quarta-feira, 23 de maio de 2012

Como vencer a depressão ao ativar a si mesmo.


                                                               COMO ATIVAR A SI MESMO

                                                          O Problema

A depressão é um círculo vicioso. Ela diminui o seu ritmo, mental e fisicamente. Tudo se torna um esforço e você se cansa facilmente. Você faz menos coisas e então se culpa por fazer menos. Você chega a acreditar que não é capaz de fazer nada e que nunca se recuperará de sua depressão. Então se sente ainda mais deprimido. Fica cada vez mais difícil fazer algo.  E assim alimenta a depressão.

                              Superar o problema: programação de atividades

Tornar-se mais ativo é uma maneira de interromper o círculo vicioso. Há uma série de vantagens:

A atividade o faz sentir-se melhor.  No mínimo, ela afasta sua mente dos sentimentos traumáticos. Pode dar-lhe a sensação de que está tomando o controle de sua vida novamente e conquistando algo válido. Você pode até achar que há coisas que aprecia, uma vez que experimentá-las.

A atividade o faz sentir-se menos cansado.  Normalmente, quando se está cansado é preciso descansar. Quando se está deprimido, o contrário é verdadeiro. Você precisa fazer mais.  Fazer nada somente o levará a sentir-se mais letárgico e exausto. E fazer nada deixa sua mente desocupada, introduzindo maiores probabilidades de pensar sobre suas dificuldades e sentir-se ainda mais deprimido.

A atividade o motiva a fazer mais.  Na depressão, a motivação trabalha às avessas. Quanto mais você faz, mais sente vontade de fazer.

A atividade melhora sua capacidade de pensar.  Depois de colocar-se em atividade, os problemas sobre os quais pensava não poder fazer nada assumem uma perspectiva adequada.

Apesar dessas vantagens, começar a funcionar novamente não é fácil. Isso se dá por que pensamentos desanimadores e pessimistas, típicos da depressão, colocam-se em seu caminho. Quando está deprimido, você pode pensar que não está fazendo nada, alcançando nada, ou aproveitando nada. Pode ser difícil organizar seu tempo de maneira produtiva, ou envolver-se em coisas que normalmente aprecia. Quando depara com algo que deseja fazer, de repente se vê pensando: “Não aproveitarei nada”,  “Farei tudo errado”, ou “É muito difícil”.  Pensamentos como esses o impedem de partir para a ação e ajudam a mantê-lo no círculo vicioso.

Com o decorrer da terapia, você aprenderá como trabalhar diretamente os pensamentos depressivos que o impedem de conseguir fazer aquilo que deseja. Sua meta será notar e confrontar os pensamentos, a fim de que não mais se interponham em seu caminho. Primeiro, porém, é preciso ter uma noção detalhada daquilo que está fazendo exatamente, e quanto prazer e satisfação consegue depreender daquilo que faz. O que descobrir vai ajudá-lo a planejar seu tempo a fim de extrair o máximo de cada atividade do dia. Isso se chama “programação de atividades” e, mais adiante, você encontrará detalhes sobre o modo de fazê-la. Há dois passos envolvidos: automonitoração e planejamento antecipado.

                                  Primeiro passo: Automonitoração

A “automonitoração”significa apenas observar seu padrão de atividades. Envolve a manutenção de um registro detalhado daquilo que faz, de hora em hora. Você pode fazer isso num caderno ou diário, ou então seu terapeuta lhe fornecerá uma folha de registro especial.

Seu registro lhe mostrará por escrito como está dispendendo o seu tempo, e o tornará consciente da satisfação que depreende daquilo que faz. isso lhe permitirá testar pensamentos como “Não estou fazendo nada” ou “Não gosto de nada que faço” , e constatar se eles se mostram verdadeiros quando comparados com os fatos. Você pode muito bem descobrir que está mais ativo e competente do que supunha e que está se divertindo mais do que pensava. Mesmo se não for esse  o caso, você terá um registro concreto para ajudá-lo a descobrir mais sobre aquilo que está se interpondo em seu caminho e formar uma base para alterações do modo como dispende o seu tempo.

Como fazê-lo

Nos próximos dias, anote em seu diário ou em sua folha de registros:

1- Suas atividades. Registre exatamente o que faz, de hora em hora.

2- Prazer e domínio. Atribua a cada atividade uma nota de 0 a 10 para o prazer (P) e para o domínio (D).  “P” se refere ao prazer que teve com aquilo que fez;  “P10”, portanto, significaria que teve muito prazer em fazer algo.  “P0”  significaria que não teve prazer algum. Use qualquer número, entre 0 e 10, para indicar o quanto apreciou uma determinada atividade.  “D”  se refere ao domínio que experimentou naquilo que fez. Quanto significou em termos de conquista, levando-se em conta o modo como você se sentiu ?  “D10”  significaria que aquilo que fez representou uma grande conquista.  “DO”  significaria a ausência de qualquer conquista. Novamente, poderá usar qualquer número entre 0 e 10 para mostrar quanto domínio esteve em jogo numa determinada atividade. 

Problemas comuns na automonitoração

Pensar que não está fazendo nada.  Sentar-se numa cadeira diante da televisão é uma atividade, assim como ir para a cama e ficar olhando fixamente pela janela, conjeturando. Nunca se está fazendo “nada”.   Porém, algumas atividades podem lhe ser menos úteis do que outras. Para conseguir identificá-las, convém especificar em sua folha de registros o que elas são, em vez de simplesmente escrever “nada”. 

Subestimar suas conquistas.  “D”  deve ser avaliado em termos do grau de dificuldade que uma atividade apresenta para você agora , e não da dificuldade que lhe apresentava antes de ter ficado deprimido, ou da dificuldade que lhe apresentava antes de ter ficado deprimido, ou da dificuldade que outra pessoa poderia encontrar.  Quando se está deprimido, as coisas que normalmente seriam fáceis se tornam difíceis. Mesmo levantar-se da cama ou preparar uma fatia de torrada podem constituir uma grande conquista, dado o modo como se sente. Cuidado com pensamentos como “Mas eu deveria ser capaz de fazer isto melhor”,  ou “E daí ? Qualquer tolo seria capaz de fazer isso”.   Tais pensamentos só servem para mantê-lo aprisionado no círculo vicioso  da depressão. Lute contra eles ao se assegurar de que se atribui créditos por aquilo que faz.

Postergar suas avaliações.  É importante que atribua notas às suas atividades quanto a “P” e “D” no momento em que ocorrem.  Se esperar até mais tarde, sua depressão vai influenciar o modo como vê seu dia, e pode muito bem fazer com que ignore ou desvalorize as boas coisas que fez.  Quando as pessoas estão deprimidas, as coisas más são mais facilmente notadas e relembradas.  Em contraposição, as coisas boas são quase sempre esquecidas ou depreciadas.  Se fizer suas avaliações no momento,  essa tendência a ver as coisas assim vai tornar-se menos provável. Avaliações imediatas também vão ajudá-lo a ser tornar mais sensível mesmo a pequenos graus de prazer e domínio, que de outra forma poderiam passar despercebidos.

                             Segundo passo:  O planejamento antecipado

Agora que pode ser como dispende seu tempo, o próximo passo é planejar cada dia com antecedência, assegurando-se de que vai incluir atividades que lhe darão uma sensação de prazer e domínio.

O planejamento antecipado lhe permitirá sentir que está assumindo o controle de sua vida, além de dar-lhe um sentimento geral de propósito.  O enquadramanto ao qual você se propõe vai impedir que afunde num atoleiro de pequenas decisões (“O que devo fazer agora?”)  e continuará ajudando-o a seguir em frente mesmo quando não estiver se sentindo bem. Uma vez que as atividades do dia estejam anotadas por escrito, parecerão menos opressivas. Você terá desmembrado o dia numa série de segmentos exqüíveis, em vez de fazer dele um trecho disforme de tempo que deve de alguma forma preencher.

Como fazê-lo

1- Planeje suas atividades.  Toda noite, ou logo pela manhã, reserve algum tempo para planejar o dia com antecedência. Verifique qual o horário mais adequado para fazer isso, lembrando-se de que é  mais provável que seja capaz de planejar de forma mais realista e cosntrutiva quando estiver se sentindo relativamente bem e com as idéias mais claras. Se achar difícil lembrar-se de reservar um tempo para o planejamento do dia, faça uso de lembretes. Coloque avisos pela casa, por exemplo, ou peça a alguém para lembrá-lo de que às 9,30 h começa o seu horário de planejar o dia de amanhã. Na medida do possível, procure certificar-se de que seu horário de planejamento não seja interrompido e de que não haja outras exigências prementes que possam distraí-lo. Desligue a televisão e tire o telefone do gancho.

