espaço em expansão, desejoso de enriquecer-se pela troca e pela compreensão,
até o fim da existência. (Le Gouès, 1991).
Isso torna absolutamente viáveis
as técnicas psicodinâmicas nos pacientes idosos, ao contrário do que dizia
FREUD, para quem a pessoa, no seu cinquentenário, perde a elasticidade dos
processos mentais, não sendo mais educável, o volume de material com o qual
é confrontada seria de tal monta que
prolongaria indefinidamente o tratamento, até o ponto em que a sua saúde mental
não estaria mais em cogitação.
A psicoterapia deve se revestir
de um aspecto de apoio pragmático, levando-se em conta cada situação e as
necessidades imediatas dos pacientes.
O terapeuta deve se colocar do
lado dos pacientes contra os estresses impostos pelo envelhecimento.
A psicoterapia é uma técnica
oportunista de fortalecimento das defesas do Ego, desde que este tenha sido
suficientemente forte para resolver os conflitos anteriores, mas não o
suficiente para suportar as diversas retrações de investimentos impostas pela
atual forma de civilização.
A indicação mais importante para
uma psicoterapia psicodinâmica é quando o paciente idoso sai de uma depressão
ou quando de um acontecimento doloroso do qual o mesmo não consegue sair
sozinho.
Uma técnica que tem sido cada vez
mais aceita e difundida em todo o mundo é a terapia cognitiva.
Ela tem se mostrado extremamente
valiosa tanto como tratamento isolado como associada aos psicofármacos e
técnicas sociais.
Sabemos que muitas depressões são
provocadas por aquilo que se conhece como “cognições depressogênicas” que é um
conjunto de idéias e esquemas de comportamento vinculados à depressão e que
guiam e norteiam o comportamento e escolhas do deprimido.
As terapias comportamentais,
principalmente se não seguirem os modelos ortodoxos de algumas décadas
atrás, também têm se mostrado com bons
resultados nessas situações.
Lazarus relata que foi realizada
uma comparação em 1987, por Thompson e
cols., entre as seguintes abordagens psicoterápicas no paciente idoso com
depressão maior e acompanhados ambulatorialmente: terapia cognitiva,
comportamental e psicodinâmica breve.
Todas as três se revelaram
igualmente eficazes no término da
terapia (taxa de resposta positiva para as três em torno de 70%).
Relata também que houve uma
tendência, não estatisticamente significativa, de manutenção das melhoras nas
técnicas cognitiva e comportamental maior do que a observada na psicodinâmica.
As técnicas de reminiscência de
vida, introduzidas por Butler (1963), são também muito indicadas para pacientes
idosos, seja nos casos em que há
dependência ou certo grau de comprometimento cognitivo, casos nos quais têm
excelentes resultados, seja em pacientes cognitivamente não comprometidos.
A reminiscência é caracterizada
pela expressão de lembranças de experiências passadas, especialmente aquelas
que foram significativas ou conflitivas.
O idoso tem uma natural tendência
a refletir e fazer reminiscências acerca do passado, um processo que ajuda a
pessoa a conceptualizar sua vida através dos tempos e dar a ela significância e
sentido.
O objetivo dessa técnica é
intensificar a tendência de busca de reminiscências passadas para buscar algum
significado para suas vidas e lutar pela resolução de conflitos interpessoais e
intrapsíquicos, tornando-os mais conscientes e deliberados.
Essa técnica pode ajudar na
resolução de conflitos muito antigos, aliviar culpas e medos, aumentar a criatividade, generosidade e aceitação do
presente.
Indicações para psicoterapia individual orientada para o “insight” no
idoso
Coorte de idosos normais,
O paciente deve estar motivado,
Paciente com capacidade para auto-observação,
insight e luto,
Paciente capaz de tolerar afetos dolorosos sem
regressão excessiva,
Demonstração de capacidade para trabalho
produtivo, intimidade e prazer.
Temas de conflitos
onde há indicação para esta psicoterapia:
Adaptação para as perdas;
Medo do declínio ou declínio da
vida sexual;
Perda da identidade e da
gratificação narcísica que acompanha o idoso como trabalhador produtivo;
Conflito conjugal;
Medos de dependência;
Fracassos em atingir objetivos
que frequentemente surgem de auto-percepção idealizada (“ego ideal” ou “self
grandioso”);
Confronto constante com as
questões de mortalidade e iminência da morte.
Situações em que a
vulnerabilidade está aumentada:
História de privação séria em
idade muito precoce;
Presença de longa duração de
defesas rígidas e/ou primitivas;
Superconfiança no componente do
self de relações íntimas;
Perdas prévias sem luto;
Impactos intensos não suportáveis
ou múltiplos (guerras ou privação severa);
Ruptura das capacidades do ego
devido a patologia física e/ou emocional;
Inabilidade dos cuidadores,
especialmente da família, em tolerar a dor individual.
História de privação séria em
idade muito precoce;
Presença de longa duração de
defesas rígidas e/ou primitivas;
Superconfiança no componente do
self de relações íntimas;
Perdas prévias sem luto;
Impactos intensos não suportáveis
ou múltiplos (guerras ou privação severa);
Ruptura das capacidades do ego
devido a patologia física e/ou emocional;
Inabilidade dos cuidadores,
especialmente da família, em tolerar a dor individual.
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