Salvador Dali. The Signal of Anguish, 1934. Óleo sobre tela.
Scottish National Gallery of Modern Art, Edinburgh
Ansiedade e
medo são emoções tão corriqueiras que o dicionário está repleto de sinônimos
para elas. A principal diferença entre medo e ansiedade é que o primeiro ocorre
como uma resposta a um perigo real, enquanto a segunda ocorre sem que qualquer
tipo de perigo objetivo esteja presente. A ansiedade é um estado emocional
parecido com o medo; porém dirigido para o futuro, desproporcional (a uma
ameaça reconhecível) e que traz intenso desconforto físico.
A ansiedade
pode manifestar-se de várias maneiras: em forma de ataques de pânico; de fobias
(medos específicos de altura, avião, situações sociais, etc.): como
conseqüência de uma experiência traumática (assaltos, acidentes, etc.) e de
maneira generalizada (quando os sintomas persistem constantes ao longo do
tempo). Em todos estes casos é possível lidar com a ansiedade utilizando técnicas
psicológicas e/ou tratamentos farmacológicos adequados. Além desses recursos,
alguns procedimentos simples têm-se mostrado eficazes e serão descritos a
seguir.
1- Aprenda a relaxar.
As técnicas de relaxamento são úteis em
relação a todos os sintomas ansiosos. Uma
maneira prática de fazer isso é: feche os olhos e percorra toda musculatura do
corpo, contraindo-a e relaxando-a em seguida. Comece pelo pé e vá passando
gradativamente para as outras partes até chegar à cabeça. Isso pode ser feito
na posição sentada ou deitada. Fique atento à sua respiração.
2-
Respirar é algo tão automático na nossa existência que poucos imaginam o quanto
este ato tão simples está relacionado à ansiedade. A respiração ansiosa é curta, concentra-se
no peito. Por isso, mesmo no decorrer de uma crise de ansiedade, é
necessário que se procure uma respiração completa e profunda. Para isso,
inspire o ar até que a barriga fique cheia como um balão de ar. Depois, expire
lentamente até sentir-se totalmente "vazio". Repita o procedimento
quantas vezes forem necessárias.
3- Praticar esportes ou simplesmente caminhar são recursos úteis na
diminuição da ansiedade e do estresse. Tente
praticar algum esporte pela manhã. Faça isso sempre que possível mas não
exagere. O exercício compulsivo pode ter o efeito inverso.
4- Evite café, cigarro, bebidas
do tipo cola e outros estimulantes. Estas substâncias aumentam a
ansiedade e desencadeiam ataques de pânico. Entretanto, o momento em que
se inicia um tratamento para ansiedade não é o melhor momento para parar
defumar. A parada brusca do cigarro leva aos sintomas de abstinência que
piorarão sua ansiedade.
5- Se você tiver
interesse em técnicas de meditação, saiba que lhe serão extremamente úteis no
controle da ansiedade. A meditação,
seja ela Zen-Budista, Yoga ou religiosa, orienta a experiência do
momento presente, trabalha a respiração e facilita o contato consigo mesmo.
6- As pessoas ansiosas costumam ter pensamentos
catastróficos a respeito de toda e qualquer situação. Observe seus
pensamentos e, se lhe parecerem excessivamente catastróficos, anote-os e
procure uma interpretação mais realista da situação.
7- Se sua
ansiedade tiver começado após a vivência de uma situação traumática como
assalto, seqüestro, estupro, etc., você deve procurar ajuda para enfrentá-la. Neste
caso, evitar as situações relacionadas à experiência traumática também só
piorará sua ansiedade e limitará sua vida.
8- Se a ansiedade é fóbica, ou seja, medo de um objeto
ou situação que o obriga a evitá-la e acaba por limitar sua vida; é
importante lembrar que o único meio de lidar com um problema é enfrentando-o.
Evitar uma situação temida só colabora para que a ansiedade em relação a
ela seja cada vez maior. Se, aos poucos, enfrentamos estes
"fantasmas" e nos reconhecemos capazes de lidar com eles (respirando
fundo, por exemplo), o medo diminui e nos sentimos mais seguros.
O que
tecnicamente é conhecido como "terapia de exposição" consiste no
planejamento desta aproximação à situação temida e à ansiedade associada a ela.
9-
Se a ansiedade é intensa e desencadeia ataques de pânico, não se
apavore. O ataque de pânico é uma reação fisiológica que, por mais terrível
que seja, vai embora num tempo determinado. Se você enfrentar o ataque de
pânico, ou seja, apenas esperar que ele acabe, verá que seu tempo de duração
não é tão longo quanto você imaginava.
Respirar e relaxar são recursos que ajudam a suportar estes minutos tão
difíceis. Não acredite que evitando as situações onde você imagina que terá um
ataque de pânico vai ajudá-lo a livrar-se dele.
O melhor a fazer é dar-lhe a devida proporção: é "apenas" uma
descarga de adrenalina que não mata, nem deixa seqüelas e dura poucos minutos.
10- Quando a ansiedade aumenta em situações
sociais, a melhor maneira de lidar com ela também é enfrentá-la. Não deixe
de estar com pessoas por medo de uma crise de ansiedade. Nestas situações, é
possível utilizar outros recursos apropriados.
• procure prestar atenção nas pessoas à sua
volta. Tire o foco de si mesmo e pare de criticar-se. As demais pessoas podem
ser interessantes e certamente também estão vulneráveis a críticas.
• se perceber que está ruborizado, suando
ou tremendo, lembre-se de que estes sinais são mais perceptíveis para você do
que para os demais. Além disso, ficar ansioso não é sinal de fraqueza e não
precísa se envergonhar disso. Assim como os ataques de pânico, em poucos
minutos estas sensações mais intensas cedem e desaparecem.
• aprenda a colocar sua opinião sempre que
tiver algo a dizer. Participe. Falar em público e expor suas idéias é uma
questão de treino.
Quando a
ansiedade for demasiadamente intensa e as orientações descritas forem
insuficientes para ajudá-lo, é indicado o tratamento farmacológico e/ou
psicoterápico. Muitas vezes, é necessário iniciar o tratamento de sua
ansiedade com medicações que diminuam as crises mais intensas e lhe permitam
maior estabilidade para a realização de uma psicoterapia apropriada ou para
utilização das orientações apresentadas aqui.
Autores deste texto: Táki Athanássios Cordás e Mireia
Roso
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