Almeje um equilíbrio entre prazer e domínio ao longo de seu dia. Se preencher seu tempo com deveres e tarefas, sem deixar tempo para divertimento ou relaxamento, pode ser que se sinta cansado, ressentido e deprimido ao final do dia. Por outro lado, se ignorar por completo aquilo que tem de fazer, seu prazer talvez seja comprometido pela sensação de que nada foi conquistado, e sua lista de tarefas necessárias vai tornar-se maior. Você talvez ache útil ter  como meta o padrão de atividades que achava mais recompensador no passado. Há uma boa possibilidade de que, uma vez que come’zar, acabe por constatar que esse padrão funcina para você novamente.

Ao começar seu dia, procure estimular-se com uma atividade que lhe dê uma sensação de domínio e que tenha boas probabilidades de concluir com êxito.  isso é particularmente importante se tiver problemas para começar a funcionar pela manhã. E planeje recompensar-se com uma ativiade prazerosa ou relaxante depis de ter lidado com algo difícil.  Você pode, por exemplo, reservar um tempo para tomar uma xícara de café e ouvir seu programa de rádio favorito depois de ter passado uma hora com os serviços da casa. Evite a cama. As camas são para dormir, e não para se recolher durante o dia. Se precisar de descanso ou relaxamento, planeje obtê-lo de outra maneira.

De início, talvez ache que tentar planejar o dia inteiro de uma só vez é muito díficil para você. Se assim for, dssmembre o dia em partes menores e lide com cada uma delas por vez.

2- Registre aquilo que ralmente faz.  Ponha seu plano em prática. Anote na folha de registro de que modo usa seu tempo, exatamento como fez na fase de automonitoração. Avalie cada atividade em termos de domínio e prazer, atribuindo uma nota de 0 a 10.

3- Reexamine o que fez. Ao final de cada dia, reexamine o que fez. Dê-se um tempo para sentar e examinar como passou o dia, quanto prazer e domínio depreendeu daquilo que fez, e até onde conseguiu realizar as atividades às quais se propôs. isso ajudará a ver claramente como está dispendendo seu tempo, qual o espaço existente para aperfeiçoamento, e quais as mudanças que gostaria de introduzir no padrão de seu dia.

Se, de uma maneira geral, já conseguiu se manter fiel ao seu plano e constatou que aquilo que fez foi razoavelmente satisfatório, essa constatação vai dar-lhe algo em que possa fundamentar-se. Se, por outro lado, você não se ateve a seu plano ou obteve pouca satisfação com o que fez, isso irá oferecer-lhe uma informação valiosa sobre o tipo de coisas que o estão impedidendo de obter o máximo de seu dia. Qual, exatamente, era o problema ? Você superstimou aquilo que poderia fazer no tempo disponível ?  Você almejou alto demais, esquecendo-se de levar em conta como se sente no momento ?  Você passou o dia fazendo coisas que sentia que devia fazer, em vez de coisas que lhe dão prazer e ajudam a relaxar ? Seus melhors esforços foram obstruídos por pensamentos pessimistas ?  Se puder verificar o que deu errado, poderá aprender a partir dessas experiências. Use suas descobertas para ajudar o planejamento futuro.

Lidar com tarefas práticas

A depressão quase sempre leva as pessoas a postergar tarefas práticas que precisam realizar. Estas vão se acumulando e, no final, as pessoas se sentem completamente sobrecarregadas. Vopcê pode se ajudar a começar as coisas que tem de fazer se seguir os passos abaixo:



1- Elaborar uma lista de todas as coisas que vem postergando, em qualquer que seja a ordem em que lhe ocorram.

2- Numerar as tarefas por ordem de prioridade. O que precisa ser feito primeiro ?  Se não puder decidir, ou se isso realmente não importar, numere-as em ordem alfabética. O importante, nesta fase, é fazer alguma coisa.

3- Escolha a primeira tarefa e desmembre-a em pequenos passos. O que, exatamente, terá de fazer a fim de concluí-la ?

4- Ensaie a tarefa mentalmente, passo a passo. Tome nota, por escrito, de quaisquer dificuldades que possa encontrar, e imagine o que fazer com elas.

5- Anote quaisquer pensamentos negativos que lhe ocorrerem ao pensar em realizar a tarefa, e responda-os se for capaz (ver adiante). Se não conseguir encontrar respostas, simplesmente anote os pensamentos (reconhecendo-os por aquilo que são), coloque-os de lado para uma posterior discussão com seu terapeuta e concentre-se naquilo que está fazendo.

6- Realize a tarefa passo a passo, lidando com as dificuldades e pensamentos negativos à medida que ocorrerem, exatemente como fez no ensaio mental.

7- Anote aquilo que fez em sua programação de atividades, e atribua notas de 0 a 10 a P e a D assim que tiver concluído a tarefa.

8- Concentre-se naquilo que conquistou, e não em todas as outras coisas que ainda terá de fazer. Tome cuidado com os pensamentos negativos que o levarão a desvalorizar ou depreciar aquilo que fez. Anote-os, e responda-os se puder. Se não conseguir, anote-os e coloque-os de lado para posterior discussão com seu terapeuta.

9- Passe para a próxima tarefa e proceda da mesma maneira.

Problemas comuns do planejamento antecipado

Não ser capaz de se começar as coisas. Se tiver dificuldades para começar uma determinada atividade, diga ao seu corpo detalhadamente o que fazer. “Vamos lá com isso” é vago demais. “Pernas, andem. Mão, pegue a caneta. Agora escreva” são diretrizes que podem dar-lhe o estímulo para começar. Tão logo tiver dito a si mesmo o que fazer, faça-o. Não permita nenhuma pausa para que as dúvidas se insinuem.

Ser muito rígido. Seu plano é um guia, não um deus. Não está entalhado em placas de pedra. Ele existe para ajudá-lo, não para governar sua vida. Então, por exemplo, algo de imprevisto pode acontecer e desviá-lo de sua programação. Um amigo faz uma visita sem avisar, ou a máquina de lavar quebra. A essa altura, pode sentir que seus esforços para planejar seu dia foram por água abaixo; a menos que consiga ater-se àquilo que planejou, poderá simplesmente não se incomodar.

Há uma série de coisas que pode fazer para lidar com o imprevisto:

*               Aceitar a interrupção. Aceitar que as coisas não saíram do modo como pensou que fossem sair, e continuar com seu plano original quando puder. Seu amigo vai embora às 4 horas. O que havia programado para esse horário?

*               Pensar em alternativas. Algumas das atividades que planejou podem depender de fatores além de seu controle, como o tempo ou a saúde de outras pessoas. Supondo-se, por exemplo, que planeje um piquenique, tenha uma atividade de reserva para o caso de chover. Ou, supondo-se que tenha planejado passar o fim de semana com uma velha amiga e na última hora ela contrai uma gripe, procure uma alternativa que possa aproveitar, em vez de desistir e não fazer nada de especial.

*               Não tente recuperar coisas que deixou de fazer. Se, por algum motivo, não puder fazer aquilo que havia planejado para um determinado horário (você queria limpar o quarto, e acabou conversando com seu filho sobre seus planos de férias), não tente voltar atrás e fazê-lo mais tarde. Passe para a próxima atividade de seu plano, e reprograme o que deixou de fazer para o próximo dia. De forma semelhante, se terminar uma atividade antes do previsto, deixe para fazer a próxima no horário que havia originalmente planejado. Preencha essa lacuna com algo que aprecie. Talvez convenha ter à mão uma lista de atividades prazerosas à qual possa recorrer para uma escolha.

Ser exageradamente específico ou geral. Não há necessidade de escrever aquilo que pretende fazer em detalhes minuciosos. Enumerar cada peça de mobília e decoração que precisa limpar é por demais específico. Da mesma maneira, não seja muito geral. “Serviço de casa”, por exemplo é muito genérico para que tenha uma idéia clara daquilo que está almejando. Assim, ficará difícil saber quando seu objetivo foi alcançado. Programe suas atividades para durar aproximadamente de uma a uma hora e meia. A experiência lhe dirá quanto tempo uma atividade talvez demore a ser completada.

Planeje em termos de qualidade, e não de quantidade. Tome nota por escrito do tempo que vai dispender com determinada atividade, e não o quanto fará durante esse período. Esgotado o tempo, pare. O que fizer num determinado período pode depender de fatores que estão fora de seu controle (por exemplo, interrupções, máquinas que quebram), ou outros problemas (por exemplo, dificuldade de concentração, fadiga). Se disser a você mesmo que tem de arrancar as ervas daninhas de todo o jardim esta tarde e não der conta do recado, é provável que se considere um fracasso e não atribua nenhum crédito ao que fez. Por outro lado, se estabelecer que vai ficar uma hora trabalhando no jardim, o tanto de ervas daninhas que arrancar não será importante. Recompense o esforço, e não o resultado.

