sábado, 1 de junho de 2013

Delírio Dermatozóico de Ekbom


Karl Axel Ekbom (1907-1977)

O Delírio Dermatozóico de Ekbom, também conhecido como síndrome de Ekbom, delírio de infestação parasitária, acarofobia, "delusional parasitosis" e parasitose psicogênica, é uma doença que ocorre raramente. Observa-se, mais frequentemente, em consultórios ou ambulatórios de atendimento a pessoas idosas, mas ocorre também em pacientes pré-senis. É caracterizado por uma crença firme e bem estabelecida de que o paciente está infectado por vermes que saem de sua pele, ou se deslocam por debaixo da mesma, preponderando em áreas do couro cabeludo, boca, olhos e região genital. A maioria dos pacientes é do sexo feminino. Com frequência, está associada a isolamento social e às demências, em particular a demência de Alzheimer. Pode ocorrer também associação a transtornos orgânicos, como hipertireodismo, diabetes e intoxicações medicamentosas.

O prof. Ekbom também foi o primeiro a descrever a
 Síndrome das Pernas Inquietas.

A primeira descrição clínica deste quadro deve-se a Thibierge, em 1894, que lhe deu o nome de acarofobia. Em 1896, Perrin publicou três casos aos quais denominou de neurodermia parasitofóbica, em duas mulheres e um homem, em idades próximas aos 50 anos. Em geral, havia prurido intenso, com escarificação da pele, sem que qualquer transtorno dermatológico tenha sido encontrado.

Pequenos parasitas que correm por debaixo da pele, mas que
podem também ser interpretados como insetos, tais como formigas.

Em 1938, o psiquiatra sueco Karl Axel Ekbom (1907-1977) descreveu esses casos mais detalhadamente e os enquadrou em um quadro sintomatológico mais amplo, dando-lhe uma classificação nosológica distinta.

O trabalho original de Ekbom.

As principais características desta síndrome são:
1-   É rara e de início insidioso (em pouquíssimos casos têm início súbito);
2-   Geralmente é encontrada em mulheres idosas ou no período involutivo;
3-    É um transtorno delirante isolado, sem a presença de outros delírios, pobre, monotemático, coerente e apoiado em sensações tácteis variadas, que levam a coceiras e picadas;
4-   Atinge principalmente o couro cabeludo, tórax e orifícios corporais;
5-   Pode ocorrer após contatos com animais, após alguma relação sexual ocasional, ou após proliferação de insetos, como baratas, na residência do paciente;
6-   São crônicos;
7-   O paciente relata a presença de pequenos parasitas, do tipo pequenos vermes, que saem da pele ou andam sob a mesma, caem de seus cabelos, e pode até sentir os odores dos “bichinhos”;
8-   Os parasitas são descritos como algum tipo de piolhos, vermes ou mosquinhas;
9-   Há uma percepção visual deformada da pele do próprio paciente, a ponto do mesmo interpretar que os poros são pequenos buracos escavados pelos parasitas;
10-          Os pacientes tentam convencer os que lhes estão próximos de que estão sofrendo uma infestação real, muitos deles até arrancam pedacinhos da pele com auxílio de agulhas e lâminas de barbear, e os guardam em vidrinhos com álcool para provar sua existência;
11-          Alguns pacientes tentam se ver livres dos parasitas tomando banhos sucessivos e lavando, com frequência, seus cabelos;
12-          Muitos pacientes desenvolvem o temor de contaminar outras pessoas o que os leva a um grande isolamento social;
13-          Alguns pacientes, com a cronificação do quadro, se resignam com a presença desses parasitas em seu corpo e, apesar de muito incômodos, ficam mais tranquilos com o tempo;
14-          Podem ocorrer em quadros parafrênicos, psicoses alucinatórias, em pacientes depressivos, em delírios induzidos e até em quadros histéricos;
15-          Pode ser um sinal inicial de demência;

16-          Os pacientes apresentam uma resposta pobre aos tratamentos com antipsicóticos. Respostas terapêuticas mais seguras têm sido obtidas com antipsicóticos atípicos (notadamente a risperidona).

No vídeo encontrado no link abaixo vemos o depoimento do filho do prof. K.A. Ekbom:


Trabalho publicado pela equipe de psiquiatria geriátrica do HC-UFMG, em 1999:


Outro link onde pode ser lido excelente publicação sobre a síndrome:

Um comentário:

  1. Boa tarde. Como posso marcar uma consulta para avaliação da minha mãe? Ela está com lesões na pele e diz ser vítima de vermes invadindo sua pele... já fomos em vários dermatologistas que afirmam ser da mente dela essas visoes. Comecei a buscar pela internet até que cheguei na síndrome de Morgellons e tb nessa síndrome de ekbom. Não consigo encontrar médico aqui no Rio de Janeiro. Se eu puder enviar as fotos das lesões dela. Agradeço.

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