Esperar milagres. Seu  objetivo imediato é fazer o que planejou da melhor maneira possível, e não se recuperar de sua depressão. Você talvez se sinta menos deprimido quando está fazendo algumas coisas e não outras. E, se realmente se empenhar em tornar-se mais ativo, acabará por sentir-se melhor. Mas nada do que faça pode resultar numa cura milagrosa. Não espere se recuperar de sua depressão depois de uma hora de televisão, ou de limpeza do armário embaixo da escada. Se criar essa expectativa, só vai se decepcionar.

Parar quando as coisas ficam difíceis. Abandone uma atividade quando estiver se saindo bem, não quando se sentir exausto ou quando as coisas estiverem indo mal. Isso fará com que se sinta bem a respeito daquilo que conquistou, e pronto para prosseguir.

Pensamentos que fazem com que pare de se ativar

Já discutimos como o pensamento pessimista e desanimador pode obstruir as tentativas de ativar-se, prendendo-o no círculo vicioso da depressão. A maneira mais poderosa de superar sua depressão é identificar seus pensamentos depressivos quando ocorrerem, e contestá-los. Você aprenderá a fazer isso numa etapa posterior da terapia. Enquanto isso, monitorar o que faz e planejar com antecedência vai dar-lhe uma boa oportunidade de começar a conscientizar-se mais dos pensamentos depressivos que bloqueiam o progresso e obstruem o caminho.

Na última seção deste folheto, encontrará exemplos dos tipos de pensamento que talvez o estejam impedindo de tornar-se mais ativo, e também das possíveis respostas a eles. Não são as respostas certas, nem as únicas. São, apenas, algumas sugestões. As respostas que funcionam pessoalmente para você podem ser bem diferentes. Com a prática, aprenderá por si mesmo a encontrar respostas eficazes, que mudarão o modo como se sente e o ajudarão a lidar com suas dificuldades de maneira construtiva.

       Pensamentos automáticos
                          Respostas possíveis


Não possso fazer nada - há muitas dificuldades práticas.
Sempre há dificuldades práticas envolvidas na realização de qualquer coisa - faz parte da vida. Como lidaria com elas se não estivesse deprimido? Há alguém que possa me aconselhar com relação `as coisas com as quais não sei como lidar?


Não consigo manter uma programação - nunca fui bom em manter registros.
Manter registros escritos é uma habilidade que posso adquirir. Posso não ter feito isso antes, o que não quer dizer que não seja capaz de fazê-lo. Além do mais, já usei listas antes, para compras e para me lembrar do que levar nas férias. Poderia começar por enumerar todas as coisas que tenho de fazer.


Há muito que fazer - não vou dar conta.
Acreditar nisso faz parte da depressão. Pode não ser verdade. Se escrever o que preciso fazer, não parecerá tão excessivo. Não terei de fazer tudo de uma vez. Posso fazer uma coisa por vez.


É muito difícil.
Só parece difícil porque estou deprimido. Já fiz coisas mais difíceis no passado.


Não saberei como lidar com isso.
A idéia é fazer uma tentativa, e não produzir um desempenho perfeito. É melhor tentar e descobrir como me saio do que não fazer absolutamente nada.


Não quero tentar.
É verdade. Mas, queira ou não, o que é melhor para mim? O que fará com que eu me sinta melhor e com o domínio sobre as coisas? Fazer ou deixar de fazer?


Não estou pronto para isto no exato momento; esperarei até que esteja me sentindo melhor.
Não saberei se estou pronto até que tente. Se esperar até que esteja me sentindo melhor, nunca o farei. Se tentar, vou sentir-me melhor.


É tarde demais, deveria te feito isso antes.
Talvez teria sido melhor se tivesse feito isso antes, mas o fato é que não o fiz. O sentimento de culpa em nada me ajudará. Antes tarde do que nunca - faça-o agora para não perder tempo com lamentações.


Não consigo decidir o que fazer primeiro.
Isso realmente não importa. O importante, nesta fase, é fazer alguma coisa. Escolha aquilo que vem primeiro no alfabeto. Uma vez que começar, talvez fique mais claro o que deve fazer depois. Se isso não ocorrer, simplesmente percorra o alfabeto.


Não há razão para tentar. Vou fazer tudo errado e me sentir pior.
Só terei certeza disso quando tentar. Ninguém está exigindo um desempenho 5 estrelas. Mesmo que faça tudo errado, não é o fim do mundo - posso aprender a partir de meus erros desde que não os leve muito a sério.


Não vou gostar disso.
Como posso saber? Não sou nenhum vidente. Posso gostar mais do que imagino, desde que me envolva naquilo que estou fazendo. Isso já aconteceu antes.


Não serei capaz de fazer  tudo que planejei.
Ninguém faz tudo que planejou o tempo inteiro, então não preciso me sentir mal por esse motivo. Antes de ficar deprimido, se não conseguia fazer tudo, eu passava para o dia seguinte. Faça só o que pode. O mundo não vai acabar só porque não limpei o sótão hoje.


Não estou fazendo nada.
Será mesmo verdade? Ou o fato é que não estou me dando crédito por aquilo que faço? Por que não manter um registro por alguns dias e verificar? Talvez eu apenas pense que não estou fazendo nada.


Não faço nada que valha a pena.
Eu não via as coisas assim antes de ficar deprimido. Fazia exatamente o mesmo que faço agora, mas conseguia ver que valia a pena, mesmo que nada fosse muito envolvente ou estimulante. Se depreciar tudo o que faço, só vou conseguir me desestimular.


Não mereço me divertir. Devo apenas prosseguir com todas as coisas que tenho de fazer.
Fazer as coisas que aprecio vai fazer com que eu me sinta melhor. É isso o que desejo. Também, se estiver mais relaxado e me sentindo melhor, é mais provável que faça o que tenho de fazer de maneira mais eficiente, em vez de me atrapalhar e ficar passando de uma coisa a outra. Sei disso por experiência própria; consigo render mais quando me permito intervalos do que quanto prossigo arduamente, sem parar.

Muito bem, limpei o carro. E daí?

Normalmente, limpar o carro não representaria nada de especial. Mas, considerando-se como me sinto, na verdade é muito difícil. Limpá-lo, portanto, foi uma conquista que me torna digno de crédito. D10.

Como lidar com pensamentos negativos

O problema

As pessoas que estão deprimidas geralmente pensam de uma maneira tendenciosa, negativa. Têm opiniões negativas sobre si mesmas (por exemplo: “Não sirvo para nada”) , o mundo (por exemplo: “A vida não faz sentido) e o futuro (por exemplo: “Nunca deixarei de me sentir assim”). Pensamentos negativos como estes têm várias características. São:

*              automáticos: simplesmente irrompem em sua mente sem qualquer esforço de sua parte;

*              distorcidos: não correspondem absolutamente aos fatos;

*              inúteis: mantêm a pessoa deprimida, fazem com que a mudança seja difícil e a impedem              de   
          conseguir o que quer da vida;

*              plausíveis: você os aceita como fatos, e não lhe ocorre questioná-los;

*              involuntários: você não opta por tê-los, e podem ser muito difíceis de eliminar.

Pensamentos como esses podem prendê-lo num círculo vicioso. Quanto mais deprimido fica, mais pensamentos negativos tem, e mais acredita neles. Quanto mais pensamentos negativos tem, mais acredita neles e mais deprimido fica. A principal meta da terapia cognitiva é ajudá-lo a interromper esse círculo vicioso.

Superar o problema

Você talvez já tenha discutido exemplos de seus próprios pensamentos negativos com seu terapeuta, e então já observou o efeito que exercem sobre o modo como se sente e aquilo que faz. Chegou a hora de fazer com que os pensamentos negativos sejam alvo principal de seu enfoque. Este é o cerne da terapia cognitiva: aprender a reconhecer quando se está pensando de maneira negativa, e procurar maneiras mais positivas e realistas de encarar suas experiências, testando-as na prática.

De início, você talvez não ache fácil detectar seus pensamentos e reagir a eles. Responder aos pensamentos negativos é como qualquer outra habilidade - leva tempo e é preciso praticar regularmente para desempenhar bem essa atividade. Por esse motivo, não desanime se tiver dificuldades no início. Nas sessões, você e seu terapeuta trabalharão juntos na identificação dos pensamentos e na resposta a eles, e suas tarefas de casa vão lhe oferecer muitas oportunidades de praticar por conta própria. Quanto mais praticar, mais rapidamente as respostas aos pensamentos lhe ocorrerão. A sequência dos passos vem descrita a seguir.

Primeiro passo: Tomar consciência dos pensamentos negativos

O primeiro passo para superar o raciocínio negativo é tomar consciência de seus pensamentos, e dos efeitos que eles lhe acarretam.

Os pensamentos negativos o fazem sentir-se mal - ansioso, triste, deprimido, desesperançado, culpado, zangado. Em vez de ser oprimido por esses sentimentos, você pode aprender a usá-los como um sinal para a ação. Observe quando o seu humor muda para pior, e examine o que estava passando por sua cabeça naquele momento. Depois de alguns dias, ficará mais sensível às mudanças de seus sentimentos e aos pensamentos que os desencadeiam. Talvez você até constate que os mesmos pensamentos ocorrem várias vezes.

Como agir

A melhor maneira de se tomar consciência dos pensamentos negativos é anotá-los à medida que ocorrem. Você pode fazer isso num Registro de Pensamentos Disfuncionais (veja, mais adiante, um exemplo de um registro já preenchido) Escreva:

1. A data

2. As emoções que sentiu. Atribua a cada uma delas uma nota de 0 a 100 quanto à sua intensidade. Uma avaliação que confira 0 significaria nenhuma emoção, 50 um grau moderado de emoção, e 100 uma emoção em grau máximo. Você pode atribuir qualquer nota entre 0 e 100.

3. A situação. O que estava fazendo quando começou a se sentir mal? Isto inclui, em termos gerais, aquilo em que estava pensando na ocasião. Apenas coloque aqui o tópico geral (por exemplo: “pensando em como a vida é difícil”). O que exatamente passava por sua cabeça deve constar da coluna seguinte.

4. O (s) pensamento (s)  automático (s). Que pensamentos lhe ocorriam no momento em que começou a se sentir mal? Procure registrá-los da maneira mais exata possível, palavra por palavra. Alguns de seus pensamentos podem tomar a forma de imagens em sua mente, em vez de palavras. Você pode, por exemplo, se imaginar como alguém incapaz de enfrentar uma situação no futuro. Anote exatamente qual era a imagem, da maneira como a viu.

Pode haver momentos em que não consiga identificar quaisquer pensamentos ou imagens enquanto tais. Se isso acontecer, pergunte a si mesmo qual é o significado da situação. O que este revela a seu respeito, sobre sua situação, seu futuro? Isso pode lhe proporcionar uma indicação dos motivos pelos quais a situação é tão deprimente, ou daquilo que o está deixando tão ansioso, zangado, ou o que quer que seja? Uma discussão, por exemplo, pode significar para você o final de um relacionamento, ou mesmo que nunca será capaz de ter um bom relacionamento com alguém. Depois de identificar o significado, será capaz de contestá-lo da mesma forma que o faria com qualquer outro pensamento. (Detalhes sobre o modo de fazer isso são fornecidos mais adiante, no “Segundo passo: respondendo aos pensamentos negativos”).

Quando tiver anotado seus pensamentos, imagens ou significados negativos, confira a cada um uma nota de 0 a 100 quanto à sua crença neles. Uma avaliação que atribuísse 100 significa que acredita plenamente num pensamento, 0 que não acredita de maneira alguma, e 50 que só acredita pela metade, e assim por diante. Você pode atribuir notas entre 0 e 100.

Problemas comuns ao se registrar pensamentos negativos

Tempo. Em termos ideais, é melhor registrar os pensamentos e sentimentos assim que ocorrerem. É evidente, porém, que isso nem sempre é possível. Poderia parecer estranho, por exemplo, se trouxesse consigo as folhas de registro para uma festa ou reunião! Nesse caso, faça um registro mental daquilo que o perturbou, ou anote rapidamente um lembrete em qualquer pedaço de papel que estiver à mão. Então reserve um tempo à noite (digamos, 20 minutos) para fazer um registro apropriado. Reveja os fatos através de um “replay da ação”, tentando se lembrar com o máximo de detalhes possível do que aconteceu, como se sentiu e de quais eram seus pensamentos.

Evitar escrever seus pensamentos negativos. Preste atenção aos pretextos que o impedem de se concentrar em seus pensamentos e emoções. Você pode dizer a si mesmo, por exemplo: “Farei isso mais tarde” ou “Seria melhor esquecer isso”. Pode perceber que não está disposto a encarar seus pensamentos de frente. Talvez tenha medo de que eles o oprimam, ou pense que são estúpidos. É muito natural que se queira evitar a lembrança de experiências desagradáveis, mas fazer isso é a melhor maneira de combater a sua depressão. Se perceber que está utilizando pretextos, isso talvez signifique que se deparou com algo importante; proponha-se, portanto, a fazer uma anotação. Em seguida, pode fazer um exercício de distração, se assim o desejar. Mas ignorar os pensamentos não fará com que eles deixem de existir.

Segundo passo: Responder aos pensamentos negativos

Uma vez que aprendeu a tomar consciência de pensamentos negativos, o próximo passo consiste em avaliar os pensamentos que identifica e procurar alternativas mais úteis e realistas.

Como fazê-lo

Há quatro questões principais que pode usar para encontrar respostas aos seus pensamentos negativos:

1. Qual é a comprovação? Os fatos da situação corroboram aquilo que pensa ou o contradizem?

2. Que perspectivas diferentes se apresentam? Há muitas maneiras de analisar uma experiência. De outro modo poderia interpretar aquilo que aconteceu? Procure o máximo de alternativas que puder, e reexamine seus prós e seus contras. Quando objetivamente considerada, qual alternativa apresenta maior probabilidade de estar correta?

3. Qual é o efeito de pensar da maneira como o faz? Como ela determina o modo como se sente e o que faz? Quais são as vantagens e desvantagens de pensar dessa forma? Você é capaz de encontrar alternativas que lhe possam ser mais úteis?

4. Quais erros de raciocínio está cometendo? Em geral, as pessoas deprimidas distorcem sistematicamente o modo como analisam suas experiências. Tiram conclusões precipitadas, hipergeneralizam a partir de coisas específicas que acontecem, assumem responsabilidade por coisas que não constituem erros seus, e assim por diante. Quais desses erros consegue identificar em sua própria maneira de pensar?


Data
Emoções ( O que sente? Qual a intensidade do que sente? ( 0 - 100 ) ?
Situação
(O que estava fazendo ou pensando?
Pensamentos automáticos
(Quais são, exatamente?) Qual a sua crença em cada um deles ?
( 0 - 100 % ) ?




8 de
dezembro
tensa  - 90
zangada - 90
desesperançada - 75
O cachorro do vizinho latiu por mais de meia hora
Não posso suportar isso. Por que eles não o calam? Gastamos uma fortuna com uma casa que será sempre importunada por esse cão que late, e nunca conseguiremos nos livrar disso.           80%

9 de
dezembro

pânico - 80
ansiedade - 80

O motor do carro super-aqueceu; estrada com gelo, escurecen -
do.

Não sei o que fazer - 100%. É muito peri-goso prosseguir - farei algo com o carro - 80%. Mas não posso parar aqui, pois cau-sarei um acidente -  80%.

14 de
dezembro

solidão - 70
impotente - 60
infeliz - 90

No trabalho, pessoas se queixando, não que-rendo ou não tentando fazer com que as coisas funcionem.

Não quero estar aqui - 100%. Não posso ir embora, pois preciso do dinheiro - 100%. Eles não se importam então tenho de fazer tudo - 90%. Não tenho nada em comum com as pessoas aqui - 90%.


Mais adiante neste folheto, você encontrará 20 perguntas mais específicas, agrupadas junto com exemplos, todas elas remetendo a esses 4 títulos principais. Pode usá-las para ajudá-lo a encontrar alternativas para seus pensamentos negativos. Lembre-se de que os exemplos são apenas possibilidades. As respostas que funcionam para você, pessoalmente, podem ser bem diferentes. Precisará encontrá-las por si mesmo.

É extremamente importante que registre e responda ao máximo de pensamentos que for possível, todos os dias. Anotá-los vai permitir que se distancie deles. No final, talvez seja capaz de respondê-los mentalmente, à medida que ocorrem; mas, se tentar fazer isso de início, os pensamentos serão quase sempre muito intensos com relação às respostas, e poderão apagá-las. Anotar as respostas lhes confere poder; ali estão elas, por escrito. Talvez precise elaborar, no papel, respostas para 50 ou 100 pensamentos antes que se torne fácil - ou nem tanto - elaborá-las mentalmente. Mesmo assim, encontrar respostas eficazes ficará cada vez mais fácil quanto mais você praticar.

Manutenção de Registros

Use o Registro de Pensamentos Disfuncionais para registrar suas respostas como se segue (você encontrará, mais adiante, um exemplo de uma folha de registro preenchida):

1. Resposta racional. Anote todas as respostas racionais que lhe ocorrerem a cada pensamento. Atribua a cada uma uma nota de 0 a 100, de acordo com sua convicção sobre ela. Uma avaliação que atribui 100 significa que acredita plenamente, 0 que não acredita de maneira alguma, 50 que acredita apenas parcialmente, e assim por diante. Poderá conferir qualquer nota entre 0 e 100.

2. Resultado

a. Retorne aos pensamentos automáticos negativos originais. Agora que já respondeu a eles, qual a sua crença nesses pensamentos? Confira a cada um uma nova nota de 0 a 100.

   Se suas respostas tiverem sido eficazes, constatará que sua crença diminuiu até certo ponto. Se não o fez, pode significar que está desqualificando a resposta de alguma maneira - dizendo a si mesmo que é só uma racionalização, o que pode se aplicar a outras pessoas, mas não a você. Escreva estes “sim, mas...” na coluna dos pensamentos automáticos negativos e responda-os da mesma maneira que fez com relação aos pensamentos originais.

   Não espere que sua crença nos pensamentos negativos desapareça por completo de uma só vez. Ela talvez já exista há muito, enquanto as respostas podem ser bem novas para você. Levará tempo e prática para que desenvolva crença nas respostas, e talvez precise testá-las na prática.

b. Reexamine a coluna intitulada emoções e verifique como se sentia antes de responder aos pensamentos negativos. Quais são suas emoções agora, à luz das respostas que encontrou? Avalie cada uma de 0 a 100.

  Novamente, se suas respostas tiverem sido eficazes, constatará que suas emoções diminuíram até certo ponto. não desanime se elas não desapareceram por completo, pois isso exige tempo e prática.

c. Elabore um plano de ação. O que pode fazer, seja para mudar a situação para melhor, ou para testar as respostas a seus pensamentos negativos? Como gostaria de lidar com a situação de maneira diferente quando ela voltar a correr? O que fará ao se encontrar pensando e sentindo desse modo novamente? Procure elaborar uma estratégia que possa utilizar no futuro, sempre que se deparar com uma dificuldade semelhante. (Mais adiante, você encontrará mais detalhes sobre a maneira de testar seus pensamentos na prática na seção intitulada “Terceiro passo” ).

Problemas comuns ao responder aos pensamentos negativos

A necessidade de praticar. Distanciar-se, questionar, avaliar e responder aos nossos pensamentos não é algo que façamos normalmente. De início,  você pode até achar difícil ser objetivo e encontrar respostas que afetem seus sentimentos até certo ponto. Você terá a oportunidade de praticar nas sessões com seu terapeuta e também por conta própria; dê-se, portanto, uma possibilidade de pegar o traquejo, e não desanime se, no início, não puder sempre encontrar respostas eficazes. Você esperaria vencer em Wimbledon depois de 6 aulas de tênis?

Lidar com a desesperança extrema. Você talvez ache particularmente difícil encontrar alternativas racionais aos seus pensamentos negativos quando estiver se sentindo muito perturbado. Nesse caso, pode achar útil anotar apenas aquilo que o está perturbando 

Estabelecer padrões perfeccionistas. Seu registro não precisa ser uma obra de arte literária. Nem terá de achar a única resposta correta, ou a resposta que seu terapeuta aprovaria. Uma boa resposta é aquela que muda a maneira como se sente e reduz sua crença em seus pensamentos negativos, abrindo caminho para a ação. Não existe uma resposta que sirva para todos. Terá de encontrar aquelas que funcionam para você.

Depreciar-se. Cuidado com a autocrítica quando estiver registrando seus pensamentos. Pode se pegar pensando, por exemplo: “Devo realmente ser estúpido por pensar assim.” Lembre-se de que pensar negativamente é um sinal de depressão, que pode superar, e não de falta de inteligência.

A necessidade da repetição. Não desanime se verificar que os mesmos pensamentos ocorrem várias vezes. Se já está deprimido há algum tempo, pensar de maneira negativa já se terá tornado um hábito bem estabelecido. Levará tempo para acabar com ele. Quanto maior a frequência com que um determinado pensamento ocorrer, maiores oportunidades terá de respondê-lo e mudá-lo.

Data
Emoções


O que sente? Qual a
intensidade do que sente (0 - 100)
Situação


O que estava fazendo ou pensando?
Pensamentos automáticos

Quais são, exatamente, seus pensamentos? Qual a sua crença em cada um deles (0-100%)
Resposta racional

Quais são as suas respostas racionais aos pensamentos automáticos? Até que ponto acredita em cada um deles ( 0-100%)?
Resultado


1. Até que ponto você acredita agora nos pensa -mentos (0-100)
2. Como se sente (0-100)?
3. O que pode fazer agora?






7 de
janeiro
desapontada 75
Acabei de fazer as cortinas e descobri que as bainhas estão tortas
Passei o dia inteiro fazendo cortinas e ago-ra olhe só para isso. Está pior do que quando comecei 100%
Que desperdí-cio            90%
Deveria ter fei-to melhor  90%
Nunca conse-guirei fazê-las direito       80%
Consegui fazer o forro da ma-neira correta e esse é o traba-lho  mais   difí-cil           100%
Posso refazer as bainhas em      outra   ocasião
                70%
Fiz o melhor que pude - não posso fazer melhor do que isso          90%

1. 30%
2. 25
3. Não é o fim do mundo. Deixe de lado por alguns dias, e então encare como um trabalho à parte - faça uma outra tentativa.
15 de
janeiro
ansiosa      65
culpada      50
Conversei com meu cunhado quando minha irmã não estava.
Disse algo de errado      60%
Tudo o que fez foi falar sobre o tempo! Teria se sentido pior se não tivesse travado qual-quer   conver-sa             95%
Conseguiu fa-lar com ele e para você, isto representa uma  conquis-ta             70%
Você acabou de pegar uma gripe - isso sempre torna a conversa mais difícil        70%
Não se preo - cupe com isso, como ele foi bem cordial, não há indícios de que tenha feito algo de errado      65%
1. 0%
2. 0,0
3. Esqueça tudo isso - a não ser lem - brar-se de que fez algo que normalmente evita e que isso represen-ta um conquis-ta.



20 perguntas para ajudá-lo a contestar os pensamentos negativos

Qual é a comprovação?

1. Estou confundindo um pensamento com um fato? O fato de acreditar que algo é verdadeiro não significa necessariamente que o seja. Aquilo que pensa corresponde aos fatos? Seria aceito como correto pelas outras pessoas? Seria satisfatório num tribunal, ou seria rejeitado como circunstancial? Que provas objetivas você tem para corroborar ou contestar seus pensamentos?

Pensamentos automáticos                              Respostas possíveis

Quando encontrei Peter na rua hoje,              É verdade que não sorriu para mim, mas não          

ele não sorriu para mim. Devo ter                   tenho motivos para pensar que  possa  estar

feito algo que o ofendeu.                                ofendido  comigo; talvez  seu  problema não

                                                                       tivesse  absolutamente  nada  a  ver comigo.

                                                                       Talvez só estivesse com a mente muito ocu-

                                                                        pada.

2. Estou tirando conclusões precipitadas? Isso é o que acontece quando baseamos nossos pensamentos em indícios frágeis. Por exemplo, as pessoas deprimidas em geral acreditam que os outros estão sendo críticos com relação a elas. Nenhum de nós, porém, consegue ler a mente. Como poderemos saber o que alguém está pensando? Você pode estar certo, mas não tire conclusões precipitadas. Atenha-se àquilo de que pode ter certeza. Se não tiver indícios suficientes para fazer um julgamento fundamentado, procure descobrir mais a respeito dos fatos antes de decidir-se.

Pensamentos automáticos                                Respostas possíveis

Meu marido não experimentou o                       Tudo que sei com certeza é que ele não o

bolo de chocolate que fiz para ele.                    experimentou. Não sei, de fato, se ele me

Ele me considera uma péssima                         considera uma péssima cozinheira ou não.

cozinheira.                                                         Talvez só não estivesse com fome. Posso

                                                                           perguntar.



Quais alternativas se apresentam?
 

3. Estou supondo que minha visão das coisas é a única possível? Há mais de uma maneira de se analisar uma situação. Como teria reagido antes de ficar deprimido? Como reagiria mesmo agora, num dia em que estivesse se sentindo realmente bem? Como outra pessoa poderia analisar as coisas? Qual seria sua reação se um amigo conversasse com você sobre a situação que o está perturbando? Sua maneira de pensar seria tão pessimista se outra pessoa estivesse nessa situação em vez de você?

Pensamentos automáticos                                   Respostas possíveis

Foi um erro terrível. Nunca aprenderei                 Se eu não estivesse deprimido, talvez des-          

a fazer isso direito.                                               se deprimido, talvez desse de ombros e  o

                                                                             atribuísse à experiência. Faria o que pu  -

                                                                             desse para corrigir as coisas e aprender a

                                                                             partir de meu erro. Tom cometeu exata  -

                                                                              mente mesmo erro a semana passada, e

                                                                              fez disso uma piada.



Qual é o efeito de pensar do modo como penso?

4. Os pensamentos negativos me ajudam ou me atrapalham? O que você deseja? Quais são suas metas? Você quer superar sua depressão, ser feliz e aproveitar a vida ao máximo? Seu modo de pensar atual o está ajudando a alcançar esse objetivo ou está obstruindo o seu caminho?

Pensamentos automáticos                                     Respostas possíveis

É inútil. A esta altura, eu já deveria ser                  O que desejo é me recuperar  de  minha

capaz de fazer melhor. Nunca serei ca-                  depressão. Pensar dessa  maneira  não

paz de responder aos meus pensamen-                  vai me ajudar  a  alcançar  isso. Só  faz

tos.                                                                          com que eu me sinta pior. É inútil dizer

                                                                                a mim mesmo que já deveria estar  fa -

                                                                                zendo melhor. O que preciso é de  prá-

                                                                                tica, e, se continuar me desvalorizando,

                                                                                vou desistir em vez de praticar.


5. Quais são as vantagens e desvantagens de pensar dessa maneira? Muitos padrões de pensamento distorcidos apresentam algumas vantagens. É isso que os mantém funcionando. Por exemplo, podem permitir que você evite situações que considera difíceis. Mas as desvantagens superam as vantagens? Se assim for, talvez valha a pena elaborar uma nova maneira de analisar as coisas, que lhe dê vantagens mas evite as desvantagens do modo de pensar anterior.

Pensamentos automáticos                                       Respostas possíveis

Devo causar uma boa impressão nessa                   Vantagem. Farei  um  esforço  especial

festa.                                                                         para conversar  com  as  pessoas.  Se

                                                                                 gostarem de  mim, vou  sentir- me ma-

                                                                                  ravilhoso.  Desvantagem.  Se  alguém

                                                                                  der a impressão de não  gostar de mim

                                                                                  vou sentir-me horrível e considerar-me

                                                                                  um zero à esquerda. Na verdade, en -

                                                                                  tão, dizer a mim mesmo que tenho  de

                                                                                  causar uma boa impressão só me pres-

                                                                                  siona e faz com que seja difícil relaxar

                                                                                  e me divertir. É impossível  que  todos

                                                                                  gostem de mim o tempo todo. Se as -

                                                                                   sim for, ótimo; se não, não vai ser   o

                                                                                   fim do mundo.

6. Estou fazendo perguntas que não têm respostas? Isso significa fazer perguntas do tipo : “Como posso desfazer o passado?”, “Por que não sou diferente?”, “Qual é o sentido da vida?”, “Por que isso sempre acontece comigo?”, “Por que a vida é tão injusta?”, e assim por diante. Conjeturar sobre perguntas irrespondíveis é uma maneira infalível de se deprimir. Se puder transformá-las em perguntas passíveis de resposta, tanto melhor. Se não, não perca tempo com elas. Volte seus pensamentos para algo mais construtivo.


Pensamentos automáticos                                        Respostas possíveis

Quando ficarei bom novamente?                               Não tenho como responder a essa per-

                                                                                  gunta. Ficar pensando nisso só me dei-

                                                                                  xa preocupado e perturbado. Faria me-

                                                                                  lhor se dispendesse meu tempo traba -

                                                                                  lhando as coisas que posso fazer  para

                                                                                  me ajudar a sair desta depressão o ma-

                                                                                  is rápido possível.


Que erros de pensamento estou cometendo?


7. Estou pensando em termos de tudo ou nada? Quase tudo é relativo. As pessoas, por exemplo, em geral não são totalmente boas ou totalmente más. São uma mistura das duas coisas. Está aplicando esse tipo de raciocínio simplista a si mesmo? Procure as nuanças do cinza.


Pensamentos automáticos                                  Respostas possíveis

Fiz aquilo muito mal feito. Poderia                      O fato é que não fiz tão bem quanto deseja-

muito bem não ter me metido a fa-                      va fazer. Isso não significa que  não  tenha

zer coisa alguma.                                                valor. Não  posso  esperar  que  faça   tudo

                                                                           100% correto. Se fizer, nunca ficarei satis -

                                                                            feito.

8. Estou usando termos absolutos em meu raciocínio? Preste atenção em palavras como “sempre” , “nunca”, “todo o mundo”, “ninguém”  e “nada”. É muito provável que a situação seja, de fato, bem menos claramente definida do que imagino. Na maioria dos casos, trata-se de “algumas vezes”, “algumas pessoas” e “algumas coisas”.

Pensamentos automáticos                                  Respostas possíveis

Tudo dá sempre errado comigo.                         Como, “tudo”? Isso é um exagero. Algumas

                                                                           coisas vão mal para mim, exatamente co-

                                                                           mo acontece com as outras pessoas, mas

                                                                           algumas vão bem. 

9. Estou me condenando totalmente como pessoa com base num único fato? As pessoas deprimidas quase sempre interpretam as dificuldades como se elas as desqualificassem como pessoas. Você está fazendo esse tipo de julgamento geral? Você é constituído por milhares de pensamentos, sentimentos e ações. Não é justo julgar-se como pessoa com base em uma só dessas coisas. Isso é especialmente verdadeiro quando estiver deprimido, pois estará predisposto a notar suas fraquezas e erros, ignorando seus pontos fortes e suas qualidades.

Pensamentos automáticos                                  Respostas possíveis

Estava tão irritável com as crianças                    O fato de que num determinado dia,   num

esta manhã! Sou uma péssima mãe                    momento determinado, em circunstâncias

e uma pessoa má.                                               determinadas, eu estava irritável não  faz

                                                                            de mim uma péssima mãe ou uma pessoa

                                                                            má. Não é sensato que  eu  espere  nunca

                                                                            estar irritável, e ficar deprimida por me re-

                                                                            jeitar completamente não vai me ajudar a

                                                                            ser mais gentil com  as  crianças  quando

                                                                            voltarem da escola.
 

10. Estou me concentrando em minhas fraquezas e me esquecendo de meus pontos fortes? Quando as pessoas ficam deprimidas, geralmente não vêem os problemas que enfrentaram com êxito no passado, e esquecem recursos e qualidades que as ajudariam a superar as dificuldades atuais. Em vez disso, voltam sua atenção para fracassos e fraquezas. Pode ficar difícil pensar numa única qualidade ou num só talento. É importante que se tente manter uma visão equilibrada de si mesmo. Claro que há coisas para as quais não temos aptidão, coisas que nos arrependemos de ter feito, e coisas sobre nós mesmos que preferíamos modificar. Quer dizer, porém, do outro lado da equação? Quais as coisas que você sabe fazer direito? O que aprecia em si mesmo quando não está deprimido? O que as outras pessoas valorizam em você? Como enfrentou dificuldades passadas em sua vida? Quais são suas qualidades e seus recursos?

Pensamentos automáticos                                  Respostas possíveis

Fiz tudo errado na vida. Me odeio.                      Isso não é verdade. Há muitas  coisas  que

Por que continuar tentando?                                fiz bem. Só não consigo vê-las com clare-

                                                                            za porque estou deprimido. Se fosse  tudo

                                                                            um erro irreparável, não teria amigos. Mas

                                                                            eu tenho amigos, e um marido, e filhos que

                                                                            me amam. Isso deve significar algo. E o

                                                                            fato de que estou tentando   lutar  contra

                                                                            minha depressão é um sinal de força.
 

11. Estou me culpando por algum erro que na verdade não cometi? Por exemplo, as pessoas deprimidas frequentemente se culpam por estarem deprimidas. Podem atribuir esse problema à falta de força de vontade, à fraqueza ou inadequação. Acham que devem se recompor e deixar de ser tão patéticas. Quando constatam que isso é impossível, tornam-se extremamente autocríticas. Na verdade, a depressão é um problema muito comum; em qualquer momento, mais do que uma entre dez pessoas experimentam sintomas de depressão. Os cientistas vêm estudando a depressão há muitos anos, e ainda não estão certos quanto à sua causa. A depressão é um problema realmente difícil de solucionar, e culpar-se por isso só irá torná-lo mais deprimido.

Pensamentos automáticos                                  Respostas possíveis

Devo realmente ser estúpido por ter                   A  estupidez  é  uma  razão  possível. Mas,

esses pensamentos estranhos.                           quando olho para mim mesmo como um to-

                                                                           do, não há muita evidência de que seja es-

                                                                           túpido. Tenho esses pensamentos por estar

                                                                           deprimido. A culpa não é minha, e estou fa-

                                                                           zendo o possível para solucionar o proble -

                                                                           ma. Assim que estiver me sentindo melhor,

                                                                           pensarei de maneira bem diferente. 

12. Estou tomando coisas que têm pouco ou nada a ver comigo pelo lado pessoal? Quando as coisas dão errado, as pessoas deprimidas geralmente acreditam que, de alguma forma, o erro diz respeito a elas pessoalmente, ou que foi causado por elas. Na verdade, pode não ter nada a ver com elas.


Pensamentos automáticos                                  Respostas possíveis

Mary realmente não gosta de mim.                     Não sou a única pessoa com  quem  Mary

Nunca teria  gritado assim comigo                      grita. Ela sempre fica nervosa  quando  as

se gostasse.                                                        coisas não estão indo bem, e  então  grita

                                                                            com quem quer que esteja por perto.  Já a

                                                                            vi fazer isso. Ela vai superar isso, e é bem

                                                                            provável que se desculpe.
 

13. Estou esperando que seja perfeito? As pessoas deprimidas quase sempre se estabelecem parâmetros muito altos. Por exemplo, podem pensar que deveriam ser capazes de lidar com tudo da mesma forma quando estão muito deprimidas ou quando estão se sentindo bem. isso não é nem um pouco realista, e tão-somente abre caminho para a autocrítica e mais depressão. Simplesmente não é possível fazer tudo 100% correto o tempo todo. Se esperar que assim seja, está se condenando ao fracasso. Aceitar que não pode ser perfeito não significa que deva desistir de tentar fazer as coisas bem feitas. Mas significa que pode ser realista, e levar em conta o modo como se sente quando se estabelecer metas. Isso aumenta a probabilidade de sucesso. O sucesso o faz sentir-se melhor, e então o próximo passo se torna mais fácil. Ademais, significa que pode aprender a partir de suas dificuldades e erros, em vez de ficar perturbado e paralisado por causa deles. Lembre-se: se uma coisa vale a pensa ser feita, vale a pena fazê-la, ainda que mal.
 

Pensamentos automáticos                                    Respostas possíveis

Não está bom o suficiente. Deveria                       Nem sempre posso contar com a realiza-

ter terminado tudo aquilo que planejei.                  ção daquilo que planejo. Não sou Deus -

                                                                              sou falível, como qualquer outro ser hu-

                                                                              mano. Teria sido bom se tivesse termi -

                                                                              nado, mas o fato de não o ter feito não é

                                                                              um desastre. É melhor me concentrar no

                                                                               que fiz, e não  no  que  deixei  de  fazer.

                                                                                Assim vou sentir-me estimulado a ten-

                                                                                tar novamente.
 

14. Estou usando um padrão duplo? Você pode estar esperando mais de si mesmo do que o faria com relação a outra pessoa. Como reagiria a outra pessoa em sua situação? Seria tão duro com ela? Ou a elogiaria e incentivaria, ajudando-a a lidar com suas dificuldades? É possível ser tão gentil consigo mesmo quanto o seria com outra pessoa. Isso não leva a nenhum desastre.
 

Pensamentos negativos                                            Respostas possíveis

Sou patético. Não devia me perturbar                       Se outra pessoa  estivesse  perturbada

tanto por coisas triviais.                                             com a mesma situação, eu não a veria

                                                                                  como trivial. Seria solidário, e tentaria

                                                                                  ajudá-la a encontrar uma solução para

                                                                                  o problema. Sem dúvida, não a chama-

                                                                                  ria de patética - saberia que fazê-lo em

                                                                                  nada a ajudaria. Posso fazer o mesmo

                                                                                  comigo. Isso  me  dará  coragem  para

                                                                                  prosseguir.


15. Estou apenas prestando atenção ao lado negro das coisas? Você está, por exemplo, voltando sua atenção para tudo aquilo que deu errado durante o dia, e esquecendo ou desprezando as coisas que apreciou ou conquistou?


Pensamentos automáticos                                         Respostas possíveis

Este foi, realmente, um dia terrível.                           Espere um pouco, cheguei atrasado  a

                                                                                  uma reunião, tive uma discussão  com

                                                                                  minha filha mas, no geral, meu traba -

                                                                                  lho caminhou bem, e gostei muito   do

                                                                                  filme que vi agora à noite. No fim das

                                                                                  contas, portanto, não foi um dia ruim.

                                                                                  Só lembrar-se  das  coisas  ruins   faz

                                                                                  parte da depressão. Preste atenção a

                                                                                  isso.
 

16. Estou superestimando as possibilidades de acontecerem coisas ruins? As pessoas deprimidas frequentemente acreditam que, se as coisas derem errado, algo de desastroso vai ocorrer. Se o dia começa mal, por exemplo, só pode ficar pior. Essas idéias podem atuar como profecias auto-realizadoras. Mas qual é, de fato, a probabilidade de que aquilo que espera aconteça? O que pode fazer para mudar o rumo dos acontecimentos?
 
Pensamentos automáticos                                         Respostas possíveis

Não terminei meu trabalho hoje. Serei                       Qual foi a última vez  que  alguém  foi

despedido.                                                                  despedido da empresa por não ter ter-

                                                                                   minado o  trabalho? É   perfeitamente

                                                                                   normal não acabar a   tempo, quando

                                                                                   todos temos de trabalhar sob tamanha

                                                                                   pressão. Se meu chefe fizer algum co-

                                                                                    mentário, posso expor-lhe a situação.

17.Estou exagerando a importância dos eventos? Que diferença um determinado evento faz em sua vida? O que pensará a respeito dele em uma semana, um mês, um ano, dez anos? Alguém mais se lembrará do que aconteceu? E você? Se o fizer, sentirá o mesmo que sente hoje? É bem provável que não.


Pensamentos automáticos                                          Respostas possíveis

Fiz papel de bobo ontem. Nunca mais                        Não faça tempestade em copo d’água.

vou conseguir encará-los.                                           A  maioria  das  pessoas nem mesmo

                                                                                   notou, e acho que  quem  notou  não

                                                                                   deu importância alguma ao fato - es-

                                                                                   tavam todos muito ocupados pensan-

                                                                                   do em si mesmos. Se isso tivesse a-

                                                                                   contecido num momento em que vo-

                                                                                   cê não estivesse deprimido, teria da-

                                                                                   do  boas  risadas. Certamente, daria

                                                                                   uma boa história.
 

18. Estou preocupado com o modo como as coisas deveriam ser, em vez de aceitá-las lidar com elas como são? Está permitindo que o que acontece no mundo em termos gerais alimente sua depressão? Dizendo a si mesmo que a vida não é justa, e que as pessoas são estúpidas? É lamentável que haja tanto sofrimento no mundo, e você pode tomar algumas atitudes para mudar o rumo das coisas. Entrar em depressão, porém, não vai ajudar em nada.
 

Pensamentos automáticos                                           Respostas possíveis

Aquele programa de televisão  sobre                           As coisas são como são, e querer que 

pessoas idosas era terrivelmente per-                          sejam diferentes é tão absurdo quan -

turbador. A vida é tão cruel. Não de -                           to querer ter dois metros de altura. O

veria ser assim.                                                            fato é que não tenho. Ficar deprimido

                                                                                     por esse motivo não vai melhorar   a

                                                                                     situação. Por   que   não   programar

                                                                                     uma visita ao asilo que fica logo ali?

                                                                                     Isso, pelo menos, é algo  que  posso

                                                                                     fazer.
 

19. Estou pressupondo que não posso fazer nada para mudar minha situação? O pessimismo sobre as possibilidades de mudar as coisas é central à depressão. Faz com que se queira desistir antes mesmo de começar. Mas você só saberá que não há nenhuma solução para o seu problema depois de tentar. Seu modo de pensar está ajudando a resolver o problema? Ou está fazendo com que recuse possíveis soluções sem mesmo fazer uma tentativa?



Pensamentos automáticos                                            Respostas possíveis

É inútil. Não vou saber como resolver                           Se disser isso a mim mesmo, certa -

isso.                                                                               mente não vou conseguir. É melhor

                                                                                      sentar e imaginar o que preciso fa  -

                                                                                      zer, passo a passo. Mesmo que al -

                                                                                      gumas de minhas soluções não pos-

                                                                                      sam funcionar agora. Posso desco -

                                                                                      brir o que deu errado, e então tentar

                                                                                      resolver.


20. Estou prevendo o futuro em vez de testar suas diversas possibilidades? O fato de ter agido de uma determinada maneira no passado não significa que tenha de agir da mesma maneira no futuro. Se previr o futuro, em vez de tentar algo diferente para ver o que acontece, estará anulando a possibilidade de mudança. A mudança pode ser difícil, mas em geral não é impossível.
 

Pensamentos automáticos                                           Respostas possíveis

Nunca conseguirei ser independente.                           O fato de nunca ter sido independen-

Nunca consegui.                                                           te não significa que nunca venha  a

                                                                                     sê-lo. Se  agir  com  independência,

                                                                                     vou sentir-me constrangido de início.

                                                                                     Se persistir, porém, tudo ficará mais

                                                                                     fácil, e  as  pessoas  me  respeitarão

                                                                                     mais. E eu também  me  respeitarei

                                                                                     mais. Ninguém respeita um capacho-

                                                                                     só pisam em cima.
 

           Terceiro passo: Tomar medidas para testar os pensamentos negativos

Argumentar contra seus pensamentos automáticos negativos pode não ser suficiente para convencê-lo de que estão incorretos. Você precisará desenvolver um conjunto de experiências que os contestem. A melhor maneira de fazer isso é agir de acordo com suas respostas racionais e descobrir por si mesmo se se ajustam aos fatos e lhe são úteis, ou se precisam ser modificadas. Tomar medidas permite que teste suas respostas no mundo real. Ajuda-o a romper com velhos hábitos de raciocínio e a fortalecer outros novos.

Testar previsões

As pessoas são como cientistas. Fazem previsões (por exemplo: “Se apertar o botão, a luz acenderá”, “Ele não gostará que o contradiga” , “Se ficar na chuva, pegarei um resfriado” ) e agem de acordo com elas. Usamos informações daquilo que acontece conosco e daquilo que fazemos, tanto para confirmar nossas previsões quanto para mudá-las.

A depressão faz com que seja difícil fazer previsões realistas ou testá-las com a mente aberta. Quando deprimidas, as pessoas fazem previsões (por exemplo: “Não serei capaz de enfrentar”, “Todos pensarão que sou um idiota”, “Se disser o que penso, serei rejeitado”) , e tendem a considerá-las como fatos, não como palpites que podem ou não estar corretos. Então fica difícil tomar distância e analisar os fatos objetivamente, ou testar a previsão na prática e verificar se ela realmente corresponde aos fatos. Que utilidade tem isso, afinal? O resultado já é uma conclusão conhecida com antecedência.

O último passo para superar os pensamentos negativos é testar aquilo que se pensa na prática. Para fazer isso, você precisa descobrir o que está prevendo, reexaminar o que precisa fazer para descobrir se seu modo negativo de pensar corresponde aos fatos.

Estes são os passos necessários para testar os pensamentos negativos:

1. Exponha sua previsão claramente (o pensamento automático negativo).

2. Reexamine os indícios existentes a favor e contra sua previsão. O que a experiência passada lhe revela quando a analisa objetivamente? Que previsão faria para outra pessoa na mesma situação?

3. Elabore um plano de ação que o ajude a constatar se suas previsões são corretas ou não.

4. Anote os resultados. Há duas possibilidades principais:

    a) Sua previsão não se confirma. Isto é, seus pensamentos negativos são contestados pela experiência. Isso demonstra através da ação (e não da simples argumentação) o quanto o pensamento deprimido pode estar equivocado. Quanto mais estiver, melhor.

     b) Sua previsão se confirma. Isto é, seu pensamento negativo é corroborado pela experiência. Não se desespere. Isso representa uma informação valiosa. Descubra o que vinha fazendo para produzir esse resultado. Pode imaginar maneiras de lidar com a situação diferentemente no futuro, para que as coisas venham a melhorar? Isso pode implicar a necessidade de adotar comportamentos diferentes para alterar a situação. Mas é evidente que algumas situações não podem ser mudadas. Mesmo assim, pode ainda ser capaz de mudar o modo como pensa sobre uma situação imutável, para que se sinta de outra forma com relação a ela. Quando decidir o que deve ser feito, elabora um novo plano de ação.

5. Tirar conclusões com base em seus resultados. O que estes lhe revelam sobre si mesmo, ou sobre a maneira como a depressão o afeta? Que regras gerais pode formular para ajudá-lo a lidar melhor com situações semelhantes no futuro?

Abaixo encontrará 2 exemplos que demonstram como testar pensamentos negativos na prática. Se houver alguma coisa que não lhe faça sentido, peça explicações ao seu terapeuta.

Exemplo 1

Colin foi convidado para uma festa. O pensamento de ir à festa deixava-o em pânico. Está convencido de que não terá nada a dizer  às pessoas, e de que não se divertirá. Isso o deprime, pois acredita que, a menos que consiga ir a festas, acabará perdendo contato com todos os seus amigos.

1. Previsão. Se eu for, não serei capaz de conversar com ninguém, e vou me aborrecer.

2. Reexame dos indícios existentes. Antes de ficar deprimido, gostava de festas. É verdade que, desde que fiquei deprimido, elas já não me dão o mesmo prazer. Ainda assim, houve uma ou duas que apreciei. Nessa  festa estarão todos os meus velhos amigos. Eles sabem como estou, e não vão esperar muito de mim. Se não for, perderei uma oportunidade de ter prazer, o que fará com que me sinta melhor se realmente der certo.

3. Plano de ação. Vá e veja o que acontece. Faça uso da distraçào com antecedência, para evitar que a ansiedade se desenvolva. Converse primeiro com as pessoas que conhece. Relaxe e ouça o que as pessoas têm a dizer.

4. Resultados. Não me diverti. Fui embora cedo. O que deu errado? Passei a noite inteira pensando em como as pessoas pareciam alegres, e dizendo a mim mesmo como as coisas eram diferentes comigo. Estava tão ocupado em pensar em mim mesmo que não consegui me concentrar em nada que estava acontecendo.

     Novo plano de ação. Da próxima vez, vou empenhar-me mais em responder aos pensamentos negativos com antecedência, e em me distrair enquanto estiver lá. Enquanto isso, vou praticar exercícios de distração todos os dias, e ver se consigo encontrar os amigos em outras situações todos os dias, e ver se consigo encontrar os amigos em outras situações, quando as coisas ficarão mais fáceis. Para começar, vou ligar para o Pete e sugerir uma partida de squash.

5. Conclusões: Minha previsão original estava correta, mas principalmente por não estar tão preocupado com pensamentos negativos. Mesmo assim, dois amigos entraram em contato comigo desde então, o que significa que uma noite ruim não vai fazer, necessariamente, com que eu perca contato com todos.

Exemplo 2

Linda já está deprimida há algum tempo. Experimentou vários medicamentos antidepressivos sem muito êxito. Recentemente, foi encaminhada à terapia cognitiva. Já participou de oito sessões, e aprendeu a identificar seus pensamentos depressivos e a encontrar alternativas mais realistas e úteis a eles. As coisas pareciam ir bem, mas nos últimos dias vem se sentindo cada vez mais deprimida. Está começando a duvidar que o tratamento dê resultados, e está com vontade de desistir. A desesperança está a levando a pensar que o suicídio talvez seja a única solução. O plano de ação a seguir foi elaborado durante uma sessão com seu terapeuta.

1. Previsão. Estou de volta à estaca zero. É inútil fazer alguma coisa - nada vai funcionar. Sempre serei assim. A única resposta é meu suicidar.

2. Reexame de indícios. É verdade que me sinto muito pior do que na semana passada. Mas não é verdade que estou de volta à estaca zero. Mesmo agora, não estou tão mal quanto da última vez que fui hospitalizada. Estou fazendo os serviços domésticos, cuidando dos meus filhos, fazendo o meu trabalho. A bem da verdade, essas atividades estão me dando alguma satisfação, o que significa que não sou um fracasso completo. Eu venho me sentindo muito mal, mas os contratempos são esperados. A decepção ao tecer comparações com relação à época em que me sentia muito melhor está agravando o problema. Lidar com meus pensamentos e sentimentos é uma nova habilidade, e levará tempo até que possa fazê-lo com facilidade o tempo inteiro. Afinal de contas, estou deprimida há 3 anos, e só estou me submetendo a este tratamento há algumas semanas. Na verdade, já consigo lidar com cerca de 75% de minha depressão, em oposição aos 25% anteriores às sessões. O suicídio não é a resposta. Os sinais de que coisas mudaram desde que comecei a terapia mostram que pode funcionar.

3. Plano de ação. Não reaja de modo exagerado - isso deve ser apenas um contratempo, nem mais, nem menos. Volte ao básico. Pleneje seu tempo cuidadosamente a fim de fazer as coisas que aprecia, e que podem lhe dar uma sensação de conquista. Mantenha-se ocupada. Se puder encontrar alternativas a seus pensamentos negativos, tanto melhor. Se não o puder, não se preocupe - será capaz de encontrá-las assim que estiver melhor. Enquanto isso, procure se distrair. E converse com Paul (marido) - você sabe o quanto isso ajuda quando o faz, em vez de guardar tudo para si mesma.

4. Resultados. Funcionou! Não de imediato, mas em alguns dias estava me sentindo bem melhor, voltando a responder meus pensamentos adequadamente e me sentindo bem menos deprimida.
 
5. Conclusões. Aceitar os contratempos como parte do processo de recuperação, e não como o fim do mundo. Continuar utilizando o que aprendi para lidar com minha depressão. Tomar cuidado com a tendência a ser dura comigo mesma quando as coisas dão errado, pois isso não ajuda em nada. Lembrar-se de que a desesperança faz parte da depressão e não reflete, necessariamente, o modo como as coisas realmente são.